O secretário-geral da Federação Internacional de Basquetebol (FIBA), Patrick Baumann, saudou um "momento histórico para o esporte feminino no Irã" depois que os homens tiveram permissão para assistir um jogo feminino em Teerã.
Essa foi a primeira vez que os homens tiveram permissão para assistir um esporte feminino no país.
O concurso de exposições entre a Gaz e a Koosha Sepehr também deu à FIBA a oportunidade de supervisionar um evento no qual as jogadoras usavam hijabs antes de considerarem uma proposta que permita que o traje seja usado durante todos os jogos no próximo mês.
O órgão do governo mundial foi representado por Lubomir Kotleba, um "conselheiro" do secretário-geral.
Ele participou ao lado de Mahmoud Mashhoun e Ali Towfigh, o respectivo Presidente e Secretário Geral da Federação de Basquete da República Islâmica do Irã.
"Este é um momento histórico para o esporte feminino no Irã", acrescentou Baumann, membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), que também é presidente da SportAccord, em comunicado publicado no site da FIBA.
"Gostaria de agradecer à Federação e às autoridades iranianas por terem realizado este evento sem precedentes".
Nos últimos anos, tem havido pressão feroz do mundo muçulmano para a FIBA mudar sua política do uso do hijab, coisa que piorou em 2014 quando o Qatar se retirou dos Jogos Asiáticos após não utilizar o hijab.
Os hijabs estão atualmente fora da lei por motivos de segurança.
O artigo 4.4.2 do regulamento da FIBA estabelece que "os(as) jogadores(as) não devem usar equipamentos [objetos] que possam causar lesões a outros(as) jogadores(as)".
Mas uma proposta de mudança de regras elaborada pela Comissão Técnica da FIBA deve ser considerada no Congresso de Médio Prazo do próximo mês, marcado para 4 e 5 de maio em Hong Kong.
Uma petição do jogador líbio-britânico Ezdihar Abdulmula pedindo que os hijabs sejam permitidos até agora ganhou 132.399 assinaturas.
"Gostaria de agradecer à FIBA por esta oportunidade e por nos apoiar durante todos esses anos", disse Mashoun, também citado no site da FIBA.
"É um dia histórico não apenas para o Irã, mas para todo o mundo muçulmano."
"Temos esperança de que a FIBA venha com uma decisão positiva sobre a questão do hijab."
O Irã tem evoluído no basquete masculino sendo atualmente a seleção número 25 no ranking da FIBA.
A equipe feminina terminou em quarto lugar no Campeonato Asiático de 1974, mas não competiu internacionalmente desde a Revolução Islâmica cinco anos depois, no entanto atualmente o basquete feminino tem crescido também com equipes femininas sendo aprovadas.
O Irã também enfrentou uma enorme oposição por sua suposta perseguição aos direitos das mulheres em diferentes esportes.
Isto tem sido particularmente forte no voleibol depois de uma lei que restringe o acesso das mulheres foi introduzida como uma extensão de uma política semelhante no futebol em 2012, a lei condenou inclusive a iraniana-britânica Ghoncheh Ghavami por ter assistido um jogo da Liga Mundial em 2014.
Ghavami, presa por "propaganda contra o regime", passou 151 dias na prisão de Evin antes de ser liberada e as acusações não foram adiante.
A Federação Internacional de Voleibol tem se mostrado incapaz de suspender a proibição, mas teve algum sucesso em negociar o levantamento temporário da proibição, a fim de realizar um evento vôlei de praia masculino em Kish Island.
A ativista belga-iraniana dos direitos humanos Darya Safai exigiu na semana passada uma punição por uma política que descreveu como um "apartheid sexual intolerável".
"Queremos dizer ao COI e aos organismos desportivos internacionais que devem por fim à discriminação e à segregação que as mulheres enfrentam no esporte, para não dizer nada é condescendente", disse ela à Agence France-Presse quando faz campanha fora da Torre Eiffel .
Ela teria revelado um banner que dizia: "Paris 2024 Contra o Apartheid Sexual - Boicote à Arábia Saudita e ao Irã".
Foto:FIBA
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