A seleção masculina de basquete dos Estados Unidos, o jamaicano
Usain Bolt nos 100m e 200m do atletismo e a seleção brasileira de
futebol de cinco: não há como deixar o time de Ricardinho e companhia
fora da lista dos maiores favoritos dos Jogos Rio 2016. Assim como os
astros olímpicos, a equipe nacional da modalidade paralímpica tem
retrospecto impressionante. Além de contar com Ricardinho, eleito o
melhor jogador do mundo na modalidade, o Brasil não perde um título há
mais de nove anos.
A última derrota da seleção foi em 2006, para a Argentina, na final
do Mundial disputado na casa dos hermanos. De lá para cá, medalhas de
ouro nas Paralimpíadas de Pequim-2008 e Londres-2012; primeiro lugar nos
Mundiais de 2010 e 2014; e ouro nos Parapans de 2007, 2011 e 2015. O
desafio, agora, é estender a invencibilidade e incluir na coleção o ouro
nos Jogos do Rio. A receita, segundo Ricardinho, é manter a humildade e
buscar melhorar sempre.
“Temos tido um desempenho bastante satisfatório, mas temos uma meta
bastante difícil, de vencer no Rio. Temos que melhorar o nosso nível
para continuar vencendo e melhorar o nosso futebol, desenvolver novas
jogadas e estratégias. Por isso que a gente está treinando forte, com
pés no chão, humildade e dedicação. Eu acho que esse conjunto de fatores
vai nos ajudar a conseguir mais um ouro”, afirma.
A chance de participar de uma Paralimpíada em casa enche Ricardinho
de ansiedade e confiança. “Eu como atleta tenho certeza de que não vou
ter oportunidade de disputar outra Paralimpíada em casa, então quero
fazer o máximo e ser campeão, quero ajudar o Brasil. Todas as forças vão
ser para essa competição. E sei que vai dar certo porque o trabalho,
quando começa certo, termina correto. Vamos ter êxito, podem confiar”,
diz.
Ciclos
Com vaga garantida por ser o país-sede e o campeão mundial de 2014, o
Brasil se prepara para os Jogos dentro de um planejamento de longo
prazo. “São três ciclos: um maior de oito anos, um menor de quatro,
voltado para a seleção adulta, e os miniciclos que vão sendo alinhados
conforme os campeonatos. Então a gente está no quarto miniciclo dentro
desses quatro anos. Desde em novembro (de 2015) já tivemos o treinamento
da parte física, e agora a gente começa este ano a trabalhar a parte
técnica”, explica Sandro Laina, presidente da Confederação Brasileira de
Desportos de Deficientes Visuais (CBDV).
O planejamento inclui a disputa de torneios no exterior. “Estamos
indo para a China em março, depois temos torneio no Rio, no fim de maio,
e temos a possibilidade de um torneio na Turquia que ainda não está
confirmado, em julho. Temos uma equipe técnica muito boa, grandes nomes
na fisiologia, na parte médica, auxiliares técnicos. O que nos resta
enquanto CBDV é propiciar esse planejamento para que esse time entregue o
melhor resultado possível dentro de campo”, diz Laina, ex-jogador e
ex-capitão da seleção brasileira de futebol de cinco.
Campeão paralímpico em Atenas-2004 e Pequim-2008, ele percebe os
Jogos do Rio como um sonho realizado, embora dessa vez não vá participar
como atleta. “Continuo contribuindo e fico feliz, mesmo aqui do outro
lado. Para mim é uma emoção grande receber as equipes aqui, disputar um
campeonato, e se Deus quiser ser campeão aqui dentro. Sei que cada um
dos atletas vai se entregar ao máximo, porque assim como para mim é uma
emoção, para eles dentro de campo é uma emoção dobrada”, conta.
Sandro acredita que os Jogos do Rio serão fundamentais para o
desenvolvimento e a popularização do esporte paralímpico no Brasil.
“Estou convicto disso. Tenho certeza de que esse era o patamar, o degrau
que a gente precisava para alavancar de vez o esporte paralímpico no
Brasil. A gente já tem os resultados e precisávamos de um exemplo grande
para ganhar de vez a confiança e o coração da torcida brasileira”,
resume.
Foto: CPB
0 Comentários