Nicolas Oliveira (Foto: Brasil 2016) |
Nicolas Oliveira adora esportes em equipe. Já experimentou
modalidades como basquete e futebol americano, mas foi a natação que o
levou a representar o Brasil nas principais competições do mundo. Só que
até o esporte individual tem espaço para disputas coletivas. E é
liderando um grupo de cinco atletas que Nicolas pretende ganhar uma
medalha pela primeira vez em Jogos Olímpicos. Prestes a completar 29
anos – o que ocorrerá em 4 de agosto-, o mineiro sabe do papel
importante que tem ao lado de Marcelo Chierighini (25 anos), João de
Lucca (26 anos), Matheus Santana (20 anos) e Gabriel Santos (20 anos)
para tentar levar o revezamento 4x100m livre do Brasil ao pódio.
“É meu 13º ano de seleção brasileira, já vi muita coisa, e sempre
tive um gosto muito grande por equipe. Talvez um pouco de frustração
também, apesar de a natação ter me dado tudo que eu tenho, nunca foi meu
esporte preferido de praticar. Eu tenho esse senso de equipe e vi que,
no revezamento que a gente fechou ali, eu precisava tomar uma postura em
prol dos companheiros e da seleção”, diz o nadador, que esteve em
Pequim 2008 e Londres 2012.
Para esse papel de líder, ele conta ainda com a experiência fora da
piscina, já que lida com o gerenciamento de pessoas em outros negócios
que coordena em Belo Horizonte. O fato de Cesar Cielo estar fora do
grupo também estimulou Nicolas a assumir a dianteira. “Foi uma postura
que tomei. Eu sabia que o Cesar ficando de fora, a gente precisava de
alguém para assumir a postura de colocar o revezamento brasileiro no
local que ele merece”.
Na briga pelo pódio, os principais adversários no 4x100m livre são
Austrália, Rússia, Estados Unidos e França. No Mundial do ano passado,
em Kazan (Rússia), o Brasil ficou em quarto, mas Nicolas não fez parte
da formação. Para o Rio 2016, o país está levando cinco nadadores para a
prova. Pelas regras da Federação Internacional de Natação (FINA), todos
os inscritos terão que nadar pelo menos uma etapa, seja a eliminatória
ou a final. E para aumentar a sinergia entre eles, até terapia com
cavalos foi usada.
A dinâmica motivacional
foi feita durante um camping em Los Angeles, nos Estados Unidos, no mês
passado. A ideia foi do ex-nadador Markus Rogan, austríaco medalhista de
prata nos 100m e 200m costas em Atenas 2004, que também é psicólogo e
trabalha com o brasileiro Thiago Pereira. Cada nadador tinha que guiar o
cavalo até determinados pontos da arena onde estavam. Nicolas narra a
experiência:
“Os cavalos conseguem ler o que o você está sentindo. Não adianta
você estar com a postura tranquila, se por dentro estiver com medo. O
cavalo realmente empaca. A gente teve que colocar o foco. Fizemos
revezamentos no percurso e foi legal ver, parecido com o que a gente
sofre na prova que, a partir do momento em que a gente desviava a
atenção para ver se o outro estava passando, o cavalo percebia que a
gente não estava sintonizado e parava”, conta.
“Esse processo de confiança era muito interessante, o cavalo só
seguia se você pensasse: ‘eu vou chegar àquele ponto’. Foi
impressionante ver a resposta dos animais. Foi um aprendizado de ter a
noção de como um pensamento negativo, um pingo de dúvida pode atrapalhar
o percurso. Foi interessante ver como a fraqueza de cada atleta se
mostrou no percurso. Deu pra gente conhecer um pouco mais um do outro.
Foi bom para entender o que cada um tem de melhor para escolher as
posições de cada um no revezamento”, completa.
O principal desafio é criar o espírito de grupo entre atletas que
normalmente são adversários na piscina. O esforço pode ser recompensado
com o que Nicolas mais deseja no Rio 2016. “Essa prova tem um gosto
especial pra mim. O prazer de conseguir uma medalha em grupo,
representando o meu país, eu não trocaria por medalha individual. A
expectativa está boa, os meninos estão super empolgados”, diz o atleta.
As provas do revezamento 4x100m livre masculino, tanto eliminatórias
quanto finais, estão marcadas para 7 de agosto. Nicolas também está
classificado para os 100m e 200m livre e para o revezamento 4x200m.
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