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Delegação brasileira transforma hasteamento da bandeira na vila paralímpica em festa

“Pode tremer, gringaiada!”. A exclamação, em tom de gaiatice, veio logo depois de dezenas de atletas da delegação paralímpica brasileira cantarem, a capela, toda a segunda parte do Hino Nacional. O episódio foi o início do ponto alto da cerimônia de boas vindas realizada na Vila dos Atletas, no início da noite da terça-feira (6.09). Claro que nenhum gringo tremeu. Mas houve alguns deles que se impressionaram. A ponto de os dois prédios mais próximos ao palco da cerimônia, que hospedam delegações de países como Grécia, Angola, Alemanha, Argentina, Chile e Jamaica, ficarem com as sacadas repletas de curiosos.  

O olhar deles para a ala internacional da vila captou, mas não necessariamente traduziu apropriadamente, um misto de forró, samba, Trenzinho Caipira de Villa-Lobos, maracatu, funk e frevo. Tudo com um pezinho bem nacional. Assim como é "da terrinha" o improviso que eles puderam observar nas múltiplas rodas de samba que se criaram informalmente em torno dos dançarinos profissionais da cerimônia. Bailarinos que rapidamente viraram coadjuvantes em meio ao trenzinho com atletas cadeirantes, amputados e deficientes visuais cantando que “a minha alegria atravessou o mar e ancorou na passarela”. 

Se não foi o maior show da Terra, como superlativiza o refrão do samba-enredo da União da Ilha de 1982, o momento foi um simbólico frame do que se projeta para a delegação nacional nos Jogos Paralímpicos, que terão a cerimônia de abertura nesta quarta-feira (7.09), no Maracanã. Um conjunto de 286 atletas chega ao megaevento com pretensões de protagonismo, de figurar entre as cinco maiores potências do paradesporto mundial no quadro de medalhas.  

"Eles podem tremer mesmo, porque a torcida que a gente tem, a energia que a gente tem, é muito nossa. Com certeza eles estão preocupados”, brincou o mesatenista Guilherme Costa, estreante em Jogos Paralímpicos, mirando as sacadas vizinhas. “Aqui é diferente. A gente é dessa forma. E é isso que eles já conhecem. Tremer eu acredito que não vão, mas com certeza vai haver um respeito maior. E aqui temos a felicidade de não sermos só anfitriões, não sermos só coadjuvantes. A gente vem para ser top 5 do mundo”, afirmou o nadador Clodoaldo Silva, dono de seis ouros paralímpicos. 

A melhor tradução 
Para o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Andrew Parsons, a efusividade que caracterizou o hasteamento da bandeira simboliza um pouco do que a delegação nacional vai proporcionar nos próximos 12 dias. “Essa energia toda que a gente viu aqui veremos traduzida em ouros, pratas, bronzes, lágrimas e suor. A gente vai disputar com alegria e muita vontade de ganhar, com a faca nos dentes, sim, mas com essa energia positiva. O esporte é competição, mas também congraçamento. A gente não tem inimigos, mas oponentes. E será desse jeito, com essa pegada que vimos aqui”, disse. 

E, se o estopim para a festa improvisada veio do Hino Nacional, ver a bandeira brasileira hasteada fez crescer a vontade de repetir a dose em integrantes da delegação. “Ah, eu quero essa cena repetida para mim no mínimo quatro vezes. Aliás, quero várias, não só comigo no pódio, mas com vários brasileiros. Espero que todos os dias, em todas as etapas, que o Hino Nacional toque e a nossa bandeira esteja no lugar mais alto, que é o que a gente merece e trabalha para conseguir”, afirmou a velocista Terezinha Guilhermina, tricampeã paralímpica. “Com certeza a gente vai ouvir de novo. E nas próximas vezes com um atleta no ponto mais alto do pódio”, completou Petrúcio Ferreira, ouro no Parapan de Toronto nos 100m classe T 47.  

Antes dos pódios e hinos, contudo, Shirlene Coelho terá nas mãos o símbolo nacional na Cerimônia de Abertura deste 7 de setembro, no Maracanã, como porta-bandeiras da delegação nacional. "Ouvir o hino aqui deu mais vontade e força de querer ouvi-lo nas minhas provas. Acredito que é o que vai acontecer”, afirmou a medalhista de ouro no arremesso de dardo nos Jogos Paralímpicos de Londres, em 2012.  

Prefeita da Vila e anfitriã na maioria das cerimônias de boas vindas, Janeth Arcain não negou que a intensidade brasileira mexeu com o protocolo. "A gente tem de falar dessa energia mesmo. A gente tem um retrospecto muito positivo em Jogos Paralímpicos e dentro de casa essa emoção e essa energia vão ser mais fortes ainda. Temos de aproveitar o momento”.

Foto: Brasil 2016




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