Histórias de superação sempre estiveram presentes no mundo
esportivo. Histórias que emocionam, que inspiram, que transformam. Essa semana
uma dessas histórias, ainda mais especial, ganhou destaque. Trata-se da
história de Ivonette Balthazar, uma senhora de 67 anos, natural do Rio de
Janeiro. Você deve estar se perguntando quem é Ivonette e qual a sua relação
com o esporte. Vamos te contar agora uma história que envolve os Jogos
Olímpicos do Rio de Janeiro, a generosidade de uma família de um treinador que
perdeu sua vida em um trágico acidente e o renascimento de Ivonette.
Ivonette Balthazar é uma avó de 67 anos, residente do Rio de
Janeiro e que sofria com problemas no coração. Até que em 2012 ela teve um
ataque cardíaco e passou a necessitar de um transplante do órgão. Ivonette
então entrou na fila de espera do transplante e esperou por cerca de 4 anos,
até que em agosto de 2016 recebeu a notícia que tinha conseguido um doador. Sem
dúvidas um momento de alegria e alívio para Ivonette. Mas quem era o doador? De
onde vinha?
Em agosto de 2016 o Rio de Janeiro estava vivendo um dos
momentos mais importantes de seus mais de 450 anos. Recebia atletas, comissões
técnicas e turistas de todas as partes do mundo durante 17 dias e que sediava
as Olimpíadas, a primeira vez que o maior evento era recebido pela América do
Sul. Entre os visitantes estava Stefan Henze, treinador da equipe alemã de
canoagem e medalhista de prata na categoria slalom C2 nas Olimpíadas de Atenas
2004.
Era dia 12 de agosto quando Stefan, juntamente com outro
treinador da equipe, apanhou um táxi durante a madrugada para a Vila dos
Atletas, na Barra da Tijuca. Quando estavam na Avenida das Américas, o táxi
bateu fortemente contra um poste, deixando o treinador gravemente ferido. Henze foi levado para o Hospital Miguel Couto onde foi internado, submetido e uma
cirurgia no crânio. Em coma desde o dia 12, Henze acabou não resistindo aos
ferimentos e faleceu no dia 15 de agosto. O jovem treinador de 35 anos que
viera ao Rio com sonhos de ajudar a formar medalhistas para a Alemanha, nunca
mais voltaria para casa.
Mesmo com toda a dor da perda, a família de Hanze mostrou
sua generosidade. O treinador alemão era doador de órgãos e a família autorizou
que sua vontade fosse atendida. Foi então que Ivonette recebeu uma ligação do Instituto
Nacional de Cardiologia - hospital do coração do Rio. No dia 16 de agosto
Ivonette recebia um novo coração, recebia uma nova vida. A partir daquele dia
passou a bater em seu peito o coração de Hanze.
Ivonette abraçou essa nova vida e pouco mais de um ano após
receber o coração de Hanze, ela participou de uma corrida de rua em
Copacabana. Antes da largada ela era só alegria e gratidão à Hanze. “O coração
de um atleta bate em mim. Se eu não tivesse esse coração, eu não estaria
correndo. Esta corrida é um desafio para mim e para ele", contava Ivonette.
Com um coração vermelho colado na camisa com os dizeres “Eu
tenho um coração transplantado”, Ivonette conseguiu completar todo o percurso
em seu primeiro grande esforço após a cirurgia. Emocionada, foi recebida na
linha de chegada por seus familiares e logo voltou a se lembrar de Hanze.
Pensando na família de seu doador, ela contou que gostaria de agradecer a mãe
do homem que lhe deu sua nova vida. "Eu adoraria conhecer a sua mãe, abraçá-la
e agradecer-lhe. Eu sei que do outro lado há uma família inteira chorando”,
afirmou.
Em mais uma história do esporte que envolveu dor,
sofrimento, um recomeço e alegria em seu final, Ivonette e Hanzel mostram que o
amor ao próximo pode salva vidas. Ivonette se sente como uma campeã olímpica.
Sente em cada batida de seu coração a energia do campeão que foi Hanze. "Nós
dois estamos aqui. E essa é uma medalha de ouro para mim", disse.
Foto: Getty Images
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