Pelo menos 60 marchadores estão planejando enviar uma petição ao presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Sebastian Coe, para que ele faça oposição à possível decisão de abandonar o evento masculino de 50 quilômetros do Campeonato Olímpico e Mundial.
Discussões sobre a possível mudança de formato do evento,vão acontecer na reunião de conselho da IAAF,nos dias 12 e 13 de abril.
O órgão governante mundial alega que quaisquer mudanças são totalmente dependentes das discussões do Conselho.
Acredita-se que o COI esteja por trás da proposta como parte de seu esforço para melhorar a igualdade de gênero no programa olímpico.
Atualmente, os homens competem em 20 km e 50 km , enquanto as mulheres correm apenas os 20 km.
A ideia proposta é de uma meia-maratona de 21,1 km para ambos os sexos.
A carta, que deverá ser enviada hoje à Coe, é co-assinada pelo australiano Jared Tallent e Matej Tóth da Eslováquia, os respectivos campeões olímpicos de 50km em Londres 2012 e Rio 2016.
"Recentemente veio à publico que o COI propôs mudanças no calendário internacional de eventos para os marchadores a partir de 2018", diz a petição.
"A abolição da corrida masculina de 50 km nos Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais da IAAF e os 20 km de homens e mulheres caminham para uma distância de meia maratona (21,1 km)."
"É nosso entendimento que o Conselho da IAAF vai votar sobre essas mudanças na próxima reunião do Conselho em Londres".
A petição acrescenta: "Olímpicos, atletas e adeptos dos Jogos acreditam firmemente que o COI deve abraçar em vez de excluir eventos como a marcha de 50 km ...
"... Para desenvolver ainda mais a igualdade de gênero e criar um campo esportivo justo e ético, propomos que o calendário atual de três eventos, 50 km de marcha masculina, 20 km de marcha masculina e 20 km de marcha das mulheres, seja mantido até os Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020."
"Com a representação dos atletas, é nosso desejo criar um grupo de trabalho para avaliar o futuro do evento além de 2020."
"Essas medidas asseguram uma consulta suficiente dos atletas, a manutenção dos meios de subsistência dos atletas e recompensa o investimento das Federações Nacionais em apoio aos seus atletas até 2020."
"Esta proposta proporciona à IAAF a oportunidade de comprometer-se com a transparência na tomada de decisões e ouvir os atletas que eles representam."
"Pedimos a Thomas Bach e ao Conselho Executivo do COI, Sebastian Coe e ao Conselho da IAAF, que sejam transparentes neste processo de tomada de decisão e incluam os atletas em qualquer discussão futura sobre a marcha nos Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais da IAAF. "
Muitos marchadores estão criticando por redes sociais a decisão da IAAF.
O diretor de esportes do COI,Kit McConnell,não quis falar sobre o assunto.
Ele confirmou, no entanto, que enquanto cada Federação Internacional de Verão tinha um prazo de fevereiro para apresentar propostas de eventos para Tóquio 2020, eles tem dado alguma flexibilidade para levar em conta reuniões como a do Conselho da IAAF.
"De um ponto de vista geral em cada esporte, nós estamos procurando a igualdade de gênero"
"Como você sabe, em alguns esportes que não significa um programa completamente espelhado de eventos, porque em alguns esportes você pode alcançar números iguais sem ter exatamente os mesmos eventos para homens e mulheres."
"É uma conversa que estamos tendo com cada Federação."
"Sobre o que a igualdade de gênero significa em seu esporte, tanto do lado do atleta quanto do lado do evento."
O evento de 50KM foi disputado pela primeira vez em 1932 em Los Angeles e desde então vem sendo disputado,a exceção foi Montreal 1976 quando o evento não foi disputado,ele é também o único evento do atletismo onde não tem um evento feminino igual ou parecido como é com o heptatlo e o decatlo por exemplo.
A partir deste ano, a IAAF fez os 50km uma corrida aberta que significa que as mulheres são permitidas para competir ao lado de homens no Campeonato Mundial em Londres em agosto, se forem selecionadas por seu país.
O evento enfrentou grandes problemas de doping nos últimos anos,em especial a Rússia tem sido muito criticada por conta disso mas desde então a IAAF fez melhorias para isso não ocorrer com tanta frequência.
Tallent ganhou à medalha de ouro em Londres 2012 depois que o vencedor inicial Sergey Kirdyapkin foi desqualificado.
O medalhista de ouro de Pequim 2008, Alex Schwazer, da Itália, também foi envolvido em dois casos de doping.
Ainda não está claro como a questão será deliberada e votada.
"A marcha de 50km representa muitos dos valores olímpicos, mais notavelmente como suportar, é um dos poucos eventos livres no programa olímpico, permitindo que todos testemunhem e se envolvam com os atletas em sua busca pela excelência", acrescenta a petição.
"No Rio, a marcha de 50km foi um evento global."
"Foi um dos dois únicos eventos nos Jogos Olímpicos do Rio, onde os quatro primeiros colocados representaram países de diferentes continentes."
"As caminhadas têm sido um grampo do programa de atletismo olímpico desde 1932."
"Embora apreciando a sua história, reconhecemos que o esporte deve evoluir constantemente para permanecer relevante e atraente."
"Ter dois homens e apenas um caminhadas femininas em grandes campeonatos é baseado em uma suposição desatualizada e mal concebida."
"Encomendamos a IAAF em tomar medidas para garantir que a desigualdade com base no gênero está se fechando e comemorar o primeiro recorde mundial oficial de 50km de caminhada feminina."
"Queremos trabalhar com os órgãos de governo do mais alto nível."
Novos eventos devem ser decididos na reunião do Conselho Executivo do COI em Lausanne, em julho.
Foto:Getty Images
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