As bagagens dos atletas brasileiros que desembarcaram no domingo
(04.09) no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio de
Janeiro, vieram pesadas. Mas não são os quilos referentes a roupas e
acessórios para treino e competição. Nas malas e mochilas, vieram
elementos que vão ser fundamentais para fazer dos Jogos Paralímpicos Rio
2016 um evento especial para o público e uma competição produtiva em
termos de resultados para o país anfitrião, que visa ao quinto lugar no
quadro geral de medalhas.
“Trago um coração cheio de vontade de vencer, muito suor, muita
lágrima ao longo desse ciclo e a certeza de que vou fazer valer a pena
ter chegado até aqui”, disse Terezinha Guilhermina, atual campeã
paralímpica nos 100m e 200m e recordista mundial nos 100m e 400m na
classe T11 (deficientes visuais). Ela chegou ao Rio com os cabelos azuis
e promete mais cores ao longo da competição de atletismo.
Verônica Hipólito, campeã mundial nos 200m rasos e prata nos 100m da
classe T38 (paralisados cerebrais) em Lyon 2013, chegou com excesso de
bagagem. “Trago muita, muita, muita energia positiva e força, que os
outros me deram e me fizeram ver que eu tenho muita. Claro que também
trago muita comida. Desculpa, nutricionista!”, brincou.
“Trago a esperança de mostrar, nos Jogos Rio 2016, que o impossível
não existe. O verdadeiro é aquele que não enxerga o quanto é capaz”,
acrescentou Silvânia Costa, atual recordista mundial e campeã mundial no
salto em distância na classe F11 (deficientes visuais).
Experiência
O atual campeão paralímpico na classe BC2 da bocha, Maciel Santos,
vem acumulando a bagagem para o Rio 2016 há duas décadas. “Eu trouxe o
conhecimento dos atletas. Jogo bocha há 20 anos, conheço bastante gente,
vendo jogos e disputando contra eles. Sem dúvidas a experiência conta
muito para, na hora da decisão, estar bem focado. A gente está vindo
preparado para fazer o melhor possível na nossa casa e trazer o melhor
espetáculo do mundo”, afirmou.
Ricardinho, ala da seleção brasileira de futebol de 5, trouxe algo
mais além do violão para passar o tempo com os colegas. "É uma bagagem
que eu tenho como atleta: sei como funciona esse tipo de competição, é
tiro curo, não para vacilar. Fizemos tudo da melhor forma, estamos
preparados para tentar mais uma medalha de ouro", disse o atleta, que
esteve presente em dois dos três títulos paralímpicos da equipe.
Dono de 15 medalhas em Jogos, sendo 10 de ouro, o nadador Daniel Dias
contou que a vontade de divertir é um dos elementos principais de sua
bagagem. "Claro que com responsabilidade, mas temos que fazer isso com
alegria. É o que eu trago das Paralimpíadas que eu participei. Mas
também vejo que aqui vai ser diferente de tudo. Vai ser espetacular",
disse
Bagagens que ficam
Os atletas também pretendem deixar algumas bagagens no Rio e, se
possível, fazê-las circular por todo o país. “Vai ficar uma mentalidade
mais inclusiva para todos. Independentemente de ter alguma limitação,
somos capazes de fazer as coisas tanto quanto qualquer outra pessoa,
pode ser de uma forma um pouco diferente, mas tão bem quanto. Somos
capazes de sonhar, de realizar sonhos e motivar pessoas a fazer o
mesmo”, disse Terezinha Guilhermina.
“Muitas vezes, as pessoas têm alguma deficiência e ficam só dentro de
casa, mas com a chegada do esporte paralímpico na vida das pessoas,
tudo isso muda. Queremos deixar essa mensagem”, completou Dirceu Pinto,
atleta da bocha na classe BC4 e atual bicampeão paralímpico no
individual e nos pares.
Para Ricardinho, ficarão para a sociedade brasileira novas impressões
sobre os deficientes. "Quem for acompanhar os Jogos vai se impressionar,
vai ver que o esporte paralímpico é alto rendimento, vai sair com outra
visão sobre os deficientes de forma geral. Muita gente pensa que é
aquela coisa do coitadinho, mas quem assistir ao esporte paralímpico vai
perceber que é totalmente o contrário. E vai se surpreender."
Foto: CPB
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