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Montar uma seleção forte, comandada pelo melhor técnico do mundo.
Conseguir bons resultados, despertar a atenção do público e massificar o
esporte. Tudo isso usando os Jogos Olímpicos como trampolim. Esse é o
projeto do polo aquático brasileiro, que tem uma meta ambiciosa nos Jogos de 2016 e já sabe quem serão seus adversários na empreitada.
“O polo aquático veio para ficar”, afirma Ricardo Cabral, consultor
técnico do esporte na Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos
(CBDA). Com seu trabalho, o dirigente ajudou a seleção masculina a
surpreender nas últimas temporadas: terceiro lugar na Liga Mundial,
vitória sobre os campões Olímpicos e um jogador brasileiro eleito o
craque do melhor campeonato do mundo.
Afinal, como um esporte tão pouco divulgado no Brasil conseguiu
resultados tão expressivos? Aprendendo com os melhores do mundo. Ricardo
explica: “Convencemos nossos jogadores a atuar no Brasil e a defender
nossa seleção com condições que antes não oferecíamos”.
De fato, o número de jogadores de alto nível na seleção aumentou.
Carioca de nascimento, Felipe Perrone, eleito o melhor jogador do mundo
na Champions League europeia, defendeu a Espanha em Pequim 2008
e Londres 2012, mas decidiu voltar à terra natal para 2016. Paulo
Salemi e Adrià Delgado, italiano e espanhol, respectivamente, são filhos
de brasileiros e nascidos no exterior. Ives Alonso, cubano, casou-se
com uma brasileira e vive no Brasil desde então. Todos jogam pelo Brasil.
“Sempre tiveram vínculos muito forte com o Brasil e queriam defender a
seleção”, diz Ricardo. Há ainda dois talentos realmente importados para
fortalecer a equipe: o sérvio Slobodan Soro e o croata Josip Vrlic.
Mas por que defender uma seleção de pouca expressão mundial? A
resposta é simples: além de representar o Brasil nos Jogos em casa,
seriam comandados pelo melhor técnico do mundo, o croata Ratko Rudic.
“Em 2012 ele me disse de sua vontade de ajudar o polo a crescer em um
país onde não fosse muito praticado e de comandar uma equipe em que não
houvesse a pressão pela medalha de ouro. Parecia um sonho”, disse
Ricardo.
Não demorou para a CBDA começar a cumprir a série de exigências de
Rudic para comandar a seleção, como participar de um número mínimo de
competição de alto nível e ter jogadores atuando em grandes clubes.
Com o croata no comando, os resultados começaram a aparecer, e a
visibilidade na mídia já aumentou “em 200%”, de acordo com Ricardo.
“Todo dia tem imprensa atrás da gente”, comemora. Às vésperas dos Jogos
Olímpicos, o que preocupa o dirigente é a manutenção do plano após o Rio
2016. “Precisamos de verba para fazer tudo o que queremos, mas há
coisas que não dependem só da gente”, diz.
Ricardo só lamenta a dificuldade de massificar o polo aquático no
Brasil através das crianças. “Não é como o handebol ou o basquete.
Nossas escolas não têm piscina”, afirma. Ainda assim, aposta que o
sucesso da seleção possa ajudar a dar mais alguns passos em seu
“trabalho de formiguinha” para popularizar o esporte. “Há três anos, eu
diria que seria impossível uma medalha nos Jogos. Hoje, temos chance”,
comemora.
O polo aquático acontece entre os dias 6 a 20 de agosto nos Jogos
Olímpicos Rio 2016, no Estádio Aquático Olímpico (no Parque Olímpico da
Barra).
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