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Surto Entrevista: Duda Amorim

Por Juvenal Dias

Eduarda Amorim, armadora da Seleção e do Gyor Audi ETO da Hungria, tornou-se uma das principais referências do handebol feminino no país, ainda mais por estar presente na conquista do mundial em 2013 e ter sido eleita a melhor jogadora da competição disputada na Sérvia e melhor jogadora do mundo em 2014. Neste ano, venceu mais uma vez o campeonato local e a Liga dos Campeões da Europa, além de ter sido eleita a melhor defensora da competição. Vive uma fase fantástica na carreira e é uma liderança no processo de renovação da Seleção. Ela falou com exclusividade para o Surto Olímpico durante o intervalo da primeira partida contra o Chile, no torneio quatro nações de handebol na sexta-feira(9/6), já que não estava nos grupos que atuaram em quadra.

- Gostaria que você avaliasse sua temporada na Europa esse ano. Você foi campeã na Hungria, campeã europeia, melhor defensora da competição.

Foi um ano bem legal, por mais que tenha tido altos e baixos durante a temporada, perdemos uma das principais jogadoras que foi a Radnok, tivemos alguns momentos ruins, mas no geral foi uma temporada maravilhosa, para mim também. Acho que cheguei ao topo da minha performance de novo. Ano passado, por mais que tivesse chegado na final, ainda não estava do jeito que eu queria. Então esse ano trabalhei bastante e evolui muito. Fiquei muito orgulhosa em ser a 12ª artilheira da Liga dos Campeões, não esperava isso, quando vi fiquei até surpresa, foi um sentimento muito gostoso. A equipe jogou como uma equipe mesmo, tiveram jogos que foi pelo lado individual, mas sabíamos que a final precisava ser no coletivo, conversamos bastante. Foi muito legal conquistar o título em grupo, aquele último abraço depois da final vale por todos os momentos da temporada, foi maravilhoso e estou muito feliz.

- O Brasil se tornou referência no handebol feminino desde 2013. Você acha que, nesse período, atingiu seu auge em termos físicos, táticos e técnicos?

Acredito que estava no meu topo em 2014, mas infelizmente veio uma lesão, tive que recomeçar, então agora posso dizer que estou no topo de novo. É sempre uma luta, para estar lá em cima precisa estar melhorando o tempo todo, o handebol está cada vez mais rápido e eu estou procurando fazer isso, quero tirar o máximo da minha carreira, até o final quero estar no topo.

Como você avalia o começo de ciclo para o Brasil pós-Olimpíada?

É um momento complicado para nós. Tem um “gap” (lacuna) muito grande, temos atletas hoje de 30, 32 anos e outras que estão entrando de 22, então falta aquelas de 25, 26 para ter realmente uma equipe de nível. Hoje temos muita diferença em relação às equipes da Europa. Lógico, não tem como avaliar muito bem ainda, estamos começando agora, é normal essa diferença. Chegando ao Mundial, já vamos ter dado um passo mais próximo de uma realidade melhor, vai dar para falar. Por enquanto, pelo que vemos, tem muita diferença na renovação para o time que era antes. Mas vamos continuar lutando, estar aqui na Seleção é um orgulho, temos que brigar para estar em alto nível novamente.

Comente a importância desse torneio para o início da preparação para o Pan-Americano e depois o Mundial.

Estou gostando porque está tendo uma rotatividade das atletas bem grande, tem algumas meninas que nunca haviam sido chamadas, é legal porque elas vêm com fome, estão com uma disposição enorme, estão jogando com alegria, estão desfrutando. Estou gostando de ver. É importante uma fase dessa que podemos testar mais atletas. Se tivesse o Mundial agora, teríamos um cenário bem diferente, mas para o Pan-Americano é aceitável. Acredito que ficaremos em primeiro ou segundo e, assim, nos classificarmos. Esse é nosso objetivo, conhecer nossas atletas e implementar a vontade de ganhar durante todo o ciclo.

Como você lida com a questão física nesse final de temporada?

Quando chega essa época é cansativo, esse é um momento que, pelo menos as meninas que estão na Europa, não estão no topo da parte física, já vai baixando, nós temos que descansar agora para recuperar bem e aguentar a próxima, então o Graciano sabe disso e não está exigindo tanto da gente. Durante a temporada nós somos muito bem preparadas. Durante a Liga dos Campeões, tem jogos principais no meio da semana mais as viagens, cansa um pouco, mas você está no “pique”, supermotivada, então é só no final que bate aquele cansaço, que é natural, mas dali há duas semanas já recupera a bateria e começar a próxima.


Estamos vivendo um momento de transição na comissão técnica. Está chegando o espanhol Jorge Dueñas. O que você pode falar dele?

Gosto muito da escola espanhola, meu técnico lá no Gyor (time que atua na Hungria) é espanhol também. Usam uma tática muito coletiva, que para o Brasil é muito importante. Nós somos atletas que precisamos de um jogo assim, flui melhor. O Jorge vai trazer isso para a gente. E ele vai trazer um ânimo também. Estamos começando um trabalho agora, temos que ter mais atletas de qualidade, temos que ter três boas por cada posição para ninguém se acomodar. Fechamos um ciclo que não tinha tantas atletas por posição, então agora temos que aproveitar isso. Ele é uma pessoa motivada, vai procurar no Brasil todo, isso que é importante, ele vai trazer um trabalho muito bom para todos nós.

O que ele pode trazer de diferente do que o Morten apresentava?

Acredito que o trabalho coletivo. O Morten acreditava muito no individual, se uma atleta numa fase boa, faz-se o jogo em cima dela. A escola dinamarquesa traz isso. Acho que essa vai ser a maior diferença entre os dois trabalhos. A questão de acreditar na vitória está no europeu, acho que vai ser parecido. O Morten também deixou o legado dele. Hoje a gente acredita que pode jogar de igual para igual com os principais times da Europa. Então cada um tem um estilo diferente, mas ambos são muito qualificados.

O torneio traz de volta um certo clima vivido no Rio ano passado?

Pela torcida sim, em termos de jogos é diferente, o clima é diferente e até a pressão é diferente, mas a questão do público, sim. Eles sempre mostram um carinho enorme pelo nosso handebol. Até agora que não estamos na melhor fase, todos estão comparecendo e acreditam na gente.


foto: Cinara Piccolo e William Lucas/ Photo & Grafia

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