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Relatório confirma ida de Carlos Nuzman à Nigéria, onde ele teria pago propina para a escolha do Rio

Documento do Itamaraty confirma a ida do presidente da COB, Carlos Artur Nuzman, à Nigéria em julho de 2009, local e data em que o cartola teria feito ponte para o pagamento de propina, segundo a investigação de autoridades da França e do Brasil.

De acordo com documentos obtidos pelo jornal 'A Folha de S.Paulo' com base na Lei de Acesso à Informação, a campanha brasileira desembarcou em Abuja no dia 5 de julho com o então ministro Orlando Silva (Esporte), Pelé, Robson Caetano e o presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman.

O nome do ex-secretário municipal Ruy Cézar, citado como operador do pagamento das propinas, não é mencionado. Contudo, era comum que diplomatas se referissem apenas às autoridades federais em seus despachos.

Em depoimento aos procuradores franceses, Eric Maleson, ex-presidente da CBDG (Confederação Brasileira de Desportos no Gelo) afirmou que meses após a viagem à Nigéria "Ruy César lhe tinha indicado que o encontro tinha se passado bem e lhe tinha feito compreender que o dinheiro tinha sido pago".

A campanha que escolheu o Rio como sede da Olimpíada está sob suspeita de pagamento de propina de US$ 2 milhões (R$ 6,6 milhões em valores atualizados) a Lamine Diack, membro do COI entre 1999 e 2013. Nuzman é apontado como o elo por fazer a ponte entre os dirigentes esportivos e o esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral.

Este pagamento ocorreu na última semana de setembro de 2009, às vésperas da eleição no COI, em 2 de outubro.A procuradora Fabiana Schneider afirmou que só há provas de pagamento a Diack. Ela disse que o senegalês tinha ascendência sobre outros dirigentes africanos, o que poderia determinar o voto de mais membros do COI.

Os dirigentes dos comitês de campanha do Rio, Madri, Tóquio e Chicago costumavam aproveitar encontros continentais para abordar potenciais eleitores e fazer apresentações das candidaturas.

Diplomatas brasileiros por vezes acompanhavam as abordagens nacionais, mantinham contato direto com alguns dos eleitores e relatavam suas impressões à CGCE (Coordenaçao-Geral de Cooperação Esportiva), órgão do Itamaraty encarregado de coordenar o esforço diplomático pela então cidade-candidata.

Nos dias 6 e 7 de julho, Abuja, capital nigeriana, sediou a 13ª reunião da Associação dos Comitês Olímpicos Nacionais da África (Anoca). Pelé foi umas das estrelas da campanha diplomática. Distribuiu cinquenta bolas de futebol para crianças entre 5 e 14 anos da instituição filantrópica Edu Vision.

A defesa de Nuzman afirmou que só comentaria os fatos após ter acesso ao processo. "Toda a jornada da Olimpíada do Rio, da candidatura à cerimônia de encerramento, foi conduzida dentro da lei", disse a defesa do cartola, em nota, na terça (5).

Orlando Silva afirmou que nunca ouviu qualquer discussão sobre propina durante a campanha. "Vi as notícias com muita surpresa. Houve um esforço muito concentrado para conseguir a vitória do Rio", disse o hoje deputado federal (PC do B-SP).

A assessoria de Pelé disse que o ex-jogador "participou dos eventos como convidado, nunca em encontros formais".


foto: Divulgação/ COB
Com informações do jornal 'A Folha de S.Paulo'

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