Os organizadores mundiais do Parkour entraram mais uma vez
em rota de colisão com a Federação Internacional de Ginástica (FIG). Desde que
a entidade internacional responsável por gerir as modalidades de ginástica em
todo o mundo tentou emplacar o esporte de rua nos Jogos Olímpicos de 2020, os
praticantes do esporte não estão satisfeitos com aquilo que consideram uma
tentativa de apropriação do Parkour pela FIG.
Dessa vez, a Parkour Earth, umas das responsáveis por
organizar o parkour pelo mundo, publicaram uma carta aberta estabelecendo um
prazo para que a FIG acabe com as tentativas de controlar o esporte e dar a ele
o status de esporte olímpico. Eles pedem uma reunião urgente com o presidente
da FIG, Morinari Watanabe, até o dia 15 de setembro para formalizar o direito
que eles consideram ter de comandar o esporte.
O parkour é um esporte que combina corrida, escalda e
acrobacias através de obstáculos de arquitetura urbana, como muros, prédios,
pilastras, dente outros. O esporte surgido na França rapidamente se espalhou e
ganhou adeptos em todo o mundo. O esporte foi retratado em alguns filmes de
ação, como 007- Cassino Royale” e “O ultimato Borne”, fazendo sua popularidade
crescer ainda mais.
Recentemente a FIG anunciou uma série de mudanças nos
esportes nos esportes que controla, como a definição da forma de classificação
para as Olimpíadas de 2020 e a criação de um Campeonato Mundial júnior para a
ginástica artística. Além dessas alterações, a FIG também anunciou a criação de
etapas de Copa do Mundo do parkour a partir do ano que vem. A entidade trabalha
com alguns dos francês que fundaram o esporte e pretendem lançar o primeiro
campeonato mundial do esporte em 2020.
A FIG tentou emplacar o parkour na última reunião do COI em
junho, onde ficaram definidos os novos esportes e provas que fariam parte do
programa olímpico para Tóquio 2020, mas não obteve sucesso. Entretanto, com a
entrada de outros esportes urbanos, como o skate e o basquete 3x3 e com o COI
escolhendo Paris (onde nasceu o parkour) para sediar a edição dos Jogos de
2024, a FIG considera serem grandes as chances de o esporte entrar para o
programa olímpico nessa edição.
O Parkour Eath, composto por seis países, quer que a FIG se
comprometa a não tome mais medidas para tentar “invadir” o parkour. Para os
organizadores do esporte reconhecidos na França, Grã-Bretanha e Austrália a participação
do esporte em Olimpíadas é indesejada. “Assim como a Federação Internacional de
Parkour/Freerunning/Art Du Déplacement, a Parkour Earth será doravante os
guardiões reconhecidos da filosofia, integridade e soberania do nosso
esporte/arte/disciplina internacionalmente” afirma o grupo na carta.
A carta, que também foi enviada para a Corte Arbitral do
Esporte (CAS) e para o COI, foi assinada pelo presidente independente da
Parkour Earth, o britânico Stuart McLnnes, que também é advogado e um juiz experiente
no CAS.
A briga envolvendo organizadores de esportes urbanos e
entidades esportivas no cenário olímpica não é nova. Esportes que entraram
recentemente no programa olímpico também enfrentaram ou enfrentam a resistência
de seus organizadores e até mesmo de seus praticantes, como o skate e o surf.
Ainda em junho, logo após não conseguir fazer do parkour um
esporte olímpico, a FIG publicou um comunicado explicando a sua visão para que
o parkour se tornasse um esporte olímpico. A entidade, situada em Lausanne,
acusou ainda pessoas ligadas ao parkour de serem responsáveis por transmitirem
desinformação sobre o tema indiscriminadamente por meio de redes sociais,
apenas para gerar uma reação negativa ao esporte nos Jogos olímpicos. "A
FIG gostaria de especificar que sua abordagem nunca foi de se apropriar unilateralmente
de um esporte", afirmou a entidade na ocasião. O comitê executivo da FIG
deve discutir as questões envolvendo o parkour em uma reunião entre os dias 26
e 27 de outubro, em Berlim.
Foto: kalipmv.blogspot.com
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