O Comitê Olímpico Internacional (COI) pretende decidir até o
mês de dezembro se a Rússia participará ou não dos Jogos Olímpicos de Inverno
de PyeongChang 2018, em fevereiro. O COI tem esperado os resultados de duas
comissões cujo os trabalhos começaram há 15 meses. A entidade vem sofrendo
pressão de líderes esportivos e antidoping para que a decisão seja tomada o
mais rápido possível. Alguns países deixarão claro a sua vontade de que o veto
à Rússia siga até depois dos Jogos de Inverno.
Em um comunicado na sequência do Olympic Summit, realizado
no sábado, o COI disse que o trabalho em ambas as comissões deve ser feito a
tempo de a diretoria executiva emitir uma decisão em sua reunião de dezembro em
Lausanne. O encontro da cúpula da entidade incluiu funcionários do COI, Federações
Internacionais (IFs), Comitês Olímpicos Nacionais (NOCs), juntamente com outros
líderes desportivos e do antidoping.
Em uma declaração da cúpula, os líderes advertiram aqueles países
que estão exigindo uma punição ao país europeu antes mesmo que as
investigações, e ressaltou que o país tem o direito de que os processos legais
sejam seguidos. "A Cúpula Olímpica expressou suas fortes preocupações e
considerou inaceitável que sanções específicas já estejam sendo exigidas no
domínio público antes de que as duas comissões tenham completado o seu trabalho
e o devido processo, a que qualquer indivíduo ou organização tem direito",
afirmou a entidade.
As investigações atuais são um desdobramento do relatório
McLaren, uma investigação independente contratada pela Agência Mundial
Antidopagem (WADA), em que foi apontado um esquema grandioso de dopagem na
Rússia, com o apoio do governo local. O esquema tinha como principal objetivo
encobrir o doping de atletas durante o período das Olimpíadas de Inverno de
Sochi 2014. Foram trocadas amostras de urina contaminadas por amostras limpas
através de um buraco na parede. No relatório final, foi apontado que mais de
1.000 atletas russos estavam envolvidos no sistema patrocinado pelo estado,
entre atletas de esportes de inverno e verão.
Em resposta ao primeiro relatório McLaren, o COI criou duas
comissões em julho de 2016. Uma delas, presidida por Denis Oswald, é
encarregada de examinar casos individuais de doping, enquanto o outro, liderado
por Samuel Schmid, está examinando todo o sistema. A comissão comandada por
Oswald reanalisou todas as amostras de atletas russos em Sochi, o que incluiu
os 28 atletas nomeados no Relatório McLaren, para buscar evidências de doping,
bem como se as amostras foram manipuladas.
Em uma carta divulgada pelo COI na semana passada, Oswald
afirmou que as audiências para atletas que estão na ativa e que poderão
competir em Pyeongchang serão concluídas no final de novembro. Uma vez que
essas decisões forem anunciadas, as Federações Internacionais de cada esporte
de inverno farão audiências disciplinares.
Em sua declaração, a Cúpula Olímpica disse que as audiências
da comissão comandada por Schmid estão "em andamento" e que
"produzirá seu relatório nas próximas semanas".
O conselho executivo do COI irá se reunir entre os dias 5 e
7 de dezembro. A decisão que será tomada durante a reunião ainda não está
clara, apesar da pressão sofrida. Líderes de 17 nações que integram as
Organizações Nacionais Antidoping (NADO), incluindo a Agência Antidopagem dos
Estados Unidos (USADA), pediram a proibição da Rússia no mês passado. Os
líderes da NADO pediram autorização para que os russos que demonstrem estarem
limpos por meio de seus registros antidoping possam competir como atletas
neutros.
No ano passado a WADA estava entre as entidades que pediam
que a Rússia fosse banida das Olimpíadas do Rio 2016, logo após o lançamento do
primeiro relatório McLaren. Entretanto o COI não acatou recomendação, deixando
a decisão de banir os russos ou não para cada Federação Internacional
especificamente. Essas decisões foram revisadas por um especialista da Corte
Arbitral do Esporte (CAS). 271 atletas russos acabaram competindo na Rio 206. Na
contramão, o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) proibiu inteiramente a
participação dos atletas do país.
Foto: Patrick Semansky/AP
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