Últimas Notícias

Comitê Olímpico dos Estados Unidos afirma que apoiará o direito de protesto de seus atletas

Um assunto vem dominando o noticiário nos Estados Unidos e provocando debates acalorados entre esportistas, políticos, celebridades e pessoas dos mais variados níveis de todo o país: o protesto durante o hino nacional norte-americano feito pelos jogadores da NFL, MLB e WNBA. Os atletas de algumas das principais ligas esportivas do país estão se ajoelhando durante a execução do hino nacional norte-americano em protesto contra as injustiças raciais existentes no país. Os gestos dos jogadores provocaram a ira no presidente Donald Trump, que vem atacando os atletas e a NFL em seu twitter e chegou a pedir que a população boicotasse os jogos da NFL.

O CEO do USOC, Scott Blackmun, foi questionado na segunda-feira durante uma coletiva de imprensa com atletas americanos que participarão dos Jogos Olímpicos de PyeongChang se a entidade apoiaria os atletas que decidissem protestar durante o hino nacional neste outono (nos Estados Unidos) e no inverno na competição pré-jogos. Blackmun afirmou que apoia o direito dos atletas americanos se manifestarem, e disse que aqueles que protestam o fazem por amar o país. Entretanto ele lembrou que todo tipo de protesto de atletas é proibido pela Carta Olímpica do COI durante os Jogos Olímpicos em áreas do COI. "Eu acho que os atletas que você vê protestando estão protestando porque amam seu país, não porque eles não amam. Nós apoiamos plenamente o direito de nossos atletas e todos os outros se expressarem. Nos Jogos Olímpicos há uma proibição de todas as formas de manifestações, políticas ou de outra forma. E isso se aplica, independentemente do lado da questão que você está tomando, não importa de onde você é. Mas certamente reconhecemos a importância de os atletas poderem se expressar ", disse Blackmun.

Blackmoon relembrou ainda a saudação de Tommie Smith e John Carlos nas Olimpíadas da Cidade do México de 1968, com os punhos erguidos, uma referência ao partido dos Panteras Negras, que culminou com a expulsão dos dois atletas. No ano passado o USOC homenageou Smith e Carlos que visitaram a Casa Branca juntamente com a equipe olímpica do Rio de Janeiro. "Esse foi um momento seminal não só para o Movimento Olímpico, mas para a equipe olímpica dos Estados Unidos”, disse Blackmun sobre o gesto dos atletas no pódio. “Nossa posição foi bem clara. Certamente reconheceremos os direitos dos atletas de se expressarem", afirmou o CEO.

Os atletas olímpicos que participaram da coletiva também foram perguntados sobre o assunto. Para a esquiadora Julia Mancuso, quatro vezes olímpica, a liberdade de expressão de seus cidadãos sempre foi motivo de orgulho para os Estados Unidos. Apesar disso, para ela as Olimpíadas é um momento especial e diferentemente da NFL que acontece todo ano e por vários finais de semana, ela gosta de pensar em todos como patriotas. "Uma das partes mais orgulhosas de ser um americano é a capacidade de liberdade de expressão. Eu realmente olho para os atletas que defendem o que eles acreditam. Eu realmente acredito nos atletas que competem pela equipe dos EUA, quando se trata das Olimpíadas, eu gosto de pensar que é um evento especial. Não é como a NFL ou outras equipes esportivas profissionais que competem todos os fins de semana. Para nós é de quatro em quatro anos. Tenho orgulho de atletas que defendem o que eles acreditam, mas eu gosto de pensar em todos nós como patriotas", disse Mancuso.

Aja Evans, medalhista de bronze olímpica em 2014, a irmã do ex-tackle defensivo da NFL, Fred Evans, disse que não seguiria a liderança dos jogadores de futebol americano. "Eu homenageio e elogio qualquer pessoa que faça isso. Minha maneira de mostrar minha posição vai ser uma influência positiva para minha cidade, para o meu país. Eu estou representando o time Estados Unidos da melhor maneira possível", afirmou Evans.

Os jogadores de hóquei no gelo da NCAA Troy Terry e Jordan Greenway, que se tornarão atletas olímpicos com a ausência dos jogadores da NHL, disseram que não se imaginam dobrando um joelho durante a execução do "Star-Spangled Banner" (“A Bandeira Estrelada”, hino americano). "Eu sempre defendi o hino nacional. Eu sempre vou", disse Greenway.

Os medalhistas olímpicos de esqui de estilo livre Maddie Bowman e Gus Kenworthy disseram que planejam ignorar a tradicional visita da Casa Branca pós-olímpica da equipe dos Estados Unidos devido à atual administração presidencial. Ashley Wagner também afirmou que se tivesse de decidir isso hoje, não iria ao evento da Casa Branca.

Kenworthy afirmou ainda que ficou chocado com as falas do presidente Donald Trump, que afirmou que atletas ajoelhados durante o hino nacional não respeitavam a bandeira americana. "Essas pessoas (forças armadas e mulheres) estão lutando pela liberdade de expressar suas crenças. Sinto-me orgulhoso de ser de um país onde temos o direito de ser gentil em dizer o que sentimos. Eu sinto que as pessoas ajoelhadas antes de um jogo são realmente bastante admiráveis”, garantiu.


Kenworthy não descartou uma manifestação pessoal nas Olimpíadas, se ele vier a se classificar novamente. Entretanto, isso poderia fazer com que o atleta perdesse uma possível medalha conquistada. "Eu acho que há uma maneira de fazer as coisas de uma forma que não vai se sabotar. Você pode defender algo sem se jogar debaixo do ônibus", assegurou.

Foto: Kyle Terada/Reuters


0 Comentários

.

APOIE O SURTO OLÍMPICO EM PARIS 2024

Sabia que você pode ajudar a enviar duas correspondentes do Surto Olímpico para cobrir os Jogos Olímpicos de Paris 2024? Faça um pix para surtoolimpico@gmail.com ou contribua com a nossa vaquinha pelo link : https://www.kickante.com.br/crowdfunding/ajude-o-surto-olimpico-a-ir-para-os-jogos-de-paris e nos ajude a levar as jornalistas Natália Oliveira e Laura Leme para cobrir os Jogos in loco!

Composto por cinco editores e sete colaboradores, o Surto Olímpico trabalha desde 2011 para ser uma referência ao público dos esportes olímpicos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Apoie nosso trabalho! Contribua para a cobertura jornalística esportiva independente!

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar