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Coluna Lógos Olympikus - O que o judô alavanca, é enterrado pelo basquete

Por Juvenal Dias

Neste domingo foi encerrado o Mundial de Judô, realizado em Budapeste. Este torneio trouxe ótimos resultados para a equipe brasileira e deve servir de motivação para o prosseguimento do ciclo olímpico. Esta modalidade continua trilhando um caminho correto de investimentos e resultados, diferentemente do basquete que, na contramão, vai cada vez mais se afundando e acumulando fracassos.

Não é de hoje que a arte marcial do caminho suave vem mostrando excelência em termos de conquistas e é uma daquelas modalidades na qual o brasileiro pode se orgulhar. Claro que vencer campeonatos importantes é sempre um fator motivacional para o surgimento de novos talentos, mas a manutenção de atletas de elite e a visualização de trabalhos em longo prazo, com campeonatos internos de nível elevado e a presença de ícones, faz com que aumente o interesse pela modalidade. Hoje facilmente é possível identificar diversas academias nos grandes centros que têm o judô como carro-chefe de suas atividades. Isso é um espiral de boas atitudes, uma vez que mais gente praticando, mais cidadãos de caráter são formados e maior a competitividade nos torneios, ou seja, maior é o esforço que os atletas de ponta têm que fazer para se manter no topo, já que uma nova geração talentosa vem para “tomar” seu lugar. Podemos ainda não estar no mesmo patamar do Japão, muito por eles serem os criadores e por haver um investimento sério lá, é uma questão até de honra, visando principalmente os Jogos daqui três anos, mas temos o respeito mundial. 

Preciso enaltecer aqui o fato de surgir a primeira bicampeã mundial, Mayra Aguiar. Não é fácil ser a melhor do mundo uma vez, que dirá duas. No entanto o trabalho deve continuar, já que, em 2018, vem uma nova edição e a gaúcha tem totais condições de manter a soberania na categoria que luta. Ressaltar também o trabalho masculino nos peso pesados, fazer segundo e terceiro com David Moura e Rafael Silva é dizer que somos os melhores do planeta dos acima de 100 kg, já que o francês Tedy Riner não deve ser deste mundo, simplesmente maior vencedor de mundiais e Olimpíadas, ganhador incontestável e imbatível. E o que dizer de Érika Miranda e suas quatro medalhas em quatro mundiais seguidos? Mostra o quanto o judô feminino é forte. Alguns resultados não vieram, mas é parte da disputa. O mais importante é que estamos no mesmo degrau de França e Mongólia, que são consideradas segunda e terceira potências. Só para dimensionar isso que estou trazendo, no ano, o Brasil é o segundo no quadro geral de medalhas de todas as competições, Japão tem 53 ouros, 23 pratas e 26 bronzes, depois vem os brasileiros com 39 ouros, 18 pratas e 27 bronzes, a França completa os três primeiros com 30 ouros, 27 pratas e 49 bronzes.

Por outro lado, não é de hoje que o país vem sendo motivo de chacota no basquete. Impressiona a quantidade de péssimos resultados acumulados nos últimos tempos. Essas duas recentes competições, que trouxeram a não-classificação do time feminino para o Mundial, fato que não ocorria a mais de meio século, e do time masculino para o Pan-Americano trazem à tona a velha discussão do rumo que o esporte está tomando. Por que não temos mais atletas competitivos? Por que os principais nomes não se prontificam a defender a Seleção masculina, só se preocupam em jogar na NBA e mesmo assim são reservas de seus times, muitas vezes tendo uma média de atuação de menos de cinco minutos por jogo? Por que não conseguimos criar uma liga nacional forte para as mulheres e há cada vez menos interesse em formar jovens atletas por parte das moças? O que falta para dirigentes da CBB enxergar que já foi ultrapassado o fim do poço e é preciso uma guinada? Falta apoio? Tenho minhas dúvidas, uma vez que há transmissão por parte tanto de canal de televisão aberta como de fechada, então há interesse que marcas sejam divulgadas. Há clubes de futebol que continuam investindo para manter elencos. Faltam técnicos estrangeiros para trazerem mais variedades de jogadas e mudar mentalidade dos atletas em termos defensivos? Falta treinamento de fundamentos? Falta interesse do público? Faltam quadras para se praticar? Sinceramente, são respostas que eu não consigo chegar a um veredicto de como um esporte, que já foi tão vitorioso com campeonatos mundiais nas décadas de 50 e 60 e com a geração “Oscar” do final dos anos 80 e começo dos anos 90 no masculino e com aquele time de Magic Paula, Hortência e cia. no feminino, possa ter se afundado tanto.

foto: Montagem com imagens de CBJ e CBB

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