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Surto História: De seis match points salvos ao bi olímpico



A seleção brasileira feminina de vôlei tinha aportado em Londres com certa desconfiança, pois tinha perdido o Grand prix para os Estados Unidos e com o peso de ser a atual campeã olímpica. Na primeira fase, o Brasil passou sufoco, teve uma derrota incrível para Coréia do Sul, que fazia nove anos que não derrotava o Brasil, e que quase selou a desclassificação brasileira. Mas o Brasil lutou e conseguiu, com uma ajuda dos Estados Unidos, que venceu a Turquia que era adversário direto pela vaga, se garantir na quarta posição do grupo B.

Só que o quarto lugar do grupo, enfrenta o primeiro do outro. E o Brasil teria pela frente, a Rússia, invicta na competição. Gamova, Goncharova e Sokolova prontas para eliminar mais uma vez o Brasil. As russas tinham fama de serem as carrascas brasileiras: Venceram o Brasil nas semifinais de Atenas 2004, nos mundiais de 2006 e 2010 e esperavam manter a hegemonia agora em 2012.

O jogo começou equilibrado. Dani Lins, que virou titular durante os Jogos olímpicos, começou muito bem, distribuindo o jogo com maestria. Mas as russas eram fortes e fecharam o primeiro set por 26 a 24. No segundo set o Brasil, não se abalou. As meninas vieram com uma força mental até então inédita na competição e fecharam o segundo set por 25 a 22, dando o seguinte recado. Era matar ou morrer, e a seleção brasileira estava preparada para isso.

O terceiro set foi o pior do Brasil. Gamova apareceu para o jogo e Brasil acabou errando muito, com isso as russas venceram por 25 a 19. O quarto set seria decisivo e a Rússia começou controlando o placar, quando a reação veio. Fabi fez ótimas defesas, a seleção se animou e fechou o quarto set por 25 a 22.

E veio o tie break, ou melhor, o momento de Scheila brilhar. Ela, que já tinha sido importante no quarto set, resolveu comandar o time em quadra. O Brasil começou na frente o tie break, o que deu segurança às jogadoras. Mas esse Tie break reservaria surpresas inacreditáveis. A primeira foi quando o Brasil vencia por 11 a 9, Fernanda Garay, que tinha entrado muito bem no lugar de Paula Pequeno, em um ataque que foi nitidamente dentro, viu os juízes darem bola fora. O técnico brasileiro José Roberto Guimarães ficou possesso de raiva e invadiu a quadra para reclamar. O Brasil conseguiu fazer 13 a 10, mas a Rússia reagiu e fez 14 a 13, com grande atuação de Sokolova. Match point da Rússia. O fantasma de Atenas 2004 rondava de novo as brasileiras.

Foi então que Scheila resolveu aparecer, como um raio vindo do fundo da quadra para pôr a bola no chão para o Brasil. E  Rússia conseguiu outro match point com Sokolova. Scheila de novo salvou. E foi assim, seis match point russos salvos pelo Brasil, em um duelo quase particular entre Scheila e Sokolova. Até que Fernanda Garay conseguiu um ace importantíssimo e o Brasil virou para 20 a 19. Agora o match point era brasileiro. Após a bola voltar, Fabiana pôs a bola no chão e encerrou um dos jogos mais emocionantes da história do vôlei feminino.

O Brasil exorcizou todos os fantasmas russos, nesse jogo que foi o ponto de virada da seleção feminina. Scheila terminou com incríveis 27 pontos na partida, sendo o grande destaque da vitória: "Eu falei que não iria perder para as russas de novo." Bradou após a partida. Nas semi-finais, o Brasil atropelou o Japão e na final venceram as americanas, favoritas ao ouro por 3 sets a 1 se tornando bicampeãs olímpicas. A primeira vez que um esporte coletivo brasileiro conquistou duas medalhas de ouro seguidas. E tudo graças a uma partida inesquecível.

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