O alívio está estampado no rosto, mas Maria Sharapova faz questão de criticar a Federação Internacional de Tênis (ITF) sempre que pode. Depois que a ex-número 1 do mundo teve a suspensão por meldonium reduzida de dois anos para 15 meses pela Corte Arbitral do Esporte (CAS), sobrou também para a Agência Mundial Antidoping (Wada). Em entrevista à rede de TV americana "PBS", a tenista russa afirmou não pensar que o uso da substância, proibida desde o dia 1º de janeiro de 2016, resulte em ganhos de performance. Quando perguntada sobre o assunto, a tenista foi taxativa:
- De forma nenhuma. Não, porque eu sei o quão comum é. Eu sei que está na lista de "vital e essencial" na Rússia, junto com ibuprofeno. (O meldonium) é tomado como uma aspirina na Rússia. Então, para mim, não consigo fazer nem que isso entre na minha cabeça. E quando eu tomei pela primeira vez, tomei sob ordens médicas e continuei tomando assim por anos.
Ao longo deste ano, a relação entre Sharapova e a ITF se estremeceu. Na primeira instância do julgamento, no Tribunal Independente com membros indicados pela federação, a entidade tentou uma suspensão de quatro anos, a maior pena possível para casos onde o atleta tem a intenção de se dopar. O tribunal estabeleceu uma suspensão de dois anos, o maior gancho possível quando se define que o jogador não teve intenção.
Não concordando com o tempo de punição, Sharapova entrou com recurso no CAS e conseguiu a redução para 15 meses. Relembrando todo o processo, a russa admitiu acreditar cada vez mais que a ITF queria fazer dela um exemplo (chamativo) do combate ao doping no tênis.
- A ITF queria me banir por quatro anos. Eu fui à audiência da ITF, em frente a uma corte escolhida pela ITF. Então eu estou numa audiência sabendo que as pessoas a quem estou me dirigindo foram escolhidas pelas pessoas contra quem na verdade estou lutando. Eles chamam isso de neutro. Não é neutro. O CAS é neutro e é isso que o CAS me concedeu. Eu nunca quis acreditar nisso (que queriam fazer dela um exemplo), mas estou começando a achar isso.
Por estabelecer "culpa não significante ou negligência", o CAS poderia diminuir a pena de Sharapova até pela metade. Porém, ao avaliar o grau de culpa da tenista, a entidade optou por 15 meses de gancho, contados a partir da data do exame que apontou o doping (26 de janeiro). Com isso, a russa pode voltar a competir a partir de 26 de abril de 2017. O veredito chegou a ser adiado duas vezes, o que inclusive deixou a tenista fora da Olimpíada do Rio, em agosto.
Fonte: globoesporte.globo.com
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