Desde que o meldonium passou a constar na lista das
substâncias proibidos pela Agência Mundial Antidopagem (WADA) o número de
dopings descoberto pela entidade disparou. Entre 2105, quando o medicamento foi
proibido na lista da WADA, e 2016 foi constatado um aumento de cerca de 26,4%
nos casos de doping em todo o mundo, é o que aponta um relatório divulgado pela
própria WADA.
No total, no ano de 2016, 4814 amostras deram resultados
analíticos adversos (possível doping), contra 3809 de 2015. Dentre estes, 497 foram pelo
uso de meldonium, que passou a ser proibido apenas em janeiro do ano passado.
Embora tenham sido realizados menos testes entre os dois
anos (328.381 em 2015 contra 328.086), a proporção dos testes feitos através do
passaporte biológico (exame de sangue) cresceu, em relação ao exame de urina. O
passaporte biológico é mais claro e eficiente na busca pelo doping. No quarto
trimestre de 2017 a WADA deverá publicar um relatório detalhado sobre o caso.
Muito comum em países do leste europeu, especialmente na
Rússia, o meldonium acabou por levar muitos atletas a caírem no doping. Grandes
estrelas internacionais, como a nadadora Yulia Efimova e a tenista Maria
Sharapova foram pegas com meldonium. No caso da tenista, ela afirmou que tomou o
remédio por anos por indicação médica, e que não sabia que a substância havia
entrado na lista das proibidas pela WADA a partir do primeiro dia de 2016.
O meldonium, utilizado para o tratamento de doenças do
coração, poderia, segundo a WADA, aumentar a resistência do atleta que faça uso
do medicamento. Boa parte dos atletas que foram pegos no antidoping com o
medicamento já foram liberados, uma vez que a própria WADA admitiu que mais
pesquisas são necessárias para verificar quanto tempo a substância permanece no
organismo. Isso poderia servir para provar se entre os atletas que caíram no
doping pelo meldonium existem aqueles que fizeram o uso dele antes de a sua
proibição entrar em vigor.
O relatório publicado pela WADA contém 81 páginas, mas não
entra em discussão detalhada sobre o meldonium. Quando a proibição do
medicamento entrou em vigor, a WADA foi duramente criticada pela forma como foi
feita a proibição e posteriormente pela moderação na análise da mesma. A WADA também não respondeu diretamente as críticas
feitas pelo COI e outras entidades desportivas pela forma como tinha respondido
ao escândalo de doping da Rússia. Em outubro o COI também deverá publicar dois relatórios
sobre a crise de doping na Rússia.
Na mensagem de abertura do presidente da WADA, Sir Craig
Reedie e do diretor-geral, Olivier Niggli, foi destacado o comissionamento do Relatório
McLaren, que jogou luz sobre todo o caso de doping sistemático da Rússia. "O
escândalo russo de doping foi um dos incidentes mais desestabilizadores para o
esporte na memória recente. Tributou os recursos de muitos dos do nosso público
estratégico. Em particular, era extremamente exigente para WADA e Federações Internacionais.
A WADA foi ombro a ombro com nossos parceiros”, afirma.
No relatório consta ainda uma lista com dez prioridades para
o futuro. Um dos objetivos é desenvolver um sistema de conformidade de código
mais forte, incluindo sanções "graduadas e proporcionadas" para
organizações não conformes. Melhorar a educação e incentivar a pesquisa
científica também são prioridades, gerando mais renda e o fortalecimento do
sistema antidoping.
“Durante 17 anos, a WADA liderou a acusação de doping no
esporte em um ambiente sempre em mudança e complexo. Nós acreditamos que fomos bem-sucedidos em
nossa missão. Estamos orgulhosos do trabalho realizado pela equipe da WADA, com
recursos limitados, sempre nos esforçando para atender e superar as
expectativas estabelecidas pelos nossos parceiros na comunidade desportiva
limpa. Nosso objetivo é garantir que o atleta limpo prevaleça" concluiu o
comunicado.
Foto: Getty images
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