O ano de 2015 foi atípico para a natação brasileira. Com a disputa
dos Jogos Pan-Americanos, em Toronto, do Mundial de Esportes Aquáticos, em Kazan e do Mundial
Júnior, em Cingapura, o planejamento foi mais complicado do que o
normal. Ainda assim, os resultados alcançados deixaram os técnicos da
seleção brasileira otimistas para os Jogos Olímpicos de 2016.
Fernando Vanzella, treinador da seleção feminina, e Alberto Silva,
técnico da masculina, estiveram em Brasília na sexta-feira (09)
com atletas como Thiago Pereira, Felipe França e Brandonn Almeida para
receber uma homenagem dos Correios. Após o evento, eles falaram sobre o
momento das equipes e da expectativa para o próximo ano.
Segundo Vanzella, a natação feminina do país vive sua melhor fase,
fruto de um planejamento feito a partir dos Jogos de Londres 2012. “Em
2012 não estivemos em nenhuma final e fizemos um projeto para retomar a
natação feminina. O ano de 2015 foi importante por que conseguimos
alcançar resultados significativos”, afirmou ele, citando a inédita
medalha de ouro de Etiene Medeiros no Pan e a classificação dos
revezamentos 4x100m e 4x200m livre para o Rio 2016.
As conquistas recentes credenciam as brasileiras a uma melhor
participação nos Jogos Olímpicos e trazem até um pouco de pressão para
as nadadoras. “Elas passam a ter uma responsabilidade agora. É um novo
desafio para a gente. Sabemos que terá pressão nos Jogos e elas estão
vindo com essa possibilidade de disputar de igual para igual em algumas
provas”, diz Vanzella.
Para o treinador, as maiores chances do país subir ao pódio são com
Etiene Medeiros, nos 50m livre e nos 100m costas, e com o revezamento
dos 4x100m livre, que detém o atual sétimo melhor tempo do mundo.
“Seriam as duas principais frentes, mas tem um segundo grupo com atletas
novas e experientes, como a Joanna Maranhão, que vem numa tomada muito
boa e pode surpreender de forma positiva”, aposta.
No masculino, aposta é em equipe forte
Já para Alberto Silva, técnico da seleção masculina, o principal
legado dos últimos anos para a natação é a formação de um grupo com
capacidade de alcançar bons resultados. “Se a gente tinha em outras
gerações um, dois atletas com chances de final, esse número já aumentou e
vem crescendo a cada edição dos Jogos. Temos um leque maior de
atletas”, diz.
Prova disso veio no Mundial de Kazan, onde a equipe dos 4x100m livre
chegou à final com o segundo melhor tempo e acabou na quarta posição,
muito próximo do pódio. Isso sem contar com a presença de Cesar Cielo,
principal nome do país na prova. “Um ano atrás a gente nem sonhava em
fazer uma final e disputar uma medalha sem o Cielo no time”, admite
Silva, dizendo que o objetivo para 2016 é estar no maior número de
finais da história do país.
De acordo com o treinador, o objetivo até o Rio 2016 é manter o
trabalho que vem sendo feito, sem inventar. Um dos maiores desafios,
para ele, será o horário das provas, que terá eliminatórias às 13h e
finais depois da 0h. “Vai ter gente caindo na água perto de 1h da
manhã”, afirma, dizendo que a comissão técnica já está trabalhando para
minimizar as dificuldades dos nadadores.
“Por enquanto, o que a gente tem é muita informação e muitas ideias.
Temos uma reunião marcada com pessoas ligadas às áreas médica e
científica para a gente poder trocar ideias e ver o que é melhor. É uma
preocupação que temos para que nossos atletas não sintam tanto. Estamos
fazendo um estudo para determinar em quais atletas os efeitos são mais
evidentes e prejudicam mais”, detalhou Silva.
Vencidas as dificuldades, Alberto acredita que o fato de os atletas
nadarem em casa no ano que vem será positivo e pode ajudar nos
resultados dentro da piscina. “A torcida vai emocionar, mas vai
funcionar a favor. Já vimos isso acontecer em outros países que foram
sede”, opina.
Foto: Getty Images
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