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COI e WADA trabalham em exame antidoping inovador para as Olimpíadas de 2020

O combate ao doping é uma das disputas mais difíceis de serem vencidas no mundo do esporte. A cada ano as técnicas para burlar os exames de dopagem são aprimoradas, novas drogas são lançadas e o esporte limpo perde cada vez mais. Tentando dar um passo a frente e pensando em detecções de doping futuras, a Agência Mundial Antidopagem (WADA) e o Comitê Olímpico Internacional (COI) pretende lançar para Tóquio 2020 um novo exame para detectar medicamentos proibidos, marcando o maior avanço na luta contra o doping nos últimos anos.

O novo teste identificará os genes no sangue que são marcados quando um atleta utilizar medicamentos proibidos, podendo ser encontrado a presença da substância semas depois de ter sido consumida. Para que que o exame seja testado e desenvolvido corretamente, o COI e a WADA concederam um aporte de 540 mil libras para a Universidade de Brighton. De acordo com os pesquisadores, o próximo passo a ser desenvolvido será a identificação dos mesmos marcadores na saliva dos atletas. A professora Yannis Pitsiladis, que dirige o grupo de pesquisa se mostrou confiante no desenvolvimento do método e na possibilidade que ele esteja pronto para as Olimpíadas de 2020.

Atualmente fazem parte do sistema antidopagem exames de urina e de sangue, que buscam vestígios de drogas proibidas no sangue. Entretanto, o teste que se mostra mais eficiente no combate ao doping é o passaporte biológico, onde os atletas têm seus níveis de células sanguíneas monitoradas ao longo do tempo, medindo assim as mudanças suspeitas que possam vir a acontecer. Já o novo exame buscará uma espécie de marcador deixado pelas drogas no organismo dos atletas. Ao consumir medicamentos como a eritropoietina (EPO) e esteroides, o organismo produz microRNAs, uma espécie de marcador genético, tornando possível a detecção de tais substâncias mesmo que se tenha passado semanas ou mesmo meses desde o seu consumo.

O diretor de ciências da WADA, Olivier Rabin, contou que a entidade já estava financiando diversos estudos e projetos para a detecção de doping através da saliva. Em entrevista ao The Times, Olivier contou que o projeto da equipe de Pitsiladis também funcionará como uma alternativa aos tradicionais exames de sangue e urina. "Este projeto combina o interesse no RNA como fonte de biomarcadores e aplicando a saliva como uma possível matriz alternativa para urina e sangue", afirmou Olivier.

Um problema que poderia surgir com o novo método é a possibilidade de confundir os marcadores genéticos de quem fez treinamento em altitude com o os de quem realmente consumiu substâncias proibidas. Entretanto, os pesquisadores afirmam que os marcadores dessas substâncias são bem diferentes dos produzidos por um atleta em treinamento na altitude. As pesquisas buscam garantir que nenhum exame possa vir a ser considerado como “falso positivo”, quando um teste dá positivo mesmo com o atleta não tendo consumido nada ilícito, causado justamente pelo treinamento na altitude. "Acabei de fazer um grande estudo levando atletas da Cidade do Cabo para a Etiópia para que possamos garantir que, se houver uma sobreposição nos marcadores, só verificarmos os produzidos pela EPO", assegurou.

A pesquisadora contou ainda que seria mais fácil monitorar esses marcadores através do sangue, uma vez que a saliva poderia estar contaminada por alimentos ou bactérias, mas que o teste com a saliva é realmente o próximo passo a ser adotado. "Tudo está no lugar para fazer isso corretamente. Estou muito otimista. Nós faremos isso com sangue primeiro e depois passamos a testar a saliva. Os últimos anos foram ruins em termos de doping, então espero que, com este novo teste, o esporte possa sair do outro lado", afirmou Pitsiladis.

Foto: André Gomes de Melo




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