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Entidades disputam controle do sakte nos Estados Unidos

Com a inclusão do skate na Olimpíadas de Tóquio 2024 várias disputas passaram a ocorrer, seja no âmbito internacional ou internamente em cada país, para saber qual órgão irá controlar o mais novo esporte olímpico. As disputas ocorrem porque além da organização do esporte, está em jogo muito dinheiro, frutos de verbas repassadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), comitês nacionais e patrocinadores. Em quase todos os países de maior tradição na modalidade vem ocorrendo essas disputas, inclusive no Brasil. Agora a disputa também começa a ocorrer nos Estados Unidos. Duas entidades brigam pelo direito de controlar o esporte, uma decisão que deverá ser tomada pelo Comitê Olímpico dos estados Unidos (USOC).

A disputa nos Estados Unidos envolve a USA Roller Skating (USARS), um organismo já reconhecido por gerir os esportes em rodas no país, mas que tem pouca experiência específica no skate, e a USA Skateboarding, uma organização ligada a Gary Ream, novo chefe da Comissão de skate no World Skate. Uma decisão final sobre qual entidade será reconhecida deve ser feita pelo USOC. O Grupo de Trabalho de Membros da USOC está atualmente realizando uma revisão sobre os dois órgãos e fornecerá uma recomendação ao Conselho da entidade. Apesar disso, a decisão não deverá ser apresentada ao Conselho de Administração na reunião que será realizada na sexta-feira, 13 de outubro, em Colorado Springs.

O skate foi um dos cinco novos esportes adicionados aos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 no ano passado, juntamente com beisebol e softball, caratê, escalada esportiva e surf. A disputa norte-americana, assim como a que acontece no Brasil, se assemelha bastante a que foi travada no ano passado para ver qual entidade se tornaria a entidade internacional responsável pelo esporte. Após uma prolongada série de negociações foi decidido que a Federação Internacional de Esportes em rodas (FIRS) seria o órgão governamental mundial a comandar o esporte, ao invés de uma organização de skate específica.

Nem a Federação Internacional de Skateboarding (ISF) nem a Federação Mundial de Skateboarding (FSM) foram elegíveis para candidatar-se porque não foram reconhecidas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). O presidente da ISF, Gary Ream, foi nomeado chefe de uma Comissão na FIRS, já a FSM, liderada por Tim McFerran, abriu um processo contra os órgãos rivais depois de considerar que sua entidade havia sido cortada do processo.

O diretor de esportes do COI, Kit McConnell, elogiou a estruturação da FIRS, que foi renomeada como World Skate, como parte de um corpo que se fundiu com o ISF. McConnel em entrevista a meios de comunicação no final do mês saudou a “crescente parceria” entre as instituições. Contudo, muitas disputas continuam a nível nacional entre os grupos específicos de patinação em rodas e de skate.

No Brasil os atletas do skate prometeram boicotar as Olímpiadas caso a Confederação Brasileira de Sakate (CBSk) não seja reconhecida como o órgão oficial do esporte pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB). O COB escolheu a Confederação Brasileira de Hóquei sobre Patins (CBHp), o que irritou alguns dos principais nomes do skate, como Pedro Barros, seis vezes campeão do X Games.
Uma carta foi enviada pelo COI a todos os Comités Olímpicos Nacionais no dia 11 de agosto de 2016, solicitando que estes reconhecessem todos os organismos nacionais afiliados às respectivas Federações Nacionais para os cinco novos esportes. Entretanto acrescentou que "no caso do skate, uma abordagem mais específica poderia ser adotada caso a caso, para melhor refletir a realidade do esporte em cada país".

Nos Estados Unidos o USARS não têm experiência de longo prazo no skate. Mas o artigo XIV do novo estatuto do organismo que foi publicado no dia 1 de janeiro deste ano especificou pela primeira vez como o skate estava entre as 10 disciplinas que estão sob sua governança. Uma nova Comissão de Skate também foi introduzida, com o chefe da SkatePark Association International, Heidi Lemmons, listado como presidente em exercício.

McFerran, presidente da FSM, também foi listado como um "conselheiro especial" para este grupo nas atas de uma reunião do USARS datada de 29 de outubro de 2016, mas não está claro até que ponto ele está envolvido no processo. Por sua vez, a EUA Skateboarding ainda é um órgão um tanto quanto desconhecido, sem muita informação. Em um pedido oficial enviado ao USOC no início deste ano a entidade lista seu escritório principal como sendo em Woodward, na Pensilvânia. Esta é a mesma pequena cidade onde a Ream se baseia e onde a ISF está.

Nenhum funcionário foi listado na candidatura, mas Josh Friedberg, diretor executivo da ISF, foi listado como sendo "executivo-chefe dos EUA Skateboarding" ao falar na Summit Olympic SportsLink em Nova Orleans em 20 de agosto. Ter funcionários similares e entrelaçados tão de perto nas federações nacionais e internacionais levanta questões sobre governança e imparcialidade da organização.

Um artigo na Real Skate também especulou que Ream, um empreendedor e que possui o Camp Woodward, pode ter incentivos comerciais por trás do controle do esporte a nível nacional e internacional.

"Eu acredito que as supostas organizações ISF e USA Skateboarding eram entidades fantasmas, em nossa pesquisa era muito difícil obter qualquer informação sobre qualquer uma. Eu aconselhei (o executivo-chefe do USOC) Scott Blackmun e o USOC que eles precisam investigar minuciosamente o grupo com o qual eles se alinham, de modo a não se abrirem a responsabilidade e ficar com vergonha no futuro. Pessoalmente, não tenho confiança de que o grupo de Ream funcione com interesse no melhor para o skate", afirmou McFerran em entrevista ao site insidethegames.


Em meio a toda disputa, o USOC tem como maior desafio garantir que todos os principais skates norte-americanos estejam disponíveis para serem selecionados. McConnell e o COI afirmam estar confiantes de que isso acontecerá, mas as preocupações foram expressas em outro lugar de que apenas os skatistas selecionados serão convidados a disputar os eventos de qualificação. Os eventos de rua e parque serão contestados.

Foto: Street League Skatebording


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