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SurtoRetrô do Rio 2016 - Dia 07 de Agosto

"Esse ouro significa muito para Kosovo. Não apenas para o esporte, mas também para o país. Sou uma sobrevivente de guerra, assim como meu povo" 


Majlinda Kelmendi, campeã olímpica da categoria -52 kg no judô.



Domingo, 7 de agosto de 2016. 

Você provavelmente nunca ouviu falar ou pouco sabe sobre o Kosovo, nação mergulhada por anos em guerras e conflitos que fazia sua estréia olímpica no Rio 2016. O pequeno país do leste europeu que fez parte da antiga Iugoslávia antes da dissolução e pertenceu a Sérvia até conquistar sua independência - sob muito protesto e ira - em fevereiro de 2008, via naquela tarde ensolarada de domingo a consagração daquela que é o maior ídolo do país dentro e fora do mundo olímpico. Nascida em 1991, em meio a guerra do Kosovo, Majlinda Kelmendi confirmou seu favoritismo e venceu a categoria meio leve do judô. Favorita, a jovem atleta colocou seu hino para tocar no território de um dos países que ainda não reconheceram a independência kosovar, o Brasil. "Dedico esta medalha para todas as crianças. Se eu pude vir de um país pobre e pequeno e me tornar campeã olímpica, elas também podem" disse a campeã que faz questão de treinar e viver em seu próprio país. É por histórias como a dela, que tornam os Jogos tão especiais.

Na mesma categoria, Erika Miranda do Brasil era uma das favoritas para acabar com o reinado de Kelmendi, mas infelizmente terminou em quinto lugar ao perder a luta pelo bronze para a japonesa Misato Nakamura.

No tênis, quatro grandes atletas foram eliminados de suas chaves na quadra central do Centro Olímpico de Tênis. Novak Djokovic  (Sérvia) protagonizou uma das cenas mais marcantes dos Jogos do Rio ao chorar copiosamente após a derrota para o argentino Juan Martin del Potro, por 2x0, e perder mais uma vez a chance de conquistar o ouro olímpico. Então campeãs olímpicas, Serena e Venus Williams foram surpreendidas e eliminadas no torneio de duplas femininas ao perderem por 2x0 para as tchecas Safarová/Strycová. Ainda pelas duplas, Andy Murray e seu irmão Jaime perderam para os brasileiros Thomaz Belucci e André Sá, também pelo mesmo placar das outras partidas, e viram a chance de uma medalha entre os irmãos acabar ali. Murray e as irmãs Williams ainda disputariam o torneio de simples.

Na ginástica, o mundo pode ver a estréia olímpica da americana Simone Biles, que mesmo com pouco tempo de carreira já é considerada uma das maiores ginastas de todos os tempos. Nas eliminatórias sediadas na Arena da Barra, Simone e a equipe americana se classificaram para todas as finais, a duvida ali era qual ouro elas não iriam ganhar nos dias seguintes. Boa notícia para o Brasil, que conquistou a classificação para a final por equipes, bem como finais no individual geral (Rebeca Andrade e Jade Barbosa) e trave de equilíbrio (Flávia Saraiva).

Nos esportes coletivos, seleções masculinas do Brasil competiram, mas nem todas com bons resultados. No futebol, segundo empate sem gols, nesta vez contra o inexpressivo Iraque, o que fez com que Neymar e companhia saíssem do Estádio Mané Garrincha em Brasília sob muitas vaias. No vôlei, vitória de 3x1 sobre o México. Apesar da vitória, o set perdido para os mexicanos - o primeiro da história da seleção brasileira masculina de vôlei- deixou muitos fãs e especialistas desconfiados com o time brasileiro.

No basquete, derrota para a Lituânia por 82 x 76, jogo importantíssimo para as pretensões em avançar para a quartas de final. Quem venceu nesse dia foi o time de handebol, 34 x 32 sobre a forte Polônia, incendiando a Arena do Futuro.

Na natação, o mundo celebrava o absoluto domínio nas piscinas de três jovens atletas.

Se fizerem uma lista de "atletas imbatíveis em seus esportes" com certeza a sueca Sarah Sjoestrom, o britânico Adam Peaty e a americana Katie Ledecky estarão lá.  A sueca, mais "veterana" do trio com 22 anos na ocasião, venceu os 100 borboleta com 55s48, marca que não só foi recorde mundial, mas também 0s98 de diferença para a canadense Penny Oleksiak (56s46), algo absurdo para uma prova de 100 metros. Na mesma distância, porém em nado peito, o britânico Adam Peaty era jovem demais para ter nadado em casa quatro anos antes em Londres, mas é um dos maiores exemplos em como a natação britânica evoluiu após ter recebido os Jogos em casa. Bateu na frente quebrando o próprio recorde mundial, com absurdos 57s13. Se a diferença de Sarah para Penny já foi enorme, o que dizer de 1s56 de vantagem de Peaty sobre Camaron van der Burg, sul-africano então campeão olímpico dos 100 peito, prata com 58s69? Na mesma prova, João Gomes Jr (59s31) e Felipe França (59s38) foram respectivamente quinto e sétimo lugar.

Kathleen Genevieve "Katie" Ledecky, com 19 anos na ocasião, mas um nome para ser anotado pois será lembrado no mínimo daqui a 20 ou 30 anos nos arquivos da história olímpica . É considerada por muitos como a atleta mais dominante em todos os esportes olímpicos, não há quem aposte em uma derrota da americana. Nadar 400 metros na natação parece bem tranquilo se você olhar a facilidade em como essa jovem atleta vence essa prova. Os 3m56s46, destruindo o próprio recorde mundial que era dela mesmo de 3ms58s34, era o primeiro ouro dela no Rio, de muitos que ainda viriam.

Quem esteve no Olympic Aquatic Stadium naquela noite pode presenciar ainda o revezamento 4x100 Livre masculino. Ouro para os Estados Unidos, prata para a França, bronze para a Austrália e Brasil num ótimo quinto lugar com Marcelo Chierighini, Nicolas Oliveira, João de Lucca e Gabriel Silva. Mas o que torna esse revezamento especial é um dos nadadores que estava na água naquela noite de domingo. O nome dele, Michael Phelps, ninguém menos que o maior atleta olímpico de todos os tempos,e não há quem duvide ou questione isso.

E sobre Michael é o relato de hoje. A Jornalista da CBN Mayra Siqueira tem na natação seu esporte favorito. E como todos os fãs de esportes, admira e muito Phelps, o maior de todos os tempos.


Mayra fala um pouco para os leitores do Surto, sobre como foi presenciar mais uma glória olímpica do nadador americano naquela noite! 



Por Mayra Siqueira






Por que falar do segundo dia de natação nos inesquecíveis Jogos Olímpicos do Rio? Olha, eu poderia citar diversos momentos marcantes pessoalmente para a cobertura que encantou a minha vida e de todo apaixonado por esportes do nosso país. Mas eu escolhi a data 7 de agosto de 2016, segundo dia de provas do meu esporte de coração, a natação, por um motivo singelo o suficiente: o maior de todos os tempos que a minha geração teve a honra de presenciar voltou a uma piscina olímpica quando já não se acreditava mais nele, e voltou, claro, a um pódio, no lugar mais alto dele, com sua 19ª medalha de ouro em sua quinta participação em Jogos.

Falar de Michael Phelps é chover no molhado, eu sei. Mas a aceleração dos batimentos cardíacos ao fazer um pergunta pra ele em entrevista coletiva representam, de alguma forma, o que ele significou pro esporte olímpico mundial. "O que mais falta você conquistar? Quais recordes você ainda consegue bater?", foi o que o questionei após uma de suas muitas conquistas em solo carioca. Porque quando se fala de Phelps, se coloca um dos maiores epítetos do mundo dos esportes: maior medalhista olímpico, maior número de ouros, recorde disso, daquilo, daquilo outro, até você desistir de apontar quantas vezes ele superou a todos e, principalmente, a si mesmo, seu grande e maior adversário em toda a carreira. Sua resposta? Uma risada e um "vamos ver".

Com o relógios a seus pés, feito jacaré atrás de sua presa, Phelps nadou para a melhor parcial de sua vida no 4x100 livre naquela final do dia 7 de agosto de 2016, no Olympic Aquatic Stadium. Completou a ida e volta na piscina em 47s12, e turbinou os seus colegas, não-favoritos ao ouro, para a conquista da primeira vitória norte-americana nas piscinas durantes os Jogos do Rio. Nathan Adrian havia fechado a prova com 46s97, outra marca de grande expressão.

A contagem terminaria outra, mas, na ocasião, Phelps conquistava a sua 23ª medalha olímpica da carreira. Sim, mais do que muitos países (juntos), mais do que todas as medalhas do Brasil na história da natação olímpica.

Mas, dessa vez, seus olhos estavam nas arquibancadas, onde Nicole, a que faz seus olhos brilharem, carregava no colo um pequeno serzinho, indiferente ao ensurdecedor barulho da torcida que lotou a Arena, urrando e vibrando com o gigante das piscinas, seu próprio pai. Baby Boomer ignorava que seu o genitor fazia história, um capítulo a mais em sua longa e vitoriosa carreira, e sorrindo de lado ao pensar em seu pequeno herdeiro, adormecido e sereno, estava tão próximo ao alcance de seus braços.

Phelps, um novo Phelps, desaposentado para depois se reaposentar, ganhou uma nova conquista pra sua infindável lista: era, naquele momento, um dos homens mais felizes do planeta.


Fotos: Majlinda Kelmendi (Jason Getz / USA Today) / Michale Phelps (AP/ Matt Slocum)

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