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Dirigentes, políticos e atletas discutem legado dos Jogos Rio 2016

O Brasil viveu um ciclo único em sua história ao receber os principais eventos esportivos do planeta. Agora, passados os esforços de preparação para sediar a Copa das Confederações de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas e Paralimpíadas Rio 2016, o trabalho dos envolvidos na organização dos megaeventos se volta em como dar sequência aos esforços e investimentos. Com este objetivo, foi realizado nesta terça-feira (04.10) o seminário “Brasil Esportes – Futuro do Rio após os Jogos”, no Museu do Amanhã, situado na zona portuária da capital fluminense, uma região que foi revitalizada recentemente.

O aspecto mais visível dos investimentos são as arenas construídas para receber as competições nos parques olímpicos da Barra e de Deodoro. Estas instalações são o topo de um sistema complexo chamado de Rede Nacional de Treinamento, que recebeu aportes de R$ 4 bilhões desde que o Rio foi escolhido, em 2009, para sediar os Jogos. O ministro do Esporte, Leonardo Picciani, destacou que uma das prioridades da pasta passa a ser a gestão desses espaços. “Serão equipamentos que vão atender da base ao alto rendimento. Servirão para desenvolver o esporte educacional até a preparação dos atletas para o próximo ciclo olímpico. Temos tudo para que o Rio se torne ainda mais uma cidade esportiva”.

De acordo com Picciani, a prefeitura do Rio abrirá processo de licitação para que agentes privados cuidem da gestão do Velódromo, do Centro de Tênis e da Arena Carioca 2. A empresa que assumir o contrato também deverá construir uma pista de atletismo no Parque da Barra. Para o ministro, o aproveitamento das estruturas vai ajudar a cidade a ampliar as atividades. “O Rio precisa diversificar a matriz econômica, para não ser tão dependente do petróleo, podendo ser uma cidade de serviços, recebendo diversos eventos esportivos internacionais e movimentando o turismo”, projetou.

A Rede Nacional de Treinamento conta ainda com 47 pistas de atletismo certificadas pela Federação Internacional de Atletismo espalhadas pelo país, centros de excelência como o Centro Pan-Americano de Judô, na Bahia, o Centro de Formação Olímpica do Nordeste, em Fortaleza, e o Centro Paralímpico Brasileiro, em São Paulo, para citar alguns exemplos.

“O que construímos é fantástico. O Centro Paralímpico Brasileiro é algo que não tem como mensurar agora o que vai representar para a formação de novas gerações de esportistas. Falando ainda da transformação do país, as novas pistas de atletismo vão servir para desenvolver o esporte, a base. Antes tínhamos pistas de carvão. Um atleta olímpico ainda consegue correr numa pista assim, mas uma cadeira de rodas não vai sair do lugar”, afirmou o diretor técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro, Edilson Alves, o “Tubiba”.

A disseminação dos equipamentos esportivos, na opinião de “Tubiba”, permite a captação de novos talentos e oportunidades para todos os brasileiros. “Não é somente o nosso Centro de Treinamento, é o que foi desenvolvido no país. Hoje, em qualquer região do Brasil eu consigo desenvolver um projeto de iniciação, de formação e de alto rendimento. Essa Rede Nacional é fantástica, falando do que o Ministério investiu, mas também as cidades, as várias universidades que se prepararam para receber delegações, os vários equipamentos das Forças Armadas. Então, podemos fazer uma transformação no nosso esporte”.

O velejador e dirigente esportista Torben Grael ressalvou que é necessário seguir com os investimentos em programas como a Bolsa Atleta e a Bolsa Pódio, o incentivo às importações de equipamentos esportivos e uma desburocratização da Lei de Incentivo ao Esporte (LIE). O ministro Picciani garantiu o prosseguimento dos patrocínios aos atletas e disse que vai defender no Congresso um aumento de 1% para 3% da alíquota de abatimento fiscal para quem contribui com a LIE.

Legado Imaterial
Além das construções, outro benefício que os Jogos no Rio trouxeram foi uma mudança na percepção sobre as pessoas com deficiência. Multimedalhista da natação, Clodoaldo Silva, que se aposentou das piscinas após as Paralimpíadas de 2016, contou um caso sobre a sua própria filha, de quatro anos, com o velocista Yohanson Nascimento para ilustrar a mudança de olhar dos brasileiros.

“Estávamos em uma gravação de um programa com o Yohanson, que não tem as duas mãos, e brinco muito com ele. Minha filha viu aquilo e depois fomos almoçar. Ela virou e perguntou: ‘Pai, sabe aquele seu amigo?’, nessa hora eu pensei que ela ia falar da deficiência... ‘Ele corre para caramba’. Ela lembrou do campeão, não da deficiência. Era isso que esperávamos, não que nos vissem como coitadinhos, mas do que somos capazes”.

A mesma sensação foi compartilhada por outro super campeão brasileiro da natação. Daniel Dias afirmou que já percebeu uma diferença no comportamento das pessoas. “Logo que saí da Vila dos Atletas, porque a gente fica muito concentrado naquele mundo ali, percebi mais respeito, um olhar diferente para os deficientes, então, quebramos mais essa barreira, a do preconceito. Não ter uma perna, um braço, não define quem eu sou”.

Além da mudança no olhar sobre os deficientes, os Jogos também fizeram os brasileiros valorizarem mais a importância do esporte para a sociedade, na opinião do ministro Picciani. “Ninguém mais vai enxergar o esporte como política pública de segunda importância, mas como atividade que gera renda, requer pesquisa e que é essencial para a saúde e educação”.

Uma visão diferente, uma infraestrutura disponível e novos ídolos, como Robson Conceição, medalha de ouro no boxe nos Jogos Rio 2016, que pretende desenvolver projetos sociais na Bahia, são alguns dos elementos disponíveis para o país crescer no esporte. “Essa medalha pode ser uma grande oportunidade para incentivar jovens e crianças carentes. Eu pretendo ajudá-los a realizarem seus sonhos”, disse.

Foto: Ministério do Esporte


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