Últimas Notícias

Surto História: Steve Redgrave, o homem de ouro

"Se alguém me encontrar perto de um barco, tem autorização para me matar. Eu nunca mais vou chegar perto de um barco, para mim chega"


Essas foram as palavras de um cansado Steve Redgrave, ainda no barco, após conseguir o notável feito de conquistar a sua quarta medalha de ouro consecutiva no Remo, em Atlanta 1996. Ele não competiria mais . Parecia que ali terminaria a carreira desse grande remador que conquistou o primeiro ouro em Los Angeles 1984 e em Atlanta completou o ciclo. Não aguentava mais o ritmo quase implacável de treinamento que fez para se manter no topo.

Redgrave resistiu o quanto pode, mas ele descumpriu a promessa, largando a aposentadoria  e voltando ao remo (E sem ninguém apontando uma arma para ele). Mas não na prova que o consagrou, a dois sem timoneiro, mas a quatro sem timoneiro.  "O amor pelo esporte foi mais forte. Sou movido a desafios. Uma hora você tem de parar, mas, por mais que eu tivesse prometido a mim mesmo, não conseguiria ficar vendo os Jogos pela TV.’’, Afirmou Steve às vésperas dos Jogos de Sydney. 

Outro motivo que fez Redgrave voltar a competir foi ele ter descoberto que tinha diabetes tipo 2, em 1997. "Queria provar que a doença é controlável e que eu poderia continuar remando". Ele, que mantinha uma dieta de 7000 calorias para se manter em forma, nos treinamentos para Sydney ele teve que fazer uma dieta rigorosa com baixo teor de açúcar, tendo se alimentar 10 vezes por dia em média.

Aos 38 anos, ele estava em uma raia olímpica novamente, junto com Matthew Pinsett, seu companheiro em Barcelona e Atlanta, James Carcknell e Tim Foster. O quarteto era o favorito, pois vinha de um ciclo olímpico quase perfeito, um tricampeonato mundial na categoria quatro sem. Mas um pouco antes dos jogos, eles ficaram em quarto em uma regata, o que fez muitos pensarem que o quarteto já não era tão favorito assim em Sydney.

Na primeira regata que participaram, eles ficaram em primeiro com três segundos de vantagem para o barco australiano, que ficou em segundo. Nas semi-finais, outra vitória tranquila, pondo quinhentos metros de vantagem para a segunda colocada Eslovênia.

E a final no dia 23 de setembro, calhou em um horário bom para os britânicos assistirem pela TV. 25 mil pessoas estavam em Penrith Lakes para acompanhar o possível feito de Redgrave. Assim como na semi-final, a Grã-Bretanha começou bem e estabeleceu uma vantagem confortável para os australianos na primeira metade de uma corrida épica. Itália, no entanto, tinha o plano de atacar após a marca de 1.000 m e elevou sua taxa de remada para um surpreendente nível de 44 remadas por minuto e se aproximaram rapidamente do barco britânico. Mas o quarteto manteve o ritmo forte e deu arrancada no final, fazendo o barco da Grã-Bretanha campeão olímpico por apenas 0.38 segundos num final incrivelmente dramático . Após a linha de chegada, Foster e Cracknell socaram o ar na comemoração, Redgrave, incrédulo, caiu sobre seu remo e Pinsent escalou Foster para abraçar o veterano antes de jogar-se na água.


O quarteto venceu, mas o foco era todo em Redgrave, que alcançava o feito histórico de conseguir cinco medalhas de ouro seguida, um feito único para atletas que disputam provas de resistência. Steve se aposentou após os jogos de Sydney, dessa vez para valer, e começou a receber diversas honrarias. Ele foi o primeiro atleta olímpico a receber a honraria de Sir, foi considerado o maior atleta da história da Grã Bretanha e foi o último atleta do revezamento da tocha olímpica, que entrou no estádio olímpico sendo ovacionado por todos que assistiam à cerimônia. Homenagens justa a um dos maiores remadores da história.

Fotos: Getty Images 

0 Comentários

.

APOIE O SURTO OLÍMPICO EM PARIS 2024

Sabia que você pode ajudar a enviar duas correspondentes do Surto Olímpico para cobrir os Jogos Olímpicos de Paris 2024? Faça um pix para surtoolimpico@gmail.com ou contribua com a nossa vaquinha pelo link : https://www.kickante.com.br/crowdfunding/ajude-o-surto-olimpico-a-ir-para-os-jogos-de-paris e nos ajude a levar as jornalistas Natália Oliveira e Laura Leme para cobrir os Jogos in loco!

Composto por cinco editores e sete colaboradores, o Surto Olímpico trabalha desde 2011 para ser uma referência ao público dos esportes olímpicos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Apoie nosso trabalho! Contribua para a cobertura jornalística esportiva independente!

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar