Quem passa na frente do campus da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) nem imagina que é ali, distante das estruturas esportivas
dos Parque Olímpicos da Barra da Tijuca e de Deodoro, que está em pleno
funcionamento um dos maiores legados do Rio 2016. Com alta segurança,
salas frias, profissionais altamente qualificados e parque tecnológico
de primeira, o Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD)
funciona como principal instrumento de combate à dopagem no esporte
nacional.
Na sexta-feira (29), as instalações receberam a visita de
correspondentes internacionais de jornais de vários países. Na
oportunidade, o ministro do Esporte substituto e secretário nacional da
Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), Marco Aurelio
Klein, falou sobre o papel da instalação para coibir fraude em
resultados esportivos.
"Falo com muito orgulho que temos um laboratório de 'cinema'. Para
nós do Ministério do Esporte, o laboratório é um dos mais palpáveis
legados dos Jogos, porque é um legado de estrutura, de equipamentos e de
qualificação profissional em todos os níveis", explicou.
Combater a dopagem no esporte é uma ação de política de Estado do
governo brasileiro. Klein ressaltou que o laboratório é uma estrutura
preparada para atender os desafios dos Jogos. "Estar aqui é uma
consolidação de um trabalho que começou em 2009, com o objetivo de
colocar o laboratório em condições de receber os Jogos Olímpicos e
Paralímpicos do Rio de Janeiro. E de, principalmente, estar preparado
para atender o enorme esforço da luta contra a dopagem no Brasil",
disse.
As novas instalações do LBCD receberam investimentos de R$ 151,3
milhões, sendo R$ 112,7 milhões do Ministério do Esporte e R$ 38,5
milhões do Ministério da Educação (MEC), somando obras e projetos. Para a
compra de novos equipamentos, materiais, insumos, mobiliário e
operação, foram destinados R$ 74,6 milhões (R$ 60 milhões do Ministério
do Esporte e R$ 14,6 milhões do MEC).
Segundo Marco Aurelio Klein, tratar o combate de dopagem no esporte
como uma política de Estado é possível apenas com uma autoridade de
controle forte, estabelecida, apoiada pelo governo federal e bem aceita
pela comunidade esportiva.
O professor Francisco Radler, coordenador do LBCD, frisou que o
laboratório está com todas as condições necessárias para atender as
necessidades do controle dos Jogos Rio 2016. "Temos uma estrutura de
laboratório com instrumentos de última geração. Temos o melhor da
tecnologia de detecção de substâncias dopantes, e assim podemos afirmar
que não existe outro lugar que tenha a quantidade e a qualidade de
equipamentos que tem este laboratório", acentuou.
Além de atender o Brasil, que tem dimensões continentais, a estrutura
é importante para os países vizinhos que não contam com condição igual
para coibir a dopagem no esporte. "Existe uma expectativa que este
laboratório tenha um impacto grande nesta região do continente. Países
vizinhos como Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile, por exemplo, não têm
um laboratório acreditado. A estrutura do LBCD pode ser utilizada por
eles e ainda compartilhar o trabalho que está sendo feito pela ABCD com
os países-irmãos vizinhos", lembrou Klein.
Contar com um laboratório dentro do país beneficia tanto as
autoridades de controle quanto aos atletas nacionais. "Ter no país um
laboratório garante ao atleta que tenha um resultado adverso o direito
de pedir a amostra B para ser apresentada e estar presente no
laboratório e ser recebido", explicou o ministro.
Ele falou também sobre a dificuldade enfrentada pelo país no período
em que ficou sem a instalação. "Os meus colegas das outras organizações
nacionais antidopagem com quem nos relacionamos e que não têm um
laboratório em seu próprio país têm uma vida muito difícil. No período
em que ficamos na transição para o novo laboratório precisávamos enviar
as nossas amostras para fora. Durante um tempo usando os laboratórios de
Portugal e Barcelona, porque temos acordo de cooperação", destacou.
Osquel Barroso, Thierry Boghosian e Peter Van Eenoo, representantes
da Agência Mundial Antidopagem (Wada, na sigla em inglês), fizeram
durante esta semana a última auditoria dos procedimentos para os Jogos
Olímpicos e Paralímpicos no laboratório. Desde a reacreditação, a Wada
promove regularmente auditorias de acompanhamento dos trabalhos do LBCD.
Foto: Ministério do Esporte
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