Guia Rio 2016: Taekwondo

Uma das modalidades mais democráticas das Olimpíadas no quesito chances de medalhas por continentes, o taekwondo movimentará os últimos dias das Olimpíadas do Rio. Com 16 competidores em cada uma das oito categorias (quatro masculinas e quatro femininas), o esporte costuma ter duelos dramáticos até os últimos segundos.

A competição é disputada em formato de mata-mata, sendo que uma repescagem faz com que sejam distribuídas duas medalhas de bronze em cada categoria. Outra limitação é que cada país só pôde enviar um máximo de quatro atletas, o que fez com que o próprio caminho até as Olimpíadas representasse uma grande dificuldade. A única nação que conseguiu colocar cinco lutadores nos Jogos foi a Coreia do Sul, por conta do ranking.

No ciclo, é importante observar que os mundiais possuíam o dobro de categorias, que são dissolvidas nos Jogos Olímpicos. A segunda competição mais importante é o Grand Prix, composto por quatro etapas por ano e que reuniu os melhores atletas do mundo e foi um bom termômetro para as previsões.

Abaixo a análise peso por peso da disputa olímpica do taekwondo no Rio:

-58kg Masculino

Data: 17/ago (preliminares, semifinais, repescagem e finais)

Sede: Arena Carioca 3

Competidores: 16

Favoritos ao ouro:  Kim Tae-Hun |  Farzan Ashourzadeh

Candidatos a medalha:  Rui Bragança |  César Rodríguez |  Si Mohamed Ketbi |  Levent Tuncat 

 Brasileiro: Venilton Teixeira 

A categoria mais baixa do masculino tem dois lutadores que possuem forte favoritismo, enquanto, abaixo deles, há um grupo com diversos competidores com condições de lutar por pódio. O sul-coreano Kim Tae-Hun e o iraniano Farzan Ashourzadeh são os atuais campeões mundiais das categorias que se fundiram na 58kg olímpica. No ciclo, o placar de duelos diretos entre Ashourzadeh e Kim está em 1 a 1. Cada um também levou uma etapa de Grand Prix na temporada 2015.

O mexicano César Rodríguez e o português Rui Bragança foram terceiro e quarto colocados, respectivamente, no ranking olímpicos. Bragança teve um título de Grand Prix em 2015, enquanto Rodríguez foi bronze no Grand Prix Finals da última temporada. O belga Si Mohamed Ketbi e o alemão Levent Tuncat são outros atletas perigosos que devem brigar forte por medalha.

O brasileiro Venilton Teixeira foi bronze na categoria 54kg do Mundial de 2015 e mostrou que possui potencial para surpreender, mas não não teve resultados expressivos a nível mundial desde então. O fator casa terá que jogar bastante a favor para que Venilton conquiste uma medalha inédita para o taekwondo masculino do Brasil.

Outros nomes que podem aparecer com força são o do espanhol Jesús Tortosa e o colombiano Óscar Muñoz (bronze em Londres).

-68kg Masculino

Data: 18/ago (preliminares, semifinais, repescagem e finais)

Sede: Arena Carioca 3

Competidores: 16

Favoritos ao ouro:  Lee Dae-Hoon |  Aleksey Denisenko |  Jaouad Achab |  Servet Tazegül

Candidatos a medalha:  Saúl Gutiérrez |  Joel González

 Brasileiro: Não tem

Uma das categorias mais difíceis de prever nos Jogos. Como destaques estão o sul-coreano Lee Dae-Hoon e o russo Aleksey Denisenko, que monopolizaram os títulos de Grand Prix nas últimas duas temporadas. Já o belga Jaouad Achab, com o título mundial de 2015 na categoria 63kg, terminou o ciclo como líder do ranking olímpico. Os três despontam com leve vantagem nos prognósticos.

Servet Tazegül, chamado de "Turco Louco", é o atual campeão mundial e olímpico na categoria 68kg, o que, por si só, já o credencia como um dos favoritos ao ouro no Rio. O ciclo do atleta foi irregular, o que ainda deixa uma dúvida. Provar que cresce em momentos decisivos, no entanto, Tazegül já provou.

Servet Tazegül, com golpes plásticos, é sinônimo de show no Taekwondo | Foto: Getty

O mexicano Saúl Gutiérrez foi campeão do Pan, vice mundial e duas vezes prata em etapas de Grand Prix em 2015. Por fim, o espanhol Joel González vem de um vice mundial na categoria 63kg e de um sexto lugar no ranking olímpico.

-80kg Masculino

Data: 19/ago (preliminares, semifinais, repescagem e finais)

Sede: Arena Carioca 3

Competidores: 16

Favoritos ao ouro:  Mehdi Khodabakhshi |  Aaron Cook 

Candidatos a medalha:  Lutalo Muhammad |  Albert Gaun |  Cheick Cissé

 Brasileiro: Não tem

Outra categoria com dois nomes que se destacam. O iraniano Mehdi Khodabakhshi vem de um título mundial em 2015 e de três títulos de Grand Prix nos últimos dois anos. No ranking olímpico, Khodabakhshi foi primeiro colocado, um pouco acima do britânico naturalizado moldavo Aaron Cook. 

Depois de ficar fora de Londres 2012 e brigar com a federação britânica, Cook foi bronze no Mundial de 2015. Nas duas últimas temporadas, o agora moldavo foi finalista em quatro das oito etapas de Grand Prix entre 2014 e 2015 e, ao lado de Khodabakhshi, é favorito para o ouro.

O britânico Lutalo Muhammad chega nos Jogos depois de vencer um duro ciclo dentro do taekwondo britânico. Bronze em Londres 2012, Muhammad foi campeão do Grand Prix Finals de 2015. Já o russo Albert Gaun venceu o Grand Prix Finals de 2014, foi bronze no Mundial de 2015 e quarto lugar no ranking olímpico. Por fim, o marfinense Cheick Cissé foi terceiro no ranking olímpico, além de ter chegado a duas finais de Grand Prix em 2015.

Olho também no norte-americano Steven López, que, aos 37 anos, conseguiu classificação para os Jogos. López é campeão olímpico de Sydney 2000 e Atenas 2004, além de deter seis títulos mundiais, sendo o primeiro dele em 1996.

+80kg Masculino

Data: 20/ago (preliminares, semifinais, repescagem e finais)

Sede: Arena Carioca 3

Competidores: 16

Favoritos ao ouro:  Dmitriy Shokin 

Candidatos a medalha:  Radik Isayev |  Sajjad Mardani |  Anthony Obame |  M'Bar N'Diaye |     Cha Dong-min

 Brasileiro: Maicon Andrade

O uzbeque Dmitriy Shokin não chega a ser imbatível, mas aparece como o principal nome da categoria, depois do título mundial e dois ouros de Grand Prix em 2015. O lutador também liderou com folga o ranking olímpico e é a aposta mais segura para o lugar mais alto do pódio no Rio.

Vindo do Azerbaijão, Radik Isayev conquistou o Mundial 2015 na categoria até 87kg e foi quarto no ranking olímpico. Além dele, os dois campeões do Grand Prix Finals das últimas temporadas, Cha Dong-min e Sajjad Mardani, devem brigar por pódio.

Anthony Obame, do Gabão, foi prata nos Jogos de Londres 2012 e sabe os caminhos de uma medalha olímpica. Além disso, o atleta foi bronze no último Mundial e levou uma etapa de Grand Prix em 2014. É um nome que pode aparecer nos Jogos. O francês M'Bar N'Diaye corre por fora, mas não surpreenderia se ficasse com um pódio.

Anthony Obame pode seguir fazendo história para o Gabão | Foto: Divulgação Londres 2012

O Brasil terá Maicon Andrade. Sem tanta experiência em grandes competições, Maicon tirou Guilherme Felix na seletiva brasileira. O lutador vai depender do chaveamento para tentar prosperar em uma categoria que não chega a ter "bicho papões".

-49kg Feminino

Data: 17/ago (preliminares, semifinais, repescagem e finais)

Sede: Arena Carioca 3

Competidoras: 16

Favorita ao ouro:  Wu Jingyu

Candidatas a medalha:  Lucija Zaninović |  Panipak Wongpattanakit |  Kim So-Hui |  Yasmina Aziez |  Tijana Bogdanović

 Brasileira: Iris Sing

A dona da categoria é a chinesa Wu Jingyu. Atual bicampeã olímpica, Jingyu foi vice no último Mundial, perdendo apenas para uma sul-coreana que não estará nos Jogos. No Grand Prix, a chinesa levou os últimos três títulos, o que mostra a forma da atleta para buscar o tri olímpico.

Aos 18 anos, a jovem tailandesa Panipak Wongpattanakit teve um 2015 forte, com um título mundial e duas medalhas em Grand Prix. A lutadora ficou com a segunda posição no ranking olímpico. Da Coreia do Sul vem Kim So-Hui, única fora Wu Jingyu a vencer uma etapa de Grand Prix na última temporada.

A croata Lucija Zaninović é outro nome forte. Bronze em Londres 2012, a lutadora venceu duas etapas do Grand Prix em 2014 e possui a experiência ao seu lado. As também europeias Yasmina Aziez e Tijana Bogdanović correm por fora, mas possuem resultados sólidos no ciclo.

A brasileira Iris Sing foi bronze no Mundial de 2015 na categoria até 46kg, mas parou por ali. Entre 2014 e 2015 não chegou a medalhar no Grand Prix e ainda vem de um retrospecto de dez derrotas nos últimos 11 confrontos diretos contra adversárias presentes nos Jogos. A medalha olímpica é possível, mas Iris terá que lutar mais do que lutou no ciclo todo.

-57kg Feminino

Data: 18/ago (preliminares, semifinais, repescagem e finais)

Sede: Arena Carioca 3

Competidoras: 16

Favoritas ao ouro:  Jade Jones |  Eva Calvo Gomez

Candidatas a medalha:  Hedaya Malak |  Mayu Hamada |  Ana Zaninović |  Nikita Glasnović

 Brasileira: Júlia Vasconcelos

Em uma categoria sem sul-coreana, a briga pelo ouro deve ficar entre duas europeias. A campeã olímpica e queridinha britânica Jade Jones agora, mais experiente, busca o bicampeonato. Jones foi campeã do Grand Prix Finals de 2014 e conquistou duas etapas de 2015, além de uma prata.

A espanhola Eva Calvo é outra que brigará forte pelo lugar mais alto do pódio. Depois de três títulos de Grand Prix e um vice em 2014, a espanhola obteve dois vices em 2015. No duelo direto, apesar de Jones ter vencido os dois confrontos mais recentes, Eva leva vantagem na contagem geral e sempre foi uma pedra no sapato da britânica. Ambas lideraram com folga o ranking olímpico.

Jade Jones mostrou no ciclo que o ouro em Londres não foi só fator casa | Foto: Getty

Um pouco abaixo está a japonesa Mayu Hamada, campeã mundial de 2015, mas que se limitou a três bronzes nas últimas duas temporadas de Grand Prix. A egípcia Hedaya Malak vem embalada por ter vencido o Grand Prix Finals de 2015 com vitórias sobre Jones e Calvo. Por fim, a sueca Nikita Glasnović e a croata Ana Zaninović correm por fora na briga por medalhas.

A brasileira Júlia Vasconcelos vai depender bastante do chaveamento para ter condições de avançar. A medalha é improvável.

-67kg Feminino

Data: 19/ago (preliminares, semifinais, repescagem e finais)

Sede: Arena Carioca 3

Competidoras: 16

Favoritas ao ouro:  Haby Niaré |  Chuang Chia-chia  |  Nur Tatar

Candidatas a medalha:  Oh Hye-ri |  Paige McPherson |  Anastasia Baryshnikova |  Elin Johansson

 Brasileira: Não tem

Em uma categoria bastante aberta, a francesa Haby Niaré, campeã mundial de 2013, vem de dois títulos no Grand Prix 2015 e ostentando a liderança do ranking olímpico. De Taipei, Chuang Chia-chia detém o título mundial de 2015 e a terceira posição do ranking, além de um título de Grand Prix de 2014. Já a turca Nur Tatar tenta quebrar uma sina de vice-campeonatos. A lutadora possui o vice-campeonato olímpico, mundial e das duas últimas etapas do Grand Prix, mas mostra regularidade.

Abaixo das três está a sul-coreana Oh Hye-ri, vencedora de uma etapa de Grand Prix em 2015, a medalhista olímpica e mundial Paige McPherson, a campeã dos Jogos Europeus Anastasia Baryshnikova e, por fim, a segunda colocada no ranking olímpico Elin Johansson.

+67kg Feminino

Data: 20/ago (preliminares, semifinais, repescagem e finais)

Sede: Arena Carioca 3

Competidoras: 16

Favoritas ao ouro:  Zheng Shuyin |  Bianca Walkden |  Jackie Galloway |  María Espinoza

Candidatas a medalha:  Milica Mandić |  Gwladys Épangue

 Brasileira: Não tem

Talvez a categoria mais forte e mais equilibrada do taekwondo olímpico. A chinesa Zheng Shuyin vem de um vice-campeonato mundial e de duas vitórias no Grand Prix 2015, quando apresentou um nível muito alto de luta. Bianca Walkden, campeã mundial, teve três pódios no Grand Prix 2015, enquanto a norte-americana Jackie Galloway, bronze mundial, venceu um Grand Prix em 2014 e um em 2015.

Fechando a lista de favoritas está a mexicana María Espinoza, campeã em Pequim 2008 e bronze em Londres 2012, que terminou o ranking olímpico na primeira posição. Aos 28 anos, venceu a disputa doméstica pela vaga com a forte Briseida Acosta.

María Espinoza chega com condições de buscar a terceira medalha olímpica

Um pouco abaixo das quatro, mas não menos perigosas, está a sérvia Milica Mandić, campeã olímpica de Londres 2012 e que venceu uma etapa de Grand Prix em 2014, mas não teve um 2015 inspirado. A francesa Gwladys Épangue, vice-campeã mundial em 2015, também deve incomodar.