Menos de 12 horas depois de uma apresentação épica de Thiago Braz no
salto com vara na noite desta segunda-feira (15.8), que rendeu ao
paulista a medalha de ouro com direito ao recorde olímpico, o Brasil
voltou disputar a prova no Estádio Olímpico nesta terça-feira (16.8),
desta vez com Fabiana Murer, outra esperança de pódio para o país nos
Jogos Olímpicos de 2016.
Mas o que era para ser mais um dia de alegria para o salto com vara
brasileiro terminou com lágrimas de Fabiana que nada tinham a ver com
choro de felicidade. Ao contrário de Thiago – que encontrou no Rio
forças para superar um desafio que jamais havia transposto, a barreira
dos 6 metros, e que por conta disso receberá nesta noite, às 21h, uma
medalha de ouro olímpica –, à paulista faltou a força necessária para
que ela passasse pela eliminatória e avançasse à sonhada final nos
Jogos.
Dona de quatro medalhas em Mundiais, com dois ouros, um bronze e uma
prata, e tendo chegado ao Rio de Janeiro com o status de vice-líder do
ranking mundial, com a marca de 4,87m, obtida no Troféu Brasil, no
início de julho, Fabiana Murer, após três tentativas frustradas de
superar a marca de 4,55m, não conseguiu uma das 12 vagas para a final.
Com isso, repetiu o roteiro de oito atrás, nos Jogos de Pequim 2008, e
também o dos Jogos de Londres 2012.
Ao fim da conversa com os jornalistas, Fabiana não segurou as
lágrimas. Mas antes que elas caíssem, fez uma análise da prova e falou
sobre como seu problema físico interferiu no resultado. “Acabei de sair
de uma prova muito complicada. Passei um mês muito difícil desde que
descobri que estava com uma hérnia de disco cervical que me tira ainda
força dos braços, das costas e que não me deixou treinar do jeito que eu
poderia para chegar bem na Olimpíada”, lamentou.
“Foi um mês muito intenso, de muito treinamento, tratamento, sempre
acreditando que seria possível chegar aqui na Olimpíada cem por cento e
batalhar para estar na final. Eu sabia que a qualificação seria difícil.
Sempre é uma prova difícil, ainda mais por este mês que passei. Tentei
fazer todos os ajustes possíveis. Comecei com uma vara mais fraca para
ver se dava certo, mas meu braço não conseguia sustentar e a vara
desenvergava antes da hora e então eu não conseguia pegar o tempo da
vara para ter a fase de voo e passar por cima do 4,55m. Peguei uma vara
mais forte para ver se dava mais certo e também não deu certo. Então é
um momento difícil”, continuou.
A paulista agradeceu todo o apoio que recebeu nas últimas semanas e
reforçou que irá se aposentar ao fim da temporada, o que tornou o dia de
hoje ainda mais difícil para ela. “É meu último ano. Já tinha feito uma
boa marca este ano, saltei 4,87m, bati recorde sul-americano e então
estava em um bom caminho. Mas infelizmente eu tive essa hérnia que
acabou desestruturando tudo. Me esforcei ao máximo, batalhei, muitas
pessoas tentaram me ajudar, toda a equipe médica e técnica me apoiando, sempre me incentivando, me colocando
para cima. A gente sempre acreditou que seria possível, os fãs, o
público, me mandando dicas, tratamento, recomendações... Então queria
agradecer todo mundo que me ajudou, que me apoiou, o que foi bem
importante para eu conseguir chegar aqui nessa Olimpíada”.
Fabiana ainda não sabe se terá condições de disputar a última etapa
da Diamond League, no dia 9 de setembro, na Europa. “Eu já fui convidada
para a última etapa, que é em Bruxelas, mas eu preciso ver como vai
estar a minha situação, se vou conseguir saltar ou não por causa da
hérnia. Ainda tenho uns 15 dias até a última competição, mas não sei
como eu vou estar”, explicou.
Foto: Brasil 2016
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