Com a aproximação das Olimpíadas de Inverno de PyeongChang 2018
as questões envolvendo o caso do doping russo voltam à pauta das discussões. O líder
do Comitê Olímpico dos Estados Unidos (USOC), Scott Blackmun, convidou os
outros presidentes de comitês nacionais a agirem imediatamente sobre as alegações
de doping russo, faltando pouco mais de três meses para o início da competição.
Durante a assembleia do USOC na última quinta-feira,
Blackmun discursou para mais de 200 membros da comunidade olímpica
norte-americana. O dirigente do USOC afirmou que o momento de agir sobre essa
questão é agora. Ele disse que toda a situação até o momento é frustrante e
garantiu que nenhuma ação foi tomada em relação ao relatório McLaren, que agora
completa 15 meses que foi divulgado. O relatório encomendado pela Agência
Mundial Antidopagem (WADA) apontou o uso sistemático de doping pelos russos,
com o apoio do governo local, visando os Jogos Olímpicos de Inverno sediados
pela Rússia na cidade de Sochi em 2014.
Os líderes do Comitê Olímpico Internacional (COI) lançaram
duas investigações após a divulgação do relatório McLaren e esperam resultados
antes do final do ano. Apesar disso, Blackmun observou que os atletas dos Estados
Unidos estão ficando frustrados com o fato de que nenhuma medalha de Sochi
tenha sido confiscada até o momento e que nenhum atleta vinculado às Olimpíadas
de Inverno tenha sofrido alguma punição como resultado do Relatório McLaren.
"Eu acredito que o COI está investigando as descobertas
do relatório da McLaren, tanto em fervor quanto de boa fé, e acredito no COI quando
eles dizem que haverá consequências para os atores ruins. Mas, em algum
momento, a justiça demorada é a justiça negada, e estamos nos aproximando
rapidamente desse ponto", afirmou Blackmun.
Esta foi uma das declarações mais fortes que o USOC fez
sobre o escândalo de doping na Rússia, o que foi recebido com um sonoro aplauso
pela plateia. Vários atletas e líderes esportivos dos Estados Unidos expressaram
sua frustração com a demora do processo conduzido pelo COI e com o que eles interpretavam
como um pulso menos agressivo do USOC contra o tratamento da investigação feita
pelo COI.
Em uma das reuniões da assembleia de quinta-feira, líderes
esportivos ouviram de Yulia e Vitaly Stepanov, os dois primeiros russos a denunciarem
a corrupção dentro do sistema russo antidopagem. "É óbvio que é muito
bem-vinda, como você poderia dizer pelos aplausos. À medida que as vozes
globais continuam a unir e crescer para proteger os atletas limpos, ter o
compromisso de um poderoso comitê olímpico nacional e anfitrião dos Jogos de
2028, que apoiam a justiça e a reforma, pode ser uma verdadeira mudança de
jogo", disse Edwin Moses, presidente da Agência Antidopagem dos Estados
Unidos (USADA).
Enquanto Blackmun falou sobre as questões referentes ao
antidoping, o presidente do USOC, Larry Probst, também falou de forma veemente
contra a crescente lista de escândalos de corrupção do COI. Mais recentemente,
o brasileiro Carlos Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), e também
líder do comitê organizador das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, foi preso
em decorrência da investigação sobre um esquema de compra de votos para levar
os Jogos para o Brasil. O COI suspendeu Nuzman, que renunciou na última semana como
chefe do COB. "Com certeza, um movimento global exige diplomacia e o
devido processo. Mas também exige uma resposta agressiva e atemporal a
comportamentos inaceitáveis", disse Probst.
Foto: AP Photo/Lee Jin-man, File
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