Montreal recebeu na quarta-feira, 4 de setembro, o
terceiro dia de disputas do Campeonato Mundial de Ginástica Artística. Foram
disputadas as três últimas subdivisões das classificatórias femininas, que
contou com a participação das favoritas norte-americanas, além de Japão,
Alemanha, Itália, Romênia, China, Holanda e a brasileira Thaís Fidelis. O dia
foi marcado pelas notas mais altas da competição e também pela lesão de uma das
grandes favoritas da competição, a romena Larisa Iordache. Com um bom
desempenho na última subdivisão, Thais Fidélis garantiu duas finais para o
Brasil, uma no solo e a outra no individual geral.
O dia começou com as disputas da terceira subdivisão, com a
presença da Romênia e da Holanda. Logo no aquecimento para o solo, o primeiro
aparelho disputado pela tradicional equipe romena, Larisa Iodache, uma das
favoritas no individual geral, na trave e no solo, acabou sofrendo uma séria
lesão e acabou abandonando a disputa. Mais tarde foi informado que ela rompeu o
tendão de Aquiles e precisará passar por uma cirurgia. Com a lesão de Iordache
coube a experiente Catalina Ponor e a jovem Iona Crisan tentar manter a tradição
do país de Nadia Comaneci, avançando para as finais. Entretanto, a missão falhou.
Inscrita nas provas de solo e trave, Ponor teve um
desempenho ruim naquele que pode ter sido o seu último mundial. A campeã
olímpica do individual geral, trave e solo em 2004 se apresentou primeiramente
no solo. Com uma boa apresentação, mas distante do necessário para se
classificar para a final, Ponor somou 13.266 e terminou em 14º lugar. Na trave
a romena chegou como uma das favoritas, mas com uma queda já na entrada e um
grande desequilíbrio no decorrer da série, Ponor conseguiu 12.233, quase um
ponto a menos do necessário para avançar. Iona Crisan disputou todos os
aparelhos, mas teve participação modesta, com quedas na trave e problemas em
sua série de barras assimétricas. Ela ficou longe de todas as finais por
aparelhos e terminou apenas em 27º no individual geral, ficando de fora das 24
que avançam para a final.
Já a Holanda contava com a presença da campeã olímpica da
trave Sanne Wavers e com Eythora Thorsdottir, com boas possibilidades de
avançar para as finais de trave e no solo, mas a equipe também teve
participação discreta e não conseguiram alcançar o objetivo. Na trave,
principal aparelho da equipe, Sanne fez uma prova mais simples e mesmo tendo
uma nota de execução razoável, somou apenas 17.733 e ficou em 14º lugar. Já
Eythora conseguiu um décimo a mais que sua companheira de time, mas acabou em
13º lugar. No solo, onde são consideradas uma das equipes mais artísticas do
mundo na atualidade, as ginastas também não conseguiram se destacar. Eythora,
finalista olímpica no aparelho, terminou apenas na 18° posição, com a nota de
13.033.
A partir da quarta subdivisão os juízes começaram a soltar
notas maiores, o que acabou ajudando as equipes que vieram na sequência. Nesta subdivisão
estiveram presentes as equipes da Alemanha, da França e da Itália. As italianas
confirmaram o status de potência no solo, e a exemplo das Olimpíadas do Rio de
Janeiro, conseguiram colocar duas atletas na final do aparelho. Vanessa
Ferrari, com 13.600, e Lara Mori, com 13.500, ficaram em sétimo e oitavo lugar ao
final do dia e conseguiram as últimas duas vagas para a final. No individual
geral, Lara Mori somou 51.957 nos quatro aparelhos e avançou para a final em 19º
lugar.
As alemãs foram o destaque na prova de trave conseguindo
duas vagas para a final. A melhor nota do aparelho no final do dia foi de Tabea
Alt, com 13.533. Sua companheira de equipe Pauline Schaefer foi terceira
colocada com 13.433. Na prova de barras assimétricas, talvez o principal
aparelho da equipe alemã e que rendeu uma medalha de bronze para o país no Rio
de Janeiro no ano passado, Elisabeth Seitz se classificou para a final com a
sexta melhor nota ao conseguir 14.700. A equipe alemã ainda conseguiu colocar
duas atletas na final do individual geral, com Tabea Alt avançando em 12° e
Elisabeth Seitz em 18°.
A França teve como destaque Melanie de Jesus dos Santos, que
se classificou para a final do individual geral em 4° lugar com a nota de
55.299. A francesa, que tem ascendência portuguesa, ficou muito próxima das
finais de trave e barras paralelas. Marine Boyer, que foi quarta colocada na
trave nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, acabou caindo no aparelho, o que custou
sua classificação. Outra esperança de final para as francesas era Coline
Devillard, campeã europeia em 2017 na prova de salto, mas que acabou na modesta
15ª posição, bem longe da final.
A última subdivisão prometia ser a com o nível mais elevado,
contando com a participação da brasileira Thaís Fidelis e das equipes dos
Estados Unidos, China e Japão. A expectativa se confirmou e acabou sendo a
subdivisão que mais cedeu finalistas no mundial.
Thais Fidélis tinha uma grande responsabilidade quando subiu
nas barras assimétricas, o primeiro aparelho em que competiu. Thais, de apenas
16 anos, estreava em mundiais e seria a única representante do país na competição
após a lesão de Rebeca Andrade no domingo, que acabou ocasionando o corte da
ginasta. E já nas barras assimétricas, em teoria o pior aparelho de Thais, a
ginasta mostrou tranquilidade e tirou 13.2. Apesar da nota ser distante das
maiores do aparelho na competição, foi a maior nota de Thais no aparelho em
competições internacionais. Em seguida Thais foi para a trave, uma de suas
especialidades e onde poderá conseguir uma medalha. Após acertar o Arabian, momento mais complicado de sua série, Thais acabou caindo na sequência seguinte
e ficou longe da final do aparelho.
Mostrando tranquilidade, Thais foi para o solo, outra de
suas especialidades, e conseguiu a ótimo nota de 13.733 que lhe assegurou o
sexto lugar no aparelho, classificação assegurada para a final que será
disputada no próximo domingo. Thais conseguiu ainda o 19º lugar no individual
geral, também se classificando para a final.
As favoritas norte-americanas competiram com uma equipe
completamente diferente da equipe olímpica do ano passado, mas nem por isso
entraram no ginásio com menos favoritismo. O destaque foi Ragan Smith, que se
classificou em segundo lugar para a final do individual geral com a nota de
55.932. Ragan ainda conseguiu final na prova de solo com a maior nota da
competição, 14.433. A ginasta era ainda a favorita na trave, mas uma queda
acabou tirando suas chances de avançar para a final. Jade Carey conseguiu vaga
nas finais de salto, com a segunda nota, e na final de solo, com a terceira
nota. Carey chegou a Montreal como uma das grandes favoritas nos dois
aparelhos.
Morgan Hurd, que entrou na equipe após a lesão de uma companheira,
se classificou para a final de trave com a segunda maior nota, 13.500. Hurd foi
ainda a sexta colocada no individual geral com 14.100, mesmo com uma queda no
solo. A outra americana que compôs a equipe, Ashton Locklear, avançou para a
final de barras assimétricas com a sexta nota.
Talvez o Japão possa ser apontado como a maior surpresa do
campeonato até aqui. Já se preparando para receber as Olimpíadas de 2020, o
país mostrou que virá forte no ciclo e brigará por pódios em quase todas as provas.
Grande destaque para Mai Murakami, que mostrando segurança, assegurou o
primeiro lugar no individual geral ao somar 55.933. Murakami ainda se classificou
para a final de solo em segundo lugar, para a final de salto em sexto lugar e
para a final de trave em oitavo lugar. Asuka Teramoto foi a quinta colocada na
trave com 13.333 e Aiko Sugihara a nona classificada para a final do individual
geral. Apesar das boas atuações, uma das favoritas na prova de solo, Sae
Miyakawa acabou não conseguindo avançar para a final.
Com exceção da prova de solo, a China conseguiu classificar
uma atleta para todas as finais. No salto Yan Wang foi a quinta colocada com
média de 14.550 nos dois saltos. Nas assimétricas a finalista é Yilin Fan, uma
das favoritas da prova e que avançou em terceiro lugar ao somar 15.000, atrás
apenas de duas russas. Na prova de trave a China conta com uma das favoritas no
aparelho, mas que por pouco não ficou de fora. Liu TingTing conseguiu 13.233 e
se classificou em sétimo lugar. No individual geral Yan Wang foi a 16ª colocada
e também avançou para a final.
A subdivisão também contou com a experiente Oksana
Chusovitina, recordista de participações olímpicas e mundiais, que conseguiu se
classificar para mais uma final de salto em sua carreira. A atleta de 42 anos
foi a oitava colocada no salto com média de 13.349.
Foto: Divulgação/CBG
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