Foto: CPB |
Duas semanas após a inauguração oficial, o Centro de Treinamento
Paralímpico Brasileiro, em São Paulo, recebeu a seleção brasileira de
atletismo pela primeira vez. Depois dos primeiros metros corridos e dos
primeiros arremessos e lançamentos feitos na nova casa do esporte
paralímpico na segunda-feira (06), os atletas aprovaram a
estrutura e comemoraram a oportunidade de treinar no local antes dos
Jogos de 2016.
“Você já começa a ver o legado antes do Rio 2016. Os Jogos não
começam este ano, a preparação vem de muito antes. A minha desde 2013,
quando entrei no esporte paralímpico e vi que tinha chances de estar no
Rio. São três anos para correr 12 segundos. Agora, a gente tem esse
centro, que vai nos preparar muito bem e está dando um gás enorme. É uma
pista muito boa, tão rápida quanto a do Rio”, comparou a velocista
Verônica Hipólito, de 20 anos, uma das esperanças de medalha do país em
setembro.
“Este momento é emblemático. Marca o início de uma nova era para o
esporte paralímpico do Brasil. O centro traz uma estrutura que o
movimento paralímpico sonhava ter, mas via como muito difícil. Hoje os
atletas vivenciam essa realidade, onde o local de treinamento deles é
similar ao local em que eles vão competir nos Jogos. Isso é fundamental
tanto no aspecto técnico quanto no de motivação”, comentou Mizael
Conrado, vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).
Além da qualidade do equipamento – a pista recebeu a certificação
classe 1 da Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF,
em inglês) –, atletas e técnicos celebraram o ânimo que o local traz na
reta final da preparação para o Rio 2016.
“Foi um treino alegre e gratificante. Ter toda essa estrutura para a
gente é maravilhoso. Dá uma sensação de vitória, uma motivação a mais,
porque a hora está chegando”, disse Shirlene Coelho, medalha de ouro nos
Jogos Paralímpicos de Londres 2012 no lançamento de dardo. “O centro
vai nos ajudar muito. Toda essa galera que está treinando aqui vai
trazer muitas e muitas medalhas”, apostou.
“É bem emocionante. É uma pista muito boa, tem os melhores
equipamentos. Não tem nada igual você estar dentro de casa, no seu local
de treinamento, com a sua pista sendo uma das melhores. Isso motiva
qualquer atleta. É o sonho de todos estar aqui. Agora é só colher os
resultados do trabalho”, disse Silvânia Oliveira, eleita a melhor atleta
paralímpica de 2015 pelo CPB.
Fase de encantamento
Para o coordenador técnico do atletismo paralímpico, Ciro Winckler, o
momento é de aproveitar. “Os atletas estão na fase do encantamento.
Tudo é lindo e maravilhoso. Daqui a pouco vai deixar de ser bonito para
ser o lugar em que eles vão sofrer para melhorar a performance”,
brincou.
A inauguração do Centro representa a oportunidade de dar um novo
passo no cenário mundial na opinião de Winckler. Segundo ele, contar com
uma estrutura como essa é fundamental para alcançar os melhores do
mundo.
“Hoje é o ponto de diferença. A gente quer superar os países que
estão na nossa frente e todos têm um centro de treinamento. Éramos os
únicos no top 10 que não tínhamos um. Vamos poder entrar nesse cenário
de disputa com todas as ferramentas para que nossos atletas estejam de
igual para igual”, projetou.
Meta para o Rio 2016
Nos Jogos Paralímpicos, o Brasil espera conseguir entre 10 e 14
medalhas de ouro somente no atletismo. O objetivo é ficar entre os
quatro primeiros no quadro de medalhas da modalidade. Uma tarefa
possível, de acordo com Winckler, mas que não será fácil, dada a alta
competitividade de outros países no atletismo.
Hoje, o Brasil fica atrás de Rússia e China, as maiores potências do
atletismo paralímpico, e terá uma briga intensa para alcançar a meta
estabelecida. “Estamos brigando com Estados Unidos, Inglaterra,
Polônia, que está crescendo, e Ucrânia. Podemos ficar tanto em 3º quanto
em 7º, pois a briga será medalha a medalha com esses países”, disse
Winckler.
O grande trunfo do atletismo paralímpico do Brasil para chegar lá é a
aposta na diversidade. Atualmente, o país não conta apenas com os nomes
mais conhecidos e famosos para subir ao pódio, mas com uma equipe forte
em que todos os classificados chegarão ao Rio com chances de conquistar
medalhas.
“A meta sempre foi essa. A gente tinha Lucas (Prado) e Terezinha
(Guilhermina) e só eles ganhando. Estamos aumentando o número de
atletas. Agora já somos dependentes do grupo”, destacou o coordenador
técnico.
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