As competições da natação, um dos esportes que são carro-chefe das
Olimpíadas, se encerraram no sábado (14.08), com a despedida e mais
um ouro do fenômeno Michael Phelps, na prova do 4x100m medley. A mesma
disputa que marcou a oitava final do Brasil nos Jogos Rio 2016, quando o
quarteto Guilherme Guido, João Gomes, Henrique Martins e Marcelo
Chierighini chegou em sexto. Mais cedo, Etiene Medeiros disputou os 50m
livre e terminou em oitavo.
Apesar da falta de pódios, o técnico da equipe, Alberto Silva,
destacou o recorde de finais do Brasil na história olímpica. Os
nadadores do país ainda participaram de dez semifinais e quebraram
quatro recordes sul-americanos e um brasileiro. “A gente tem que dividir
o balanço em duas partes. O trabalho foi feito, a gente evoluiu muito,
em termos de organizar, planejar, poder contar com verba para realizar
tudo isso. Chegamos em oito finais, o que é muito bom”, disse.
Ele também destacou a diversidade e a quantidade de provas e atletas em que os donos da casa marcaram presença. “A
gente teve em outras Olimpíadas duas finais com o César Cielo, duas com
o Thiago Pereira... Em Pequim 2008, tivemos uma com a Gabriela e outra
com o Caio Márcio, quatro nadadores. Conseguimos um dos nossos
objetivos, que é aumentar a nossa base. Relevante a gente ter trabalhado
com uma massa maior de atletas, capacitado treinadores. Então
realizamos esse trabalho. E a gente ainda poderia estar falando em mais
quatro, cinco finais, que os atletas, antes de chegarem aqui, tinham
tempo para alcançar”, prosseguiu.
Agora, o trabalho da equipe técnica será avaliar o que faltou para
que as medalhas não viessem. “A nossa percepção é que a gente criou as
oportunidades. Tivemos a chance de ganhar oito medalhas, primeiro temos
que estar na final. Infelizmente não ganhamos medalhas, o que temos que
avaliar”.
Para o supervisor executivo da Confederação Brasileira de Desportos
Aquáticos (CBDA), Ricardo de Moura, o mais importante é que o caminho
para o pódio foi criado e uma cultura esportiva esta se consolidando,
representada por uma geração jovem, que ainda poderá trazer importantes
resultados. De 33 nadadores do time brasileiro, 20 fizeram sua estreia
olímpica. “Tivemos um ciclo muito produtivo, principalmente quando a
gente fala de renovação. Jogos Olímpicos da Juventude e Campeonatos
Mundiais. Tivemos dois recordistas mundiais juniores. Essa campanha está
me lembrando a de 2004, quando não tivemos medalhas porque tivemos uma
geração saindo e outra chegando. A sensação de não ter ganho a medalha é
a de todo mundo. Queria que tivesse acontecido para homenagear esse
público, que foi sensacional. Isso faz parte da criação de uma cultura
esportiva, que ainda estamos construindo”, explicou.
Para seguir este caminho rumo ao pódio, o dirigente pretende realizar
um número maior de intercâmbios internacionais para os atletas e buscar
participação em competições de nível mais alto. “Esse é o grande
problema que a gente tem no nosso continente. A gente domina e tem que
sair toda hora. Isso é caro, mas vamos ter que fazer isso. Vamos fazer
uma reunião com os clubes mais bem ranqueados para alinhar ideias. A
gente esbarra numa coisa chamada cultura esportiva. Toda a sociedade vai
para um lado e o atleta vai para outro. Essa cultura precisa ser
valorizada. Não sabemos qual o cenário que teremos daqui pra frente, mas
a real perspectiva é de estabelecer parcerias dentro da própria
comunidade. Se estivermos fortes internamente fica mais fácil”, analisou
Moura, que projeta como legado dos Jogos a distribuição dos
equipamentos utilizados nas competições para diferentes estados do país.
Futuro que também passa pelas braçadas de Etiene Medeiros, que voltou a
colocar as mulheres na final dos 50m. “Estou completamente sem palavras,
chorei um pouco. Para mim, foi uma volta por cima, um momento único,
entrei na prova sonhando. A parte psicológica é fundamental em
competição. Hoje fechei raia, como se diz na gíria - chegar em último
entre os oito numa prova -, mas com um gosto diferente, de finalista
olímpica. Temos agora que descansar a mente, o desgaste mental aqui é
absurdo, o físico ainda vai, pois estamos preparados. Daqui a pouco tem o
Troféu Finkel, que é seletiva para o Mundial de Curta em dezembro e a
cabeça tem que dar uma descansada. Eu penso em Tóquio 2020, mas há muita
água ainda pra rolar pela frente e nós atletas temos que ter
consciência disso”, concluiu.
Foto: Brasil 2016
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