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A (primeira) chance perdida de Alan Fonteles virar lenda

Um dos atletas com mais expectativas nos jogos Paralímpicos Rio 2016 era Alan Fonteles. Ignorando todo o seu conturbado ciclo olímpico, todos esperavam que o homem que bateu Oscar Pistorius rasgasse a pista do Engenhão e batesse recordes mundiais e entrasse definitivamente no olimpo dos grandes atletas. Mas quando Fonteles apareceu para disputar as eliminatórias dos 100m T43/44, muitas pessoas se assustaram. Acima do peso, ele passou bem longe do que costumava ser há três anos atrás. A chance de virar lenda era perdida ali.


E pensar que em Pequim 2008, Fonteles, um jovem de 16 anos brilhava no revezamento 4x100m T42-T48 e todos viam que ele teria um potencial enorme pela frente e que talvez Seus Jogos Paralímpicos seriam no Rio de Janeiro. Mas foi em Londres 2012, com 20 anos,  que ele fez o que muitos consideravam impossível: Venceu ninguém Oscar Psitorius, o cara que era imbatível entre os paralímpicos, em uma arrancada épica e inesquecível. ali víamos que Fonteles tinha condições de ser muito mais do que Pistorius era naquele momento.


Oscar Pistorius saiu de cena, após assassinar sua namorada e Fonteles e o atletismo paralímpico perderam um cara que faria uma grande rivalidade com o brasileiro. Mas Alan não diminuiu o ritmo, no mundial de atletismo paralímpico de 2013 ele foi arrasador, ganhou o título mundial e fez a incrível marca de 20s66, recorde mundial até hoje. Naquele tempo, chegou-se a cogitar uma ida dele aos Jogos olímpicos do Rio de Janeiro, pois parecia que ele podia correr muito mais rápido do que isso.


Mas após o mundial, Alan resolveu tirar um sabático. Não se sabe os motivos que levaram a isso, oficialmente, ele queria apenas descansar. Outros afirmaram que ele tinha se deslumbrado com a fama repentina e queria aproveitá-la. A CPB, mesmo não concordando com isso, aceitou esse descanso de Fonteles. Só não esperavam que ele voltasse em meados de 2014, bem acima do peso. Chegou pesando 74kg, 11 a mais do que estava em Londres. Mas ele prometeu perder esse peso, e fazer dos Jogos Rio 2016, os seus Jogos. 


Seu ano de 2015 não foi ruim. Ganhou duas medalhas no Parapan, Foi prata nos 100m e ouro nos 200m, sua prova preferida. Ele, visivelmente acima do peso, aproveitou para desabafar e dizer: "Esse ouro representa calar a boca de muita gente que não acreditou em mim." No mundial, ele foi prata, com o tempo de 22s06, muito acima de seu recorde mundial. Mas Alan fez uma promessa após a prata: "Em 2016, serei o atleta mais falado do mundo. Minha meta para o ano que vem é correr 19s. Vou treinar e me dedicar"

E os Jogos paralímpicos de 2016 vieram. Fonteles não tentou se classificar para os Jogos Olímpicos. E em sua raia, parecia estar mais acima do peso do que em 2015. A classificação dos 100m não veio e trouxe preocupação. Nos 200m, a sua grande prova, também ele não foi a final. Veio a chuva de críticas. ele alegou uma contusão na coxa. Ainda conseguiu correr no revezamento 4x100m T42-T47, o mesmo revezamento em que ele surgiu para o mundo, e ficar com a prata.


Alan Fonteles sai muito em baixa após esses Jogos Paralímpicos. Não por suas promessas de fazer o Rio 2016 os seus jogos ou correr os 200 metros em 19 segundos, foi por seu físico não condizer com um velocista e por mais que lee diga que isso não intervira, interfere sim. Velocista precisa ser leve, e com uma frequência de passadas, coisas que Fonteles não apresentou nesses Jogos. entristece vê-lo desse jeito diante de todo o potencial apresentado pelo atleta em 2012/2013 e principalmente, porque seria perfeito vê-lo se consagrando em casa.

Mas o que conta ao seu favor  é sua idade. Fonteles tem apenas 24 anos. Tem a chance de ressurgir nos Jogos de 2020. Mas precisa treinar sério, perder peso, estar totalmente focado, sem pensar em tirar ano sabático. todos sabemos que ele pode ser muito maior do que Pistorius foi na sua categoria, ele só precisa querer. Ele tem já perdeu a primeira chance de virar lenda no rio de Janeiro, que não perca a segunda em Tóquio, pois ela pode ser a última.

Fotos: AFP, Márcio Rodrigues e Fernando Maia/ MPIX/ CPB


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