A patinadora Isadora Williams, que completou 21 anos ontem (8/2), afirma que cresceu e amadureceu como atleta desde quando surgiu para o cenário internacional ao se classificar para os jogos de Sochi. Após quase desistir da carreira após sua apresentação em Sochi - ela revela nunca ter visto sua apresentação - , Isadora retomou os treinos e vive melhor fase na carreira, com classificação para o mundial de patinação em Helsinque e um vice campeonato na Santa Claus Cup. Uma das atletas de inverno mais populares entre os brasileiros, nessa entrevista Isadora fala do seu amadurecimento, sua responsabilidade de representar o país e suas expectativas para o mundial de 2017 e os jogos de Pyeongchang em 2018. Confira:
- Qual o sentimento de ter conseguido a classificação para o Mundial de patinação artística e qual sua expectativa para essa competição?
Uma grande sensação de alívio e depois de muita felicidade. Eu treinei bastante o meu programa curto porque já havia conseguido a pontuação no longo que é muito mais difícil de conseguir. Eu tive que me preparar melhor mentalmente e controlar o nervosismo. Eu adoro os meus dois programas tenho elementos fortes para uma boa pontuação. A meta agora para o mundial é focar 100% nos treinos e tentar a vaga olímpica pela segunda vez.
- Com o Mundial de patinação artística servindo de pré-olímpico para Pyeongchang, ele tem uma importância maior. Como está o planejamento para esta competição?
Sim, neste mundial tenho boas chances de conquistar a vaga olímpica para o Brasil. Algumas mudanças já foram feitas para aprimorar os treinos. Espero que estas mudanças beneficiem muito os meus treinos. Este é um período muito importante, tenho que estar bem preparada fisicamente e mentalmente também porque a pressão será muito grande. Quando estive no Brasil em Setembro para o show 'Patinação das estrelas' fiz uma grande amizade com a Kira Korpi que é da Finlândia, onde o mundial será sediado. Então será muito legal ter em Helsinque um rosto familiar. Penso também que vou ter torcida brasileira lá, por isto tenho a responsabilidade de fazer uma boa apresentação.
- A que se deve seus bons resultados em 2016? Você considera este um dos melhores anos de sua carreira?
A minha maturidade, a dedicação dos meus treinadores e o apoio da minha confederação, a CBDG. Sem este apoio eu não teria condições de seguir com os treinos. A CBDG de hoje é muito mais seria e organizada. Este respaldo é muito importante para o atleta profissional.
E sim, eu tive duas temporadas muito boas com pódio e medalhas. Não posso reclamar!
- Qual a diferença da Isadora dos jogos de Sochi para a Isadora de hoje?
Eu cresci e amadureci como pessoa e atleta. Até hoje eu ainda não assisti a minha apresentação em Sochi. A falta de experiência me fez cometer muitos erros. Quando eu voltei da Rússia, disse para mim mesma que nunca mais iria colocar os meus pés numa pista de patinação. E por quase cinco meses eu não patinei. Mas aí foi dando um aperto no coração e uma vontade louca de voltar a patinar novamente. Resolvi então me perdoar, vi que acima dos meus erros estava meu nome representando o Brasil e estarei na lista das 30 melhores patinadoras do mundo para sempre. Eu fiz historia para o nosso país. Eu sou uma atleta olímpica. Isto é grande.
- Você é a atleta de inverno brasileira com mais seguidores nas redes sociais, com uma grande torcida por você. Como você lida com a expectativa por melhores resultados nas competições que disputa? Você sente alguma responsabilidade maior que os demais atletas de inverno em conseguir vaga para Pyeongchang?
Sim, quando eu entro na pista representando o Brasil a responsabilidade pesa e muito. Tenho a obrigação de sempre fazer melhor do que as outras, não tenho muito espaço para cometer erros por menor que seja. Ainda não temos juízes para lutar por mim na mesa técnica e isto faz muita diferença. Os meus erros são julgados por microscópio pois qualquer erro, por menor que seja, os pontos são deduzidos ao máximo. Por exemplo: Numa uma escala de deduções de 0 a 3, Se cometo algum erro os 3 pontos são automaticamente deduzidos. Agora com um juiz a meu favor eu teria a chance de não perder pontos .
E eu tenho a sorte de ter os melhores fãs do mundo! A minha torcida é muito calorosa e sempre me apoia nos bons e nos maus momentos. Eles rezam por mim e enviam mensagens lindas de muito carinho. A torcida brasileira é muito calorosa e é uma torcida diferente das outras. O apoio deles é muito importante para mim. A patinação no gelo e um esporte lindo que encanta e apaixona as pessoas. E gracas a Deus, eu consegui encantar a minha torcida.
- Você tem vindo muito ao Brasil para fazer apresentações de gala da patinação artística. Você planeja participar desses eventos em 2017 ou o foco estará na classificação para Pyeongchang?
Eu simplesmente ADORO ir ao Brasil fazer estes shows. E a oportunidade que tenho de estar perto da minha torcida e das minhas raízes. Mas a prioridade agora é focar para o Mundial porque é uma oportunidade única. Os shows eu poderei fazer sempre, mas uma vaga olímpica só se conquista a cada quatro anos e a disputa é feroz.
- Sabemos que ainda falta conquistar a vaga, mas qual sua expectativa para os jogos de Inverno de Pyeongchang?
Eu tenho boas chances e vou dar o melhor de mim. Adoro os meus dois programas e as coreografias são boas. Tenho elementos fortes para conseguir uma boa pontuação. E adicionei o salto triplo loop e estou conseguindo executá-lo nos meus programas com consistência. Este salto é o terror das patinadoras. Tenho o spread eagle como entrada antes do salto duplo axel que é um elemento difícil de ser executado. Estou treinando muito as piruetas para conseguir chegar o nível 4 e obter boas notas e consequentemente alcançar bons resultados no mundial.
- Gostaríamos que você deixasse um recado para os leitores do Surto Olímpico
Gostaria que todos soubessem que tenho muita honra e orgulho de representar o Brasil na patinação artística. Torçam por mim em Helsinque. Esta conquista é nossa Brasil! Um beijo grande a todos.
Foto: Divulgação e Joana Grams
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