"Meu momento olímpico com certeza foi nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996. Eu estava muito bem preparado, eu tava treinando fora direto, com o pessoal da Bélgica, inclusive com o Jean Michel Saive, que tinha sido o número 1 do ranking mundial antes de começar às Olimpíadas. Eu estava em uma boa forma, bastante confiante.
Três semanas antes de começar as Olimpíadas de Atlanta, aconteceu o acidente com o meu parceiro Cláudio Kano. No dia 1º de julho, ele tava voltando para casa, com a moto dele, pra pegar a mala e ir para o aeroporto. Ele ia para lá para fazer um treinamento e eu ia me encontrar com ele depois. Infelizmente aconteceu esse acidente, ele faleceu e eu fui para lá com essa tristeza, mas ao mesmo tempo, peguei isso como motivação para que lutasse por mim e por ele.
Engraçado que no treinamento antes de começar os jogos, eu tava andando com a turma da Bélgica e saíram os grupos. O meu grupo, que era um grupo muito forte. Tinha o Jorgen Persson, da Suécia, que foi campeão mundial em 1991 e tinha sofrido um acidente de carro, ficou um tempo parado, estava voltando e já estava entre os oito primeiros do ranking mundial e o objetivo dele era lutar pela medalha. Também tinha um norte coreano, Kim Son Hui, que estava entre os trinta do mundo, eu e um jogador de Trinidad e Tobago.
Assim que eu soube do sorteio, eu fiquei confiante. Porque o Persson, que eu respeitava pelo títulos que tinha e pelo jogador que era, tinha um estilo bom para eu jogar contra. O do norte coreano também, era um estilo que eu estava mais acostumado e o de Trinidad e Tobago, eu nunca perdia dele. Engraçado foi que um dos nossos dirigentes na época, assim que eu cheguei na vila olímpica e encontrei com ele, olhou pra mim e disse: 'Putz, Hugo, pegou o Persson, né? Boa sorte!' Aquele 'boa sorte' era como se ele dissesse que não vai dar pra vencê-lo. Meu técnico Wei, que tava com a gente na época, pegou essa frase como uma motivação a mais para gente lutar e ganhar desses jogadores.
E foi o que aconteceu. Meu primeiro jogo foi contra o Norte coreano, Kim Son Hui, eu ganhei de 2 a 0. E tava perdendo os dois sets e virei o jogo. Na segunda rodada eu ganhei do Jorgen Persson. Perdi o primeiro set, ganhei o segundo e o terceiro set, eu estava com uma tática muito bem definida para cima desse jogador e consegui a vitória. E ganhando dos dois eu já estava automaticamente classificado, mas ganhei o terceiro jogo também e cheguei nas oitavas de finais.
Infelizmente eu perdi para um jogador da República Tcheca(Nota: o atleta era Petr Korbel) por 3 a 2. Eu estava ganhando por 2 a 0 e perdi por 3 a 2, era uma grande chance de poder ir mais pra frente e lutar pela medalha. Mas ele foi o meu momento mais marcante em olimpíadas, por ter vencido um jogador da categoria do Persson. Eu tive outras chances como essa, quando venci o atleta do Taipei Chinês, décimo do ranking na época em Pequim, Mas essa vitória contra o Persson foi minha grande vitória,uma das mais importantes da minha carreira."
Hugo Hoyama, ex-mesatenista que participou dos jogos de Barcelona 92, Atlanta 96, Sidney 2000, Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012
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