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SurtoRetrô do Rio 2016 - 10 de Agosto

O quinto dia do Rio 2016 tinha terminado. O Brasil até então possuía apenas duas medalhas (prata com Felipe Wu na pistola de 10 metros e ouro com Rafaela Silva na categoria -57 do judô). Torcedores e críticos esportivos preocupados a parte, os Jogos como sempre continuavam a proporcionar incríveis histórias olímpicas.

Quarta-feira, 10 de agosto de 2016.

Quem disse que idade é algum limite?
O destaque do dia é a prova de que sua data de nascimento é apenas um número. Sob uma forte chuva e com direito a sangramento no nariz de tanto esforço, a americana Kristin Armstrong se tornou a primeira mulher da história olímpica a vencer por três vezes seguidas uma mesma prova no ciclismo, o contra-relógio, tudo isso na véspera de seu aniversário de 43 anos. A história de Kristin se torna mais interessantes pois um ano antes a atleta estava aposentada das competições de ciclismo, sendo Lucas, seu filho de cinco anos, sua motivação para que ela disputasse os Jogos do Rio. Ela queria que ele tivesse idade o bastante para vê-la subindo em um pódio olímpico. Como já mencionado, venceu também a prova em Pequim-08 e Londres-12, quando Lucas tinha pouco mais de um ano.

A final do individual geral masculino na ginástica artística, disputada na Arena da Barra, mostrou mais uma vez que o japonês Kohei Uchimura é definitivamente o melhor ginasta masculino da atualidade. Dono de 10 ouros em campeonatos mundiais, Uchimura conquistou o bicampeonato olímpico da prova que define o atleta mais completo da modalidade. A vitória veio com 92.365 pontos, a prata ficou com o ucraniano Oleg Verniaiev e o bronze com o britânico Max Whitlock.

Ao contrário da noite anterior, com domínio americano, a natação distribuiu medalhas de ouro para quatro países diferentes. Dimitri Balandin do Cazaquistão surpreendeu a todos e venceu a prova dos 200 metros peito, nadando na raia oito e decepcionando os torcedores japoneses que contavam com uma vitória de Ippei Watanabe - que aliás ficou fora do pódio - , o ouro de Balandin fica mais especial pois se tornou a primeira medalha da história cazaque na natação. Nos 200 borboleta, ouro para a espanhola Miréia Belmonte, primeiro titulo para a atleta que já possuía duas pratas e um bronze olímpico. Nos 100 metros livre, prova mais tradicional da natação, ouro para o jovem Kyle Chalmers da Austrália com apenas 18 anos de idade, se tornando segundo atleta mais jovem a vencer a prova, ficando atrás apenas de Yasuji Miyazaki do Japão que foi medalhista de ouro na distância com 15 anos em Los Angeles-32.
Para finalizar e manter a tradição, ouro americano no revezamento 4x200 feminino, time que contava com Katie Ledecky, vencendo seu terceiro título no Rio.

No tiro esportivo, Fehaid Adeehani venceu a prova da fossa olímpica double se tornando o primeiro atleta independente a levar uma medalha de ouro no história. O atleta do Kuwait não poderia representar seu país que estava suspenso pelo Comitê Olímpico Internacional por decisões políticas e assim como seus compatriotas, competiu sob a bandeira do COI.

A seleção americana masculina de basquete venceu seu jogo mais apertado desde Atenas-04: 98 x 88 contra a Austrália.

Dois grandes resultados brasileiros vieram de esportes com pouca tradição por aqui. No Parque Aquático Maria Lenk, a equipe masculina de pólo aquático  venceu a Sérvia por 6 x 5. Foi a primeira vitória da historia do Brasil contra a melhor seleção do mundo. Já no Parque Radical de Deodoro, Pedro Henrique "Pepê" da Silva conquistou um excelente sexto lugar na final do K1 masculino na canoagem slalom, melhor colocação de um atleta brasileiro na história da modalidade. O ouro ficou com o britânico Joseph Clarke.

Finalmente, saíram gols. A seleção de futebol masculino enfim balançou as redes no torneio dando um alívio para os torcedores. Com dois gols de Gabigol, um de Gabriel Jesus e um de Luan, o time goleou a Dinamarca na Arena Fonte Nova em Salvador e avançou para as quartas de final, onde enfrentaria a Colômbia.

No handebol, derrota de 29 x 24 para a forte seleção espanhola no torneio feminino. Ainda pelos coletivos, o vôlei teve uma vitória tranquila contra o Japão por 3x0. Alison e Bruno se recuperaram da derrota na primeira fase, vencendo a dupla italiana Rungieri / Carambula por 2x0. No judô, Maria Portela e Alex Pombo caíram nas primeiras lutas de suas chaves.

O relato de hoje vem de Rafael Krauczuk, leitor do Surto Olímpico que realizou o sonho olímpico no Rio de Janeiro.
Ele conta como foi sua rotina neste dia, bem como acompanhar de perto a poderosa seleção americana de basquetebol e um inusitado e talentoso time do torneio de handebol.

Por Rafael Krauczuk

Dia 10 de agosto... 5º dia de uma doce rotina: levantar cedo (já atrasado), comprar um salgado requentado qualquer em alguma padaria, pegar o metrô às pressas, se enfiar no primeiro BRT avistado, fazer quase uma prova de 1500m rasos do local de desembarque até a entrada do Parque Olímpico (era longe, viu!) e, depois de tirar do bolso uma moedinha aqui e uma moedinha lá ao chegar no detector de metais, mais que rapidamente pegar o ingresso da mochila para passar do portão de entrada e.... pronto! Mais um dia garantido de diversão dentro do sonho olímpico (sonho mesmo, pois só foi por volta do quinto dia que realmente caiu a ficha de que aquilo tudo estava acontecendo).

Nesse quinto dia as competições que eu iria assistir eram todas no Parque Olímpico. A preferência por eventos dentro do dia onde a proximidade entre as arenas fosse pequena foi uma estratégia que defini antes dos jogos, visando evitar a perca de “tempo útil” durante os deslocamentos além de diminuir a possibilidade de um “certo turista do Paraná” se perder pelas vielas cariocas e acabar sem ver nada mesmo rsrs.
Posso me orgulhar em dizer que fui muito pé quente nos Jogos Olímpicos, presenciando várias medalhas olímpicas brasileiras, entretanto, não no dia 10.

Já às 09h30 acompanhei da Arena do Futuro a derrota do Brasil no handebol feminino frente à Espanha (29 a 24) ainda pela fase classificatória, fato que obviamente gerou um ar de frustração dentro da arena. Particularmente, apesar de triste pelo revés, foi muito gratificante ver de perto atletas como Alê, Duda, Deonise, Dara, Babi... Mulheres que já possuem seu espaço garantido dentro do hall de heroínas do esporte brasileiro.

Após ser assaltado pelos preços absurdos dos fast food’s do Parque Olímpico (que de fast só tinham o nome, pois a espera sempre era considerável), era hora de acompanhar a esgrima, mais especificamente o sabre masculino, onde a torcida brasileira depositava suas esperanças em Renzo Agresta. Infelizmente como só cheguei para acompanhar a parte final da sessão, Renzo já havia sido eliminado. Entretanto foi uma experiência muito divertida e surpreendente, pois os jogos de esgrima mostraram muita dinamicidade e proporcionaram grandes momentos para a torcida presente (confesso que me senti gringo naquela arena, pois o número de brasileiros era bem inferior ao de estrangeiros).

Visando deixar o melhor para o final, vou alterar a ordem cronológica do dia e falar um pouco do jogaço entre EUA x Austrália, partida que aconteceu às 19h50, pelo torneio de basquete masculino (se esse item não é o auge do dia imaginem o quão marcante foi o evento que falarei a seguir!). Com certeza foi uma das realizações pessoais dentro da Olímpiada: assistir o Dream Team! Mesmo sem a presença de LeBron James, Stephen Curry e muitos outros grandes jogadores que não vieram ao Rio, pude desfrutar de grande satisfação ao acompanhar caras que sempre via e torcia pela TV. No fim, Austrália endurecendo a partida e perdendo por apenas 10 pontos (98 x 88 para os EUA), só engrandeceu e marcou ainda mais um evento onde os ingressos eram disputados quase a tapa.

Para finalizar, quero relatar um pouco da experiência sensacional que tive ao frequentar os jogos de Angola no handebol feminino!

Em um primeiro momento, muitos podem estranhar e questionar:
“Angola?!”. Sim, Angola!

Tive o privilégio de acompanhar vários jogos da seleção africana durante os Jogos Olímpicos, jogos onde a torcida brasileira virava a chave e se tornava totalmente rubro negra ao gritar com todas as forças:

- ANGOLA! ANGOLA! ANGOLA!

Simplesmente demais.

Muito além do fato da identificação entre o brasileiro e a equipe angolana se dar pelo idioma e pela opção de torcedor apoiar o time mais fraco (opção que nesse caso fica longe de se aplicar visto que Angola é um time muito competitivo), a seleção africana demonstrou extremo carisma e competência durante os Jogos Olímpicos batendo duas seleções europeias (Romênia e Montenegro) e avançando até as quartas de final do torneio, caindo apenas para a Rússia que viria a se tornar Campeã Olímpica.

Nunca me esquecerei dos gols de Isabel Guiallo, das fintas da espetacular Luisa Kiala e principalmente da grande goleira Neide Marisa Barbosa, ou simplesmente Bá, afinal como em coro o próprio torcedor gritava:

“Baaaaaá... a Bá é melhor que o Neymaaar... Bá é melhor que o Neymar, a Bá é melhor que o Neymaaaaa-aaaaaar!!!”

Nesse dia, Angola acabou perdendo de 30 a 20 para a poderosíssima Noruega (assisti a partida um pouco antes rumar para EUA x Austrália no basquete), mas o que valeu mesmo foi o clima de festa e integração que tomou conta da Arena do Futuro.

Foto: Getty Images




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