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SurtoRetrô do Rio 2016 - 06 de Agosto

O ano era 1920. Jogos Olímpicos da Antuérpia, na Bélgica. Com uma delegação pequena de apenas 16 atletas, formada apenas por homens, o Brasil chegava na cidade européia para sua primeira Olimpíada.


A equipe de tiro, recém chegada no país famoso por seus chocolates, havia sido assaltada e tido suas armas de competição roubadas dias antes da abertura. No maior espírito olímpico, competiram com armas emprestadas dos americanos, que não imaginavam o que os brasileiros fariam nos dias seguintes, conquistando uma medalha de cada cor. O ouro de Guilherme Paraense inclusive, foi sobre um atleta dos EUA.

Mas coube a Afrânio da Costa a honra de fazer história e inaugurar os pódios brasileiros em Olimpíadas. A prata do carioca veio no dia 02 de agosto daquele ano, na pistola de 50 metros no tiro esportivo,e foi a primeira medalha brasileira em Jogos Olímpicos.

06 de Agosto de 2016

Primeiro dia de competições pra valer dos Jogos do Rio. Primeiro dia de entrega de medalhas.
E acreditem ou não em destino, o que aconteceu naquela tarde foi bem especial para quem gosta de uma boa história olímpica.

No Rio de Janeiro, cidade de nascimento de Afrânio da Costa, um jovem de descendência chinesa chamado Filipe Wu, entrou para o seleto grupo de honra dos primeiros atletas a conquistarem uma medalha para o país sede. Uma prata na pistola de 10 metros, no tiro esportivo. A primeira medalha brasileira na sua olimpíada foi bem parecida com a primeira medalha da história de nosso país, sendo também a primeira medalha para o tiro esportivo do Brasil em 96 anos.

Com uma torcida animada e gritando "Wu! Wu! Wu!" o brasileiro estava na lista dos que brigariam por medalha mas não estava entre os favoritos de diversos especialistas pelo mundo. Avançando aos poucos, chegou a fase final, em que os atletas atiram e a cada rodada um é eliminado, Wu foi avançando pouco a pouco até sobrarem só ele e o vietnamita Hoang Xuan Vinh, que com um tiro certeiro acabou ficando com o ouro, o primeiro da história do Vietnã.

De altos e baixos se vive uma olimpíada. Um resultado bom aqui e outro nem tão bom ali. Neste mesmo dia, Sarah Menezes, então campeã olímpica da categoria -48kg do judô, acabou ficando sem medalha ao perder para a  mongol Urantseteeg a disputa do bronze. O ouro da categoria foi para a argentina Paula Pareto, que se tornou a primeira mulher a ser campeã olímpica para os hermanos.

Dentre os destaques brasileiros tivemos a vitória do Brasil sobre a Suécia no futebol feminino pela goleada de 5 x 0, o país se classificado pela primeira vez para uma final por equipes na ginástica masculina, vitória da seleção feminina de vôlei sobre Camarões por 3x0, vitória no handebol feminino (31 x 28 sobre a poderosa Noruega) e um excelente quinto lugar de Nathalie Moelhausen na esgrima, melhor colocação da história na modalidade.

No já mencionado tiro, que tradicionalmente sempre entrega a primeira medalha de ouro das edições olímpicas, Virginia Thrasher dos Estados Unidos, com apenas 19 anos, desbancou as favoritas chinesas e venceu a carabina de ar de 10 metros, se tornando a primeira campeã olímpica do Rio 2016.

Na natação, três recordes mundiais caíram nas piscinas do Estádio Aquático Olímpico.
Nos 100 peito masculino, Adam Peaty fez absurdos 57s55 nas eliminatórias da prova, único homem a baixar dos 58 segundos no mundo nessa prova. Os brasileiros João Gomes Jr e Felipe França se classificaram para a final da prova e enfrentariam Peaty no dia seguinte. Nos 400 medley, a "dama de ferro" Katinka Hosszú venceu os 400 medley com 4m26s36, baixando mais de dois segundos da marca anterior que pertencia a chinesa Ye Shiwen (4m28s43). A vitória de Katinka foi a primeira medalha olímpica da vitoriosa carreira da atleta húngara. Já o terceiro recorde mundial veio com a equipe feminina da Austrália no 4x100 livre. O fortíssimo e favorito time formado por Emma Mckeon, Britany Elmslie e as irmãs Cate e Bronte Campbell baixou em 0s33 segundos a marca que era das próprias australianas: 3m30s65 x 3m30s98

Outro destaque do dia foi a vitória da equipe masculina coreana de tiro com arco masculino, liderada por Ku Bon-Chan, e que demonstrou mais uma vez a supremacia do país na competição.

No basquete, os Estados Unidos venciam a China por fáceis 119 x 63.

Quanto a mim, vi a primeira medalha do Brasil no BRT indo para o parque olímpico para ver esgrima. Vi pelo celular, ao lado de uma senhora sentada ao meu lado e um argentino em pé. O ônibus foi uma gritaria só quando gritaram "primeira medalha do Brasil". As emoções ali estavam só começando

Fique agora com o relato do dia, vindo de Regys Silva, editor do Surto Olímpico. 



Parecia ser um dia como qualquer outro, menos pra mim. Não dormi após a Cerimônia de Abertura, ainda em Fortaleza, pois iria viajar de madrugada pro Rio de Janeiro para o maior evento da minha vida: conferir os Jogos Olímpicos in loco.
2h já estava no aeroporto e às 5h o avião decolou. Com uma mala, uma mochila e um notebook, fui “armado” até os dentes para além de assistir, cobrir os Jogos pelo Surto.
Chegando no Galeão, encontrei com o Lucas Matos, também cearense e que foi ver os Jogos, e também com o Gustavo Rodrigues, que colaborou com o Surto na época. Fomos para a casa do Marcos Antônio, membro do Surto e que seria o nosso quartel general durante o evento. Chegamos lá, ainda consegui ver a prata do Wu pela TV e acabei caindo de sono cansado.
No final da tarde, depois tentar repor o cansaço, eu e o Marcos fomos para o Parque Olímpico, pois havíamos ganhado ingressos de um patrocinador para ver Sérvia e Venezuela, pelo torneio masculino de Basquete. Quando cheguei lá, vi aquele turbilhão de gente de um lado pro outro. Passei do lado do Maria Lenk e vi os anéis do lado...e aí caiu a ficha: era real e eu estava lá nos Jogos Olímpicos.
Foi épico, foi histórico e foi o meu dia um nos Jogos da minha vida.
Pegamos os ingressos e fomos para a Arena Carioca 1 e os lugares sensacionais, do lado da quadra, atrás dos bancos dos times. Eu não acreditava ainda parecia uma criança em uma loja de brinquedos em que você poderia pegar tudo. Visão sensacional e perfeita. Foi um sonho. Para constar, os sérvios venceram a partida.
Depois fomos bater foto nos Anéis Olímpicos gigantes, claro para fechar com chave de ouro esse dia.



Foto: Associated Press (Felipe Wu) / Arquivo Pessoal (Regys Silva)









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