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Surto Entrevista: Williames Souza

Um dos esportes que farão a sua estreia nos jogos olímpicos de 2020, O Caratê pode se gabar por ter o privilégio de estrear onde foi criado, no Japão. Mas além disso, o esporte carrega grandes esperanças do Brasil em medalhas, devido aos grandes atletas como Drouglas Brose, Valéria Kumizaki e o baiano Williames Souza. Referência no Katá (que ele explica como é na entrevista) no Brasil, Williames, vigésimo oitavo do ranking mundial,  conta nessa entrevista para o Surto Olímpico sobre a emoção mundo do Caratê em participar dos jogos olímpicos, explica um pouco mais sobre o esporte e suas expectativas nesse primeiro ciclo olímpico que o Caratê participa. confira:



 - Como você descobriu o Caratê e quando você viu que poderia ser um atleta de alto nível no esporte?

Iniciei no caratê aos 6 anos de idade, sempre fui uma criança muito agitada (risos), então meus pais decidiram me colocar para praticar algum esporte. Como havia uma academia de caratê próximo a minha casa, eles me levaram lá, a principio foi algo despretensioso. Minha inserção no alto rendimento foi algo natural, sempre fui muito dedicado aos treinamentos e orientações recebidas pelos meus professores, em 2006 disputei meu primeiro campeonato nacional, fui medalha de bronze no katá individual e campeão por equipes, no ano seguinte conquistei o ouro nas duas categorias - individual e equipe - e então recebi a convocação para integrar a Seleção Brasileira. A partir daí percebi que a coisa estava ficando séria. 

- Como foi a reação do mundo do caratê quando o esporte foi confirmado como esporte olímpico em 2020? o que você sentiu na hora que soube da notícia?

Foi algo indescritível, já vínhamos buscando essa oportunidade de ser um esporte olímpico há algum tempo, nas ultimas votações chegávamos muito perto, mas infelizmente não acontecia. Dessa vez foi diferente, dessa vez tínhamos algo a mais, o fato da próxima olimpíada acontecer no Japão, o berço do nosso esporte, nos dava uma esperança a mais. No momento do anuncio foi algo realmente muito emocionante, acaba passando um filme em sua cabeça, tantas pessoas trabalharam duro para que esse dia chegasse e finalmente ele chegou. O caratê é um esporte tão lindo e cheio de valores, merecia demais essa oportunidade. 

- O que muda para o Caratê após a inclusão do esporte no programa dos Jogos Olímpicos?

À princípio mudam algumas coisas internamente, as categorias que temos hoje no circuito da World Karate Federation serão ajustadas a fim de se adequar a proposta olímpica. Em campeonatos oficiais temos 2 categorias de Kata - individual, equipes masculino e feminino, e 5 pesos de Kumitê masculino e feminino, totalizando 14 categorias. Para os Jogos de Tóquio teremos 8 categorias em disputa: Kata individual masculino e feminino e Kumitê (Masculino até 67kg; até 75kg e acima de 75kg - Feminino até 55kg; até 61kg e acima de 61kg).

Além dessas mudanças na parte técnica esperamos uma melhora na visibilidade e principalmente no apoio ao nosso esporte. Atualmente todos os atletas da Seleção Brasileira tem que arcar com suas próprias despesas para treinamento e competição, a Confederação Brasileira ajuda com a hospedagem em alguns eventos, mas ainda falta muito. O Brasil tem um material humano muito bom, temos chances de brigar por medalhas em Tóquio em todas as categorias, porém precisamos de apoio para fazer uma preparação adequada. Esperamos que essas mudanças aconteçam e cheguem o quanto antes. 

- Para os leitores que não estão habituados, quais as diferenças entre o Katá e o Kumitê?

O kata é a luta imaginaria, o atleta faz uma apresentação de um sequência de golpes - ataques e defesas - pré-determinados onde será analisado diversos aspectos como força, ritmo, equilíbrio, técnica, conformidade dos golpes, dificuldade técnica, entre outros. Enquanto o Kumitê é a luta propriamente dita, 2 minutos para o feminino e 3 minutos para o masculino, vence quem pontuar mais ou abrir um diferença de 08 pontos de vantagem. 

- Para os leitores conhecerem mais, quem são os principais nomes da modalidade Katá, na atualidade?

Atualmente temos o atleta japonês, atual bicampeão mundial Ryo Kyuna; Antonio Diaz da Venezuela, Damian Quintero da Espanha e o italiano Mattia Busato. 

- Que atmosfera você espera caso embarque para a "casa" do caratê daqui a 3 anos e meio para as Olimpíadas?

Acho que vai ser algo quase que surreal... A estreia do caratê nos Jogos Olímpicos em 'casa', junto com toda a expectativa e interesse que os Jogos Olímpicos desperta em todo o planeta, com certeza vai ser um momento ímpar. 

- Na próxima temporada, teremos os Jogos Mundiais, na Polônia, onde o caratê estará presente. Qual a importância desse evento que abrigou por tantos anos a modalidade para você e os atletas da equipe, em geral?

Os Jogos Mundiais é um evento muito especial, as disputas tem um formato mais ou menos parecido de como será nas Olimpíadas e reúne apenas os oito melhores caratecas de cada categoria. O Brasil terá 5 representantes: Valeria Kumizaki (atual Vice-campeã Mundial -55kg); Beatriz Mafra (campeã pan-americana -50kg); Isabela Rodrigues (+68kg); Douglas Brose (Bicampeão Mundial) e Hernani Verissimo (Campeão Panamericano -75kg).

Esse evento ainda não valerá pontos para a classificação olímpica, mas sem dúvida tem uma importância enorme pela magnitude e nível técnico da competição. Estaremos muito bem representados lá. 

- O Caratê, junto com o Skate e o Surfe que entraram no programa olímpico, é visto por muitos especialistas como um esporte com ótimas chances de medalha para o Brasil em 2020. Essa também é a expectativa do caratê brasileiro?

Com certeza, como comentei antes, temos um material humano de excelente qualidade, finalizamos o ultimo mundial em Linz em 9º lugar entre 108 países. Bem verdade que esse resultado se deve ainda a esforço individual, onde atletas buscam evoluir da forma que é possível. Mas não tenho dúvidas de que se for feito um planejamento e recebermos apoio/patrocínio dos órgão responsáveis poderemos classificar atletas nas 8 categorias que serão disputadas em 2020 e com chances reais de medalha em todos elas. 

- Deixe um recado para os leitores do Surto Olímpico

Queria deixar um grande abraço a todos os leitores que acompanham o Surto Olímpico, um portal realmente diferenciado com uma visão muito interessante do que acontece no meio esportivo, peço que continuem apoiando e torcendo por nosso atletas. O esporte é uma ferramenta de inclusão social incrível e pode dar uma nova perspectiva de vida a milhares de crianças pelo nosso Brasil. 

Grande abraço e fiquem com Deus. Oss!


Fotos: Divulgação e WKF

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