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Coluna Lógos Olympikus - Fechado para balanço

Por Juvenal Dias

Depois de um período fora por motivos pessoais, retomo a coluna Lógos Olympikos. Neste tempo não deixei de acompanhar o mundo esportivo. A ausência serviu também para poder analisar resultados de campeonatos que ocorreram nos últimos meses. Lembro que na coluna que escrevi ao final de maio, comentei a respeito das principais disputas que estavam por vir e tinha a promessa de fazer um balanço do que ocorreu de mais significativo. Pois bem, creio que é um bom momento para esta reflexão.

O tênis de mesa era o primeiro dos Mundiais que seria realizado. Na chave masculina, Hugo Calderano foi bem, ficou entre os 32 melhores, perdeu para um chinês que foi semifinalista. Junto com Gustavo Tsuboi, também levou o país a ficar entre as 16 melhores duplas. Todas as brasileiras perderam na primeira rodada. É sempre bom ver brasileiros na chave principal desses campeonatos de grande porte, seja qual for o gênero, tendo em vista a falta de apoio. 

No taekwondo, vimos países como Moldávia, Letônia, Jordânia, Gabão e Níger conquistar ao menos uma medalha e nós ficarmos fora do pódio de todas as 16 categorias do mundial. Dentre os homens, os melhores resultados foram duas quartas-de-finais, de Adriano Alves (-54kg) e Maicon Siqueira (-87kg). Três brasileiras alcançaram oitavas-de-finais, Camila Bezerra (-46kg), Talisca Reis (-49kg) e Milena Titoneli (-67kg) foram mais longe entre as mulheres. É possível perceber uma evolução em quantidade, mas a qualidade ainda falta um passo além.  Mas vale ressaltar que tivemos representantes em todas as disputas.

Uma modalidade que já temos mais tradição e bons resultados é a vela. No mundial da categoria Star, a dupla formada por Lars Grael e Samuel Gonçalves conquistou a prata nas águas de Troense, na Dinamarca, ficando atrás da dupla norueguesa. Já seria um excelente resultado pensando a grandiosidade do torneio, sendo uma categoria olímpica, torna ainda mais interessante. Ainda teve Bruno Prada com sua dupla chegando em sétimo.

Tal como a vela, o vôlei vem vencendo várias vezes (com a permissão de uma aliteração em ”V”) no cenário internacional. Nas quadras, vamos muito bem, obrigado. A continuidade do trabalho bem feito nos deixa extremamente competitivos contra as principais seleções do mundo.  Ficamos em segundo na Liga Mundial, disputada em Curitiba, perdendo para o melhor time da atualidade, a França. No continente, sobramos tanto no masculino, que já venceu o campeonato e garantiu vaga no mundial do ano que vem, quanto no feminino que está em disputa nesta semana, mas também não deve ter surpresas. Falando nas mulheres, quanto orgulho do dodecacampeonato no Grand Prix. A palavra é difícil, como foi a campanha para levantar pela 12ª o título da competição, isso que o técnico José Roberto Guimarães encarava como um teste para este novo elenco.

Outro terreno que nosso vôlei é vitorioso é as areias de Viena, local onde foi disputado o mundial e teve a dupla Evandro e André consagrada como nova campeã mundial. Eles se juntaram no começo do ano e já conquistaram um título de tamanha importância. As duplas femininas também são consideradas sempre postulantes ao primeiro posto, não ocorreu desta vez.  Mesmo assim, ótimos resultados foram obtidos, Larissa e Talita ficaram com o bronze e Maria Antonelli e Carol chegaram entre as oito principais duplas do planeta.

Como se não bastasse tudo isso ainda tivemos os dois campeonatos mundiais mais interessantes de se acompanhar: esportes aquáticos e atletismo.

Nas águas de Budapeste, tivemos um desempenho até que bom, se compararmos com o que foi visto no Rio ano passado e que tentamos nos reerguer da crise instaurada na Confederação. O Brasil terminou em décimo no geral, com 2 ouros, 4 pratas e 2 bronzes. Três dessas medalhas graças a Ana Marcela Cunha nas maratonas aquáticas, inclusive se sagrando tricampeã na distância de 25km. Outra campeã foi Etiene Medeiros, nos 50m costas, prova que não é olímpica, mas tem que ser tão exaltada como se fosse, afinal, não é todo dia que somos os melhores do mundo em alguma coisa. Além delas, as quatro medalhas de prata vieram com Bruno Fratus (50m livre), João Gomes Júnior (50m peito), Nicholas Santos (50m borboleta) e o revezamento 4x100m livre. Nos demais esportes, polo aquático, nado sincronizado e saltos ornamentais, não há um nível elevado no país, então não tivemos resultados expressivos.

Agora, nas pistas, gramados, caixas de areia e asfaltos de Londres, amargamos uma 38ª colocação no quadro geral, com apenas uma medalha de bronze, conquistada no último dia de competições, graças ao marchador Caio Bonfim, na prova de 20km. Ele já tinha conquistado um quarto lugar na última Olimpíada, então não chega ser totalmente uma surpresa. Tivemos mais oito atletas ou equipes em finais, a mais próxima de uma medalha foi a também a atleta da marcha atlética de 20 km, Erica de Sena, que ficou em quarto lugar. As mulheres tiveram um desempenho melhor que os homens, não tiveram a presença de Thiago Braz, campeão olímpico lesionado e que está em má fase, poderia ser um nome no pódio. De qualquer forma, é o máximo que o Brasil pode alcançar. Historicamente o país chega em uma prova esporádica dentre as inúmeras possibilidades, muito improvável termos um time forte nesta lama que o atletismo vive eternamente. Este mundial valeu mais pelo melancólico fim de Usain Bolt, que se despediu das pistas com um bronze nos 100m rasos.

Bom, vem muito mais campeonatos por aí: Luta Olímpica, Badminton, Pentatlo Moderno, Canoagem Velocidade, Judô, Ginástica Rítmica, Tiro Esportivo, Triatlo, Boxe e Remo são as próximas atrações para acompanharmos e continuarmos no clima olímpico. A saudade de um ano dos Jogos Olímpicos do Rio continua forte e sempre existirá, mas vai se diluindo, na medida em que o tempo vai passando e já vamos vivendo a expectativa para Tóquio daqui há menos de três anos.


foto: Sátiro sodré/CBDA/ Divulgação

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