Natalia Mayara encerrou sua participação nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015 da melhor forma possível. Com duas medalhas de ouro no tênis em cadeira de rodas, em simples e duplas, foi escolhida para carregar a bandeira do Brasil no desfile da cerimônia de encerramento do evento. Um momento inesquecível para ela e até aqui considerado o auge da carreira. Até hoje, pois ela pretende mudar isso em casa, nos Jogos Paralímpicos Rio 2016.
Aos 22 anos, Natalia chega como uma das principais apostas da
delegação brasileira em busca da inédita medalha na modalidade. A
estreia nos Jogos Paralímpicos deu-se quatro anos atrás, em Londres
2012. À época com 18 anos, a tenista acabou perdendo na primeira rodada
para a holandesa Jiske Griffioen, medalhista de bronze na Inglaterra. Um
jogo que ela se lembra.
“Não tinha tido contato com as meninas mais tops. Ao mesmo tempo em
que foi boa a sensação de estrear e jogar uma Paralimpíada contra a
número dois do mundo, foi triste ter sido tão rápido. Foi meio estranho.
Saí satisfeita com o que fiz, porque joguei bem, mas com aquela coisa
de querer mais. Isso fez com que eu me dedicasse tanto para chegar aqui e
não ter essa sensação de novo”, lembra.
Mais experiente do que na última edição, a brasileira se diz mais
preparada para enfrentar as melhores do mundo na modalidade e conseguir
chegar mais longe na Paralimpíada. “Muita coisa mudou de Londres para
cá. Tenho mais maturidade, sei como tudo funciona, tirei o estresse e o
nervosismo. Sem falar que me preparei muito mais. Não estava mirando em
Londres, aconteceu. Desta vez, entrei direto por conta da medalha no
Parapan. Acho que vai ser como se fosse minha primeira Paralimpíada”,
afirma a pernambucana radicada em Brasília.
Além do crescimento emocional e técnico, Natalia se apoia, também, na
confiança que as medalhas de ouro conquistadas em Toronto trouxeram.
“Foi um momento em que eu consegui provar para muita gente do que eu era
capaz. Foi ali que mostrei para minhas adversárias que eu estou
chegando e mudei bastante. Foi o melhor momento da minha carreira e o
que me motivou ainda mais para seguir em frente. Depois da conquista do
Paparan, trabalhei em dobro, porque sei que vai ser uma competição muito
mais difícil. O nível é bem mais alto, mas também aumentei meu nível
para estar aqui”, exalta.
Primeiro passo do sonho
O sorriso e as brincadeiras são naturais para Natalia Mayara, mesmo
durante os treinamentos. O que a deixa ainda mais feliz e empolgada é
falar sobre a Cerimônia de Abertura dos Jogos Rio 2016, parte da
experiência paralímpica que ela não queria perder de maneira alguma. “Ia
sofrer demais. Não posso deixar de ir”, diz.
Como só estreia em 9 de setembro, a tenista foi liberada para
realizar o sonho e entrar no Maracanã com a delegação brasileira,
momento muito esperado por ela. “Estou muito ansiosa, ainda mais com
todo esse mistério que ficam fazendo. Fico imaginando todo dia. Ali tudo
vai começar, meu sonho vai dar o primeiro passo”, destaca Natalia,
revelando que todo dia entra na internet para buscar detalhes do evento.
Entre a participação na abertura e a estreia de fato nos Jogos
Paralímpicos, a tenista terá ainda outro momento de muita tensão e
expectativa: o sorteio das chaves do tênis em cadeira de rodas, previsto
para ocorrer um dia antes das partidas começarem. Ali, ela vai conhecer
suas adversárias no Rio 2016.
“Vou estar lá de joelhos, com os dedos cruzados”, brinca. “Logico que
a gente quer tentar pegar um jogo mais tranquilo na estreia, para ir
crescendo ao longo do torneio. Mas ao mesmo tempo sei que quem quer
ganhar medalha não pode escolher adversário. Estou me preparando para
qualquer uma”, acrescenta.
Força das arquibancadas
Atual número 24 do mundo, Natalia não chega ao Rio 2016 cotada como
favorita a uma medalha. Mas nada que impeça a brasileira de sonhar em
chegar lá. Para ela, a Paralimpíada é um torneio diferente dos demais.
“A pressão é diferente e a vontade de cada uma também. As pessoas vão
para representar seus países da melhor maneira possível. Quem
imaginaria o Djokovic sendo eliminado na primeira rodada?”, questiona
Natalia, lembrando da eliminação do número um do mundo no torneio
masculino de tênis dos Jogos Olímpicos para o argentino Juan Martín Del
Potro.
Além disso, ela conta com a torcida para conseguir surpreender e
chegar mais longe no torneio, de preferência até o pódio. “A torcida faz
o atleta se motivar muito mais e tirar forças de onde nem imagina ter.
Eu gosto de torcida e acho que isso vai me levar bastante para frente e,
se Deus quiser, junto com o público poderei ganhar uma medalha.”
Foto: CPB
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