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COB reformula os critérios de distribuição de recursos da Lei Agnelo/Piva para as confederações

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) reformulou os critérios para a distribuição dos recursos da Lei Agnelo/Piva às confederações em 2018. Desta vez, além de manter os Jogos Olímpicos como evento de maior importância para pontuação das entidades, com base na participação e nos resultados dos atletas, o COB diminuiu o período de análise das competições para focar nos desempenhos mais recentes. Além disso, todas as confederações de esportes olímpicos de verão terão assegurados um mesmo piso, de 50% do total do orçamento, além do valor correspondente aos critérios por meritocracia. A estimativa de arrecadação é de R$ 225 milhões, 7,1% a mais do que em 2017. O repasse às confederações - ou o investimento direto em atletas ou equipes - será de R$ 139 milhões, um aumento de 10,8%.

O planejamento, apresentado na última terça-feira (17.10) a representantes do Ministério do Esporte e da Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados, foi divulgado pela entidade nesta terça-feira (24). "No ano passado, aplicamos dez critérios para a distribuição de verbas para as confederações em 2017. Neste ano, fizemos um novo estudo dos critérios, considerando as características próprias de cada confederação", explica Adriana Behar, gerente geral de Planejamento e Relacionamento com as Confederações.

"Foram reavaliados e ajustados os critérios usados em 2017, com um alinhamento com os pilares do mapa estratégico do COB: melhorar os resultados esportivos, maturidade em gestão e imagem do esporte olímpico brasileiro", pondera Adriana. Dessa maneira, e com o objetivo de valorizar as competições mais recentes, o Comitê alterou, por exemplo, a quantidade de competições analisadas. Até então, eram válidas como critérios as três últimas edições dos Jogos Olímpicos. Agora, valem apenas as edições de Londres-2012 e do Rio-2016. "Consideramos que os resultados mais atuais são os que terão melhores possibilidades de resultados futuros", justifica.

"O mais importante desse processo é a gente abrir para que as pessoas saibam como foi feito, qual a base utilizada para chegar a esses critérios. É uma base matemática, estudada, com critérios técnicos, estatísticas, com valores e pesos para cada um", destaca o ex-atleta olímpico e diretor executivo de Esportes do COB, Agberto Guimarães.

O megaevento continua valendo como parâmetro para cinco entre os 11 critérios de pontuação, mas, individualmente, a competição de maior peso será o último Mundial Adulto. O Comitê ainda avaliará as confederações pelo incentivo ao desenvolvimento de jovens, por meio de mundiais da categoria sub-21, e pela eficiência na prestação de contas.

"Vamos indicar o caminho para a confederação seguir. Se ela não tem possibilidade de resultados agora, que foque o investimento na base. Se não tem prestação de contas, que entenda a importância disso", explica a gerente geral. Assim, os 11 novos critérios para a distribuição dos recursos da lei são:
  • Ser medalhista na última edição de Jogos Olímpicos (com pontuações diferenciadas para ouro, prata e bronze)
  • Ser multimedalhista na última edição dos Jogos Olímpicos (com pontuações diferenciadas para duas, três, quatro ou mais medalhas)
  • Ser medalhista na penúltima edição dos Jogos Olímpicos (com pontuações diferenciadas para ouro, prata e bronze)
  • Ser Top 8 nas duas últimas edições dos Jogos Olímpicos (com pontuações diferenciadas para Top 8 nas duas últimas edições, só na última ou só na penúltima)
  • Número de eventos (ou provas olímpicas) com participação brasileira na última edição dos Jogos Olímpicos (diferencia confederações com participação em até 6 eventos, entre 7 e 22 eventos e em 23 ou mais eventos)
  • Ser medalhista no último Mundial Adulto (apenas em provas olímpicas, e com pontuações diferenciadas para ouro, prata e bronze)
  • Ser Top 8 em Mundial Adulto nos últimos quatro anos (apenas em provas olímpicas)
  • Ser medalhista no último Mundial sub-21 (ou de idade imediatamente inferior, caso não exista, e apenas em provas olímpicas. Pontuações diferenciadas para ouro, prata e bronze)
  • Ser Top 8 no último Mundial sub-21 (ou de idade imediatamente inferior, caso não exista, e apenas em provas olímpicas)
  • Ser medalhista na última edição dos Jogos Pan-Americanos
  • Prestação de contas pela confederação
O peso dos critérios foi analisado considerando em quanto cada um contribuirá com os objetivos de melhorar os resultados esportivos do Brasil e de elevar a maturidade em gestão das confederações esportivas. "A gente entende que uma confederação bem estruturada, com condições de montar e executar um planejamento, tem mais condições de atingir resultado", avalia Adriana Behar.

"Tem que ter mérito para receber ajuda. O atleta é medido o tempo todo dessa forma, ele recebe a medalha como mérito do resultado dele, de anos e anos de trabalho. Aqui queremos fazer a mesma coisa. Quando a gente prestigia mais uma confederação ou outra, significa que quem ganhou um pouco mais é porque teve mais mérito técnico ou de gestão, mais planejamento. A gente quer incentivar as pessoas a trabalhar por qualidade", completa Guimarães.

Piso para todos
Os 11 critérios serão determinantes para a distribuição de 50% do orçamento às entidades, com base na meritocracia. A outra metade será equivalente a um piso, calculado de maneira a garantir às confederações as entregas consideradas mínimas ao funcionamento da entidade: a realização de campeonato brasileiro e a participação na competição internacional mais importante do ano. Todas as confederações de esportes do programa olímpico de verão receberão o mesmo valor de piso e serão avaliadas com pontos dentro dos critérios de mérito.

Já os esportes do programa olímpico de inverno e as novas modalidades (caratê, escalada, surfe, skate, beisebol/softbol) que integrarão os Jogos de Tóquio, em 2020, terão direito a metade do valor do piso repassado aos esportes de verão. As confederações das novas modalidades ainda não serão avaliadas nos critérios de mérito neste ano.

Para o secretário nacional de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Rogério Sampaio, o planejamento apresentado pelo COB mostrou que existe uma preocupação com o desempenho dos atletas a longo prazo. "É importante ver que a distribuição dos recursos da Lei Agnelo/Piva é feita por meritocracia e também entendendo que toda confederação precisa de um valor mínimo para sobreviver e fazer seu trabalho de desenvolvimento. Também é importante enxergar que o trabalho não é de curto prazo, ou seja, somente olhando para os Jogos Olímpicos de Tóquio, mas de médio e longo prazos", aponta.

"O que a gente busca com tudo isso é fazer com que os atletas tenham mais atenção, melhores condições de treinamento e competição, e que o resultado venha do trabalho e do esforço deles, e deixar toda essa parte burocrática para a gente fazer. Eles não podem sentir isso", argumenta Agberto Guimarães. "Quanto mais nós trabalharmos a questão da gestão, da governança e do planejamento, melhor será o atendimento que daremos a eles na área de competição e treinamento", acredita.

Vice-presidente da Comissão de Atletas do COB, a medalhista olímpica Yane Marques aprovou os novos critérios. "Eles nos parecem bem justos. Acho que a gente realmente tem que tratar cada confederação com suas individualidades, diferenças e realidades", comenta. "O esporte no Brasil vive uma nova era. Que seja boa e colha muitos frutos daqui para a frente", deseja.

A partir do dia 31, serão realizadas reuniões para aprovação do plano de trabalho de 2018 com cada confederação. "Demos o primeiro passo com uma demonstração prática de que o COB está abrindo esses critérios para todos indistintamente. Queremos dar publicidade e transparência ao que está sendo feito", afirma o presidente do Comitê, Paulo Wanderley Teixeira, que assumiu o posto no último dia 11.

Arrecadação das confederações brasileiras:
- Atletismo: R$ 4.346.259,76
- Badminton: R$ 2.259.105,75
- Basquetebol: R$ 2.072.438,71
- Beisebol/Softbol: R$ 719.696,97
- Boxe: R$ 3.718.625,63
- Canoagem: R$ 4.013.505,46
- Ciclismo: R$ 2.348.381,30
- Desportos Aquáticos: R$ 3.791.669,26
- Desportos na Neve: R$ 1.598.925,81
- Desportos no Gelo: R$ 1.341.920,46
- Escalada: R$ 719.696,97
- Esgrima: R$ 2.391.666,41
- Ginástica: R$ 4.213.699,10
- Golfe: R$ 2.307.801,50
- Handebol: R$ 2.567.512,18
- Hipismo: R$ 2.651.377,08
- Hóquei sobre Grama: R$ 2.165.772,23
- Judô: R$ 6.248.099,37
- Karatê: R$ 719.696,97
- Levantamento de Peso: R$ 3.065.290,97
- Pentatlo Moderno: R$ 2.786.643,06
- Remo: R$ 2.192.825,42
- Rugby: R$ 2.229.347,24
- Skate: R$ 719.696,97
- Surf: R$ 719.696,97
- Taekwondo: R$ 2.697.367,51
- Tênis: R$ 2.733.889,33
- Tênis de Mesa: R$ 2.305.096,18
- Tiro com Arco: R$ 2.510.700,47
- Tiro Esportivo: R$ 3.136.981,93
- Triatlo: R$ 2.156.303,61
- Vela: R$ 4.835.922,59
- Voleibol: R$ 6.264.331,29
- Wrestling: R$ 2.851.570,72
- Time Brasil Propostos 2020*: R$ 3.598.484,85
*Prioridade para aplicação nos esportes propostos para Tóquio 2020

Foto: Brasil 2016/Roberto Castro


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